Abertura Gerês 2010 – Paradela do Rio …

Abertura Gerês 2010 – Paradela do Rio …


Tinha chegado o dia 1 de Abril de 2010. Dia de mentiras para uns, dia de grandes emoções de pesca para outros! Eram 5h40 da manhã quando eu e o meu grande amigo Engº José Pintalhão arrancamos da Maia. Com o ânimo relativamente em baixo, devido ao alto nível das albufeiras e à incerteza das condições meteorológicas, lá fomos afastando os maus presságios durante o caminho com histórias de sucessos passados.

Por entre algumas destas histórias, foi-se também delineando o plano para atacar uma das Barragens mais belas do Gerês: Paradela do Rio. Encravada entre os picos do Gerês e as colinas do Cávado, esta Barragem tem uma paisagem verdadeiramente espectacular e trutas bravissimas de alta qualidade. Já por duas vezes enchi o cesto em Paradela do Rio e uma das vezes tirei um lindo troféu macho de 2,8 kg. Uma daquelas trutas negras bulldog que só se vêem nos filmes! Portanto, é daqueles locais miticos que sempre figura como opção principal para a abertura, isto independentemente de Pisões estar inundada de trutas arco-íris.

O plano para atacar Paradela era muito simples: entrar no troço com maior potencial para se pescar de forma contínua ao longo da margem. Como já tinha estado em Paradela no Sábado passado, a escolha foi fácil. Iriamos pescar na margem esquerda, tentando cobrir o máximo de entradas de linhas de água. O único obstáculo que poderiamos encontrar seria o elevado número de pescadores que muitas vezes acodem a Paradela.

Chegámos a Paradela eram 7h20. Visualizamos as primeiras fogueiras a arder ao longo das margens. Meia dúzia de viciados que chegaram muito cedo e que já não se aguentavam com o frio! Ah, vicio! Paramos o carro num caminho de acesso à barragem, preparamos o material e comemos o primeiro petisco do dia. O frio lá estava a marcar presença e portanto começamos a pescar assim que possível.

Descemos à Barragem e o primeiro lançamento foi na entrada de uma linha de água que escorria de uns lameiros. Com minhocas e outra bicharada a ser levada pela água, certamente que as trutas não deviam estar muito longe. A compor  o bom ambiente para elas, tinhamos várias árvores e ramalhos dentro de água. Sou o primeiro a chegar ao local, equipado com 0,18 (ainda da Falcon) e rapala CD-5 Gold. O primeiro lançamento sai mesmo para a entrada da linha de água. Primeiros toques no rapala e vejo o primeiro lombo prateado a virar dentro de água. Truta de bom tamanho a cheirar a amostra. Segundo lançamento. A truta aparece novamente, avança atrás do rapala e ataca. Tento cravar, mas solta-se. Os triplos não funcionaram!  Fiquei logo nas horas, e preparei-me imediatamente para mudar de amostra. Entretanto, chega o amigo José Pintalhão e digo-lhe para lançar no mesmo sítio com colher. A truta continuava a seguir a amostra, mas nada. Andou nesta brincadeira durante um bom bocado. Só ao 10º ou 11º lançamento é que atacou e desta vez foi de vez! Depois de alguma luta em zona de ramalhos, lá se conseguiu tirar a truta. Estavam abertas as hostilidades com o grande Engº José Pintalhão a salvar a honra da pátria. Uma captura para a história!

Após este primeiro sucesso, ainda voltamos a insistir no mesmo local e consegui ver outra truta atrás da amostra, mas sem vontade de morder. Como era muito mais pequena, resolvemos não perder muito tempo no mesmo sítio. Era altura de começar a bater as margens da barragem para montante. Durante 1 hora e meia, fomos lançando, caminhando e trocando iscos. Tentei de tudo, desde Mepps Aglias, a X-Rap e a colheres ondulantes, mas nada mexeu. Entretanto, fomos chegando a uma zona de areia que normalmente costuma ser produtiva. Depois de tanto trocar de isco, já tinha voltado ao rapala CD-5 Gold. Lá fiz um lançamento longo para a entrada do areal, deixei o isco afundar durante um minuto e comecei a recuperar a linha. Para meu espanto, quando começo a sentir tensão na linha, vejo que a mesma se desloca. Tinha truta presa! Mesmo sem pôr o isco a nadar, a truta cravou-se! Era uma truta de 33 cm. Lá deu uma luta razoável, mas como estava em zona de areia, a dificuldade na captura não foi muito elevada. Tinha realizado a minha primeira captura e ainda por cima de uma truta com uns tons prateados espectaculares.

