Sáveis no Lima ao light spinning …

Sáveis no Lima ao light spinning …




Sábado, dia 19 de Junho de 2010. Mais uma vez sem grande inspiração e sem grande rumo, resolvi avançar para o rio Lima, algures para montante de Ponte de Lima. Clima quente e céus abertos acabam por não ser os melhores cenários para grandes planos antecipados e portanto resolvi tomar decisões enquanto estava a fazer a A28 do Porto para Viana do Castelo. Com o avançar da temporada, antecipava que a Barragem de Touvedo estivesse com descargas mais baixas e finalmente as trutas estivessem ao alcance dos meus lançamentos. Isto na teoria, claro. Na prática, não sabia muito bem o que esperar. Portanto, enquanto ia conduzindo aproveitava para fazer contas à vida.

Cheguei ao local de pesca, por volta das 8h00. Parei o carro na margem direita e verifiquei que já tinha companhia, pois estavam dois pescadores aos barbos e bogas no centro do rio. O troço era bastante propicio para a pesca com uma boa sequência de correntes, localizadas a montante de um açude de várias centenas de metros. Uma típica zona de pesca profissional de lampreia e sável, onde os desportivos mais avisados sabem que podem sempre tentar a sua sorte.

Preparei o material rápidamente e dirigi-me às primeiras correntes. Linha 0,12 e rapala CD-3 Silver. Começaram os primeiros lançamento e vi os primeiros barbos e escalos a mexerem-se frenéticamente. Bom sinal. Podia ser que houvesse sorte! Entrei a um pequeno poço com fundo de areia e vi um bom cardume de barbos a montante. Tudo peixes entre 1 e 3kg. Lancei o rapala para o meio do cardume. Agitação, cada um para o seu lado, primeira sacudidela no rapala e há um barbo de cerca de 1,5kg que se aponta à amostra. Rápidamente avança e abre a boca. Consigo cravar e o barbo arranca como uma flecha e rebenta a linha 0,12 como se fosse fio de coser. Bonito serviço! Linha já roçada e, sobretudo o travão pouco afinado. Nada a dizer!

Depois deste desaire, voltei a insistir, mas nada. Já estavam avisados. Fui avançando para montante e continuei com outro peixe artificial: rapala CD-5 da mesma cor do anterior. Passados 20 minutos, entrei num açude com dois poços bastante fundos separados por uma corrente e por uma entrada de uma linha de água. Viam-se vários peixes a mosquear; sobretudo escalos e trutas pequenas. Apesar de insistir no rapala não estava a ter resultados. O dia estava claro e a temperatura estava quente. Estava a pescar de forma pesada e não me parecia que as trutas quisessem aquilo que eu lhes estava a oferecer! Ainda tentei o salmo no primeiro poço, mas nada.

Com este panorama, meti a Mepps Aglia nº1 pintas vermelhas. Entrei ao 2º poço e vejo uma truta a mosquear na margem onde me encontrava. De repente, não era só uma, eram duas ou três. Lançamento para lá, e uma das trutas ataca como um raio. Crava-se e rápidamente é trazida à minha mão. Era uma bela truta, mas infelizmente não tinha a medida. Assim, depois de uma foto (capa), foi rápidamente devolvida à água.

Bem, pelo menos já tinha sentido o prazer uma breve luta. Resolvi continuar ao longo da margem e bater o poço a milimetro, avançando lentamente no sentido da corrente profunda e da queda de água. Fui vendo algumas pequenas trutas, mas não picavam. Estavam interessadas nalguns insectos que deambulavam perto da superficie. E assim foi até chegar à queda de água …

Na queda de água, vejo uma truta de bom tamanho a olhar para mim. Mal lanço para lá, desaparece. Assim, sim 🙂 Entretanto, resolvo lançar para um espaço morto entre duas correntes. A amostra cai, levo uma pancada, cravo e vejo um bom peixe (superior a meio kilo) a saltar fora de água. Pensei … temos marisca! O carreto começa a dar fio, controlo com calma e não noto muita força. O peixe está a nadar e parece relativamente controlado. Estranha truta! Tão estranha era que quando chega perto de mim a amostra descrava-se. Que chatice! O dia estava mesmo a correr mal. Assim não! Ainda tentei mais alguns lançamentos na mesma zona e no açude por cima da queda de água, mas estava sem muito alento. A minha confiança tinha sido afectada, pois tinha tido duas boas oportunidades para realizar excelentes capturas e nada.

Neste estado de espirito, resolvi realizar o caminho de volta ao carro. Sem hesitar, voltei para trás e quando cheguei perto do carro e das correntes, lembrei-me do barbo que me fugiu. Lá estavam os seus companheiros! Resolvi insistir. Mesmo com colher, podia ser que mexessem. E mexeram, mas cravar é que nada. Fui insistindo em lançamentos cada vez mais longos. Finalmente num lançamento mais longo, levo uma boa cravadela e vejo um excelente peixe a cabecear e a saltar fora de água. Prateado, mas sem a força de uma truta. O que seria? Foi dando alguma luta e deixando-se arrastar. De vez em quando saltava fora de água. Fui aproximando … e … era um sável! Oh, maravilha! Com 0,12 e algas na água, vi-me e desejei-me para conseguir por o peixe ao alcance do camaroeiro. Ele bem se tentou enrodilhar nas algas, mas estava bem cravado. Finalmente, e depois de 3 minutos, consegui pô-lo a jeito e para dentro da rede do camaroeiro! Que lindo exemplar com 46 cm. Um bonito sável do Lima (foto abaixo).

Fiquei enormemente satisfeito com esta captura e ganhei ânimo redobrado. Era a primeira vez que capturava um sável à colher … e no Lima. E depois, aquele tipo de luta … será que o peixe que me tinha fugido no poço também era um sável? Normalmente, eles costumam subir o rio em cardume. Será que havia mais?

Insisti no mesmo local durante 20 minutos e lá estavam mais alguns. Levei pelo menos 5 toques, vi-os a tentar afastar a amostra com o lombo e com a boca, mas não os consegui cravar. Um deles pareceu-me muito maior do que aquele que capturei. A boca muito fina e relativamente frágil não ajudava a cravar.

Depois de insistir continuamente, dexei de os ver. Possivelmente, cansaram-se de tanto seguir a mesma amostra. Ainda tentei pescar um pouco mais para jusante, mas não vi mais nada. Já eram 13 horas e eu tinha tirado um bom sável. Já não valia a pena continuar com a faina naquele local! A próxima corrente ficava a quase um quilómetro para jusante. O melhor era mesmo mudar de sitio e tentar encontrar um bom local para as trutas. Um local com alguma corrente e com sombra. Mas antes disso era tempo para almoçar e desfrutar da excelente captura de um bom sável 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.