Com a chuva de quinta e sexta-feira da semana passada, existiam condições ideais para tentar a sorte nalgumas das zonas mais remotas do Gerês. Para tal, idealizei um plano de pesca que passava por Salamonde, Cabril e Alto Cávado. A zona de Salamonde e do Cabril estavam reservadas para a parte da manhã, enquanto o troço do Alto Cávado entre a Barragem de Paradela e a de Sezelhe ficou para a parte da tarde. A digressão iria também permitir-me apurar qual o estado das albufeiras da zona, já a pensar na abertura desta semana.
Cheguei ao muro de Salamonde às 7h30 e era provavelmente o único pescador na área. O plano era tentar chegar às entradas das linhas de água nas margens esquerda e direita e bater as áreas nas proximidades dessas linhas de água para montante e para jusante. Os iscos previstos eram o X-Rap de 8 cm cor TR e o rapala CD-5 Gold. O que parecia um plano interessante foi rápidamente sabotado por duas circunstâncias. Primeiro, pelo alto nível da albufeira da Barragem de Salamonde que tornava o acesso e deslocação bastante dificil em alguns locais, especialmente na margem esquerda. Segundo, pela entrada de um sol radiante às 9 horas que aumentava claramente a visibilidade das trutas, especialmente nas margens mais inclinadas. Após investir cerca de 2h30 neste plano, tive que o abandonar, pois nem uma truta vi atrás da amostra. A barragem parecia que não tinha peixe :).
Perante esta primeira tentativa falhada, resolvi avançar para a zona do Cabril. Chegado à confluência do rio Cabril com a Barragem verifiquei que a densidade de pescadores era elevada. Num troço de 1 km, visualizei cerca de 15 carros. Perante isto, nem parei e arranquei directo para a entrada do Rio Cávado na Barragem de Salamonde (junto à estação de produção de energia). Nesse local, o rio apresentava uma boa corrente para o spinning, mas a água estava com um tom esverdeado. Era água do degelo do Gerês e as trutas deviam estar com a boca cosida. Apesar da dificuldade de pescar nas margens para jusante, realizei uma boa dúzia de lançamentos com o rapala e ainda tive oportunidade de ver pelo menos duas trutas a seguir à amostra. Mas só a seguir e mantendo sempre distância de segurança!
Perante este cenário, resolvi almoçar e mudar para a zona da Barragem de Paradela do Rio, onde sabia que existiam alguns pontos quentes no rio Cávado. Depois de tirar algumas fotos junto ao muro, resolvi atacar um troço do Cávado a montante da Barragem de Paradela. Já conhecia este troço de expedições passadas e sabia que existiam boas trutas nos poços, nas quedas de água e nas correntes profundas. Mal cheguei ao local, verifiquei que já lá estava um carro e observei que estavam dois pescadores à minhoca no rio. Nada de problemático. Havia que galgar algum terreno para entrar na zona mais dificil de andar, mas também na mais produtiva.
Primeiro lançamento com o rapala cd-5 deu logo esta pequena beleza que está na foto abaixo. Picou com tal força que saltou fora de água e caiu em terra. Nem foi preciso descravar, bastou apanhar e devolver à àgua. Depois foi um show de picadelas em 900 metros de rio. Tudo em sequências de poços e quedas de água. Nalguns poços cheguei a levar 10 toques sem cravar nenhuma truta. O rapala não tinha mãos a medir e os anzóis deixaram muito a desejar. Quer na versão cd-3, quer na cd-5, foi um ver se te avias a deixar fugir trutas palmeiras de todas maneiras possíveis e imaginárias. Os vmc que equipam estas amostras (rapalas cd 3 e 5) não estão minimamente adequados para cravar trutas, especialmente quando o rapala é trabalhado para montante. A falta de tensão na linha reduz ainda mais a sua eficácia.
Enfim, no global, até não fiquei muito aborrecido, pois quase todas as trutas teriam que ser devolvidas à água de qualquer forma. A pescaria nesse aspecto correu bem, mas foi curta, porque rápidamente cheguei a uma área intransponível. Nestes locais ermos e com caudais razoáveis no rio, as trutas estão bem guardadas. O verdadeiro prazer da pesca nestas paragens vem sobretudo do ar puro e das paisagens intocadas e espectaculares. Fiquei sobretudo impressionado com o lindo manto branco nos picos do Gerês. É daqueles locais onde regresso todos os anos!
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