Animado por este primeiro sucesso, a pesca ganhou outro ânimo. Fui tentando fazer com que o rapala afundasse o máximo, pois as trutas deviam estar próximas do fundo e sem vontade de se mexerem muito. Passado 100 metros e noutra baía de areia, adopto a mesma técnica. À medida que vou recuperando sinto um leve toque e uma truta endiabrada a seguir o rapala até à margem. Mal vislumbro isto, fico com a adrenalina ao máximo e resolvo parar o rapala aos meus pés, em 10 cm de água. A truta mesmo assim vem até aos mesmos pés e morde levemente o rapala, virando as costas e voltando para a Barragem rápidamente. Perante isto, torno a lançar para o mesmo sítio e desta vez, quando o rapala está a cerca de 10 metros da margem sinto uma pancada forte e cravo a truta. A mesma truta! Começa a lutar com força, salta fora de água, tenta fugir para uns ramalhos, mas lá a consigo controlar. Que linda truta castanha com quase 30 cm.

Após a segunda captura, entramos numa zona de mato mais espesso e a pesca tornou-se mais dificil. O único sitio de registo foi uma baía cheia de árvores dentro de água. Aí conseguir fazer a minha terceira truta. Depois de um lançamento em diagonal para dentro da baía, sinto um toque forte e depois uma truta a fazer uma força enorme e a enrodilhar-me o fio nos ramos das árvores. Combati as intenções da truta com alguma calma e após 2 minutos consigo tirá-la com o meu camaroeiro, pois o local não permitia muitas brincadeiras. E os triplos do rapala também não!

Com estas boas capturas tinhamos chegado ao meio dia e estavamos perante a entrada de um ribeiro completamente desimpedida. Os pescadores de minhoca que ali tinham estado durante a manhã levantaram ferro quando entrou um vento gelado pelo vale. Portanto, o ruído nas margens não tinha sido muito e provavelmente algumas trutas deviam estar ainda nos locais de alimentação. Resolvemos avançar directamente para a entrada do ribeiro na barragem e depois bater os primeiros 200 metros para jusante. Claramente uma boa aposta para preencher os últimos minutos antes do almoço.

Nos 30 minutos de pesca que se seguiram, perdi três trutas de bom tamanho à saída do ribeiro e de outras pequenas linhas de água. Uma delas tinha mais 700 gm e ainda deu 20 segundos de combate, antes dos triplos do rapala deixarem os seus créditos por mãos alheias. Só o Engº José Pintalhão conseguiu tirar uma boa truta com um rapala floating cor TR de 5 cm.

Mais uma vez tive a confirmação clara de que os triplos que equipam os rapalas CD-5 valem pouco dinheiro. Em termos de cravar e lutar com trutas, têm prestações fraquissimas. Este ano, e com base na minha experiência, mais de metade das trutas que picaram no CD-5 (e não foram poucas) foram perdidas ingloriamente por causa dos anzóis. Não percebo como é que algumas lojas podem pedir €10 por uma amostra que tem uma performance tão fraca em termos triplos. Simplesmente não se admite! É vergonhoso! Só espero que alguém da Normark ou da Rapala leia isto e resolva introduzir alterações o mais rápidamente a este nível. Porque é que hei-de andar eu a trocar os triplos, quando paguei €10 por uma amostra?

Após o almoço e o cafézito da ordem, ainda resolvemos bater uma área de penedos junto à saída de um ribeiro na margem direita. Já era mais uma desculpa para desfrutar do ar puro e da panorâmica de Paradela do que para pescar. Efectivamente, só levei dois toques (um bem forte) que não tiveram sucesso com o CD-5. Mais uma vez! 

O dia estava feito e a abertura tinha sido cumprida em pleno. Ainda ligamos para Pisões e os resultados estavam muito áquem do ano passado. Tinhamos feito uma boa escolha e tinhamos desfrutado de um grande dia de pesca, cheio de aventuras! Pura beleza!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.