Trutas do Neiva em Ponte de Anhel.

Trutas do Neiva em Ponte de Anhel.


Tal como previsto, resolvi reservar o Sábado para pescar às trutas em Ponte de Anhel. Da parte da tarde já tinha um compromisso agendado, portanto a pescaria iria ficar reduzida só à parte da manhã. Cheguei ao local por volta das 7h30 e depois de uma breve verificação das condições do rio e das redondezas, verifiquei ser o único pescador na área. O dia estava muito claro e quente, apontando para condições de pesca relativamente dificeis.

Preparei o material de light spinning e comecei a bater o troço para montante de Ponte de Anhel. A combinação de uma densa cobertura vegetal e de margens altas e inclinadas colocavam a fasquia de dificuldade nos lançamentos a um nível elevado. Nalgumas áreas, as margens eram de tal forma impossiveis que eu vi-me obrigado a avançar 200 ou 300 metros sem pescar ou a tentar mudar de margem. Neste tipo de cenário e para maximizar as minhas hipóteses, fui tentando procurar todos os buracos por onde pudesse lançar. Aproveitei-os ao máximo e procurei sempre posicionar-me a mais de 2 ou 3 metros da margem. A minha preocupação fundamental, não era a precisão dos lançamentos, mas sim evitar que as trutas me visualizassem.

Os primeiros lançamentos sairam no troço imediatamente a montante da Ponte de Anhel, mas nada picou. Vi algumas pequenas trutas atrás da colher, mas notou-se que aquelas já tinham visto a sua quota de pescadores. Lentamente, fui-me deslocando para montante e começaram a surgir os primeiros sinais de actividade. Levei um toque de uma boa truta à saída de uma pequena corrente e comecei a vê-las a correr com força atrás da amostra. Numa entrada de um pequeno rego de água no Neiva, vejo a primeira boa truta com cerca de 29 cm. Em vez de atacar, fugiu da amostra.

Depois de trilhar a margem direita durante mais de 500 metros cheguei a um pequeno açude junto a uma ponte e um moínho (foto de capa). Parecia o local ideal para um bom exemplar. Primeiro, pesquei abaixo do açude sem grande sucesso. Depois, avancei para a parte superior. No primeiro lançamento, levo um toque de uma pequena truta. Não fica! Continuei a insistir, avançando ligeiramente para montante. Consigo mexer um bom cardume de escalos, mas sem grandes resultados. Já no último folêgo, realizo um lançamento a cruzar o açude que permite uma recuperação quase junto ao muro do mesmo. Quando a colher se aproxima da queda de água, sinto um forte puxão e vejo uma boa truta a saltar fora de água. Sem mais, procuro contrariar os seus intentos de avançar para a queda de água e com calma conduzo-a para um local mais limpo. Tiro o camaroeiro e em cerca de um minuto consigo levar a captura a bom termo. Tinha capturado uma bela truta do Neiva com 25 cm. Um excelente exemplar com algumas pintas vermelhas e pretas bem definidas e espalhadas pelo corpo. 

Após 1h30 de pesca, o dia começou a correr bem. Com o sol a colocar a minha sombra na água, tive que mudar de margem e comecei a concentrar-me no aproveitamento das correntes mais fundas. Desde o açude até à ponte da A3, consegui capturar 3 trutas. Todas elas sem a medida e todas elas devolvidas á água imediatamente. O terreno começou a tornar-se mais dificil e as trutas estavam menos picadas. Possivelmente o reflexo de uma menor pressão de pesca. Aliás, tive a oportunidade de visualizar 3 ou 4 bons exemplares a seguir a amostra, mas a uma distância de segurança.

Continuando a avançar lentamente, cheguei a uma nova ponte sobre o rio num local onde existia um bom açude. Realizei várias tentativas no açude e cheguei a ter uma truta de 22 cm cravada que conseguiu soltar-se da colher, após um salto fora de água. Logo a seguir ao açude, entrei numa corrente e aí consegui capturar uma truta sem a medida.  Já estava muito perto das 12 horas e comecei a pensar em mudar de rumo. Num último esforço, resolvi lançar numa corrente profunda que vinha terminar num pequeno areal na minha margem. Posicionei-me a 3 metros da margem e realizei o lançamento para montante (cerca de 12 metros). Comecei a recuperar com calma, mantendo sempre a colher a rodar. Quando a colher estava para sair fora de água, sinto um puxão violento e uma truta a saltar continuamente fora de água. Era um bom peixe e eu estava numa margem inclinada. Deixei-a dar os primeiros arranques e com calma fui tentando controlá-la dentro dos limites do 0,12. A truta foi estabilizando e mal consegui apanhá-la com a cabeça fora de água, levantei-a para a margem. Que lindo peixe (ver foto) … Que grande pintas vermelhas … Pura beleza 🙂

Com este lindo exemplar, fiquei totalmente satisfeito. O calor começou a apertar e ainda tinha que viajar para a zona do Tua, onde iria me juntar a meia dúzia de amigos para uma jornada aos barbos. A minha tarefa em Ponte de Anhel estava terminada e proporcionou-me grandes emoções. Valeu a pena voltar a este local especial para a pesca à truta!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.