Alerta – Poluição na Barragem dos Pisões

Alerta – Poluição na Barragem dos Pisões

Na sequência de mais uma pescaria às trutas na Barragem dos Pisões, reparei numa situação desagradável e que me começa a preocupar. Há claramente poluição na Barragem de Pisões, e segundo conversas com alguns pescadores habituais desta barragem, quer da margem, quer ao corrico, ela tem vindo a aumentar de forma considerável. O problema parece ter essencialmente duas vertentes: uma dentro de água e outra fora de água.

Relativamente à poluição que se encontra fora de água, é notório o acumular de lixo ao longo das margens. A maioria dos detritos que encontramos correspondem a garrafas (partidas ou inteiras), sacos de plástico, embalagens, restos de material de pesca, etc. A este nível, os pescadores são claramente responsáveis por uma grande parte do lixo que encontramos. Frascos de Trout Bait, sacos usados de engodo e garrafas abandonadas após grande comezainas, também chamadas de pescarias por alguns, são o pão nosso ao longo da barragem e sobretudo nas áreas mais frequentadas pelos pescadores. Isto não faz o mínimo de sentido e é totalmente irresponsável. Sobre a nossa classe abate-se o estigma de poluidores, devido às acções de meia dúzia de energumenos que não compreendem minimamente os danos que estão a causar.

Os pescadores devem ser antes do mais conservacionistas e protectores do ambiente. Já chega de lixeiras abertas perto das grandes cidades! Não é necessário abrir uma nova lixeira em Pisões, danificando a paisagem e o bem-estar de quem por lá passa. Bem sei que não este tipo de poluição que vai matar as trutas, mas certamente vai matar as nossas hipóteses de continuar a pescar de forma livre em Pisões. Não me admirava nada se mais tarde ou mais cedo o ministério do ambiente ou a autoridade florestal nacional fechasse a barragem aos pescadores ou condicionasse o acesso só a meia dúzia, através da criação de uma zona de pesca reservada. Isto já para não falar da imposição de uma sobretaxa a todos quanto por ali pescam só para angariar fundos para a limpeza das margens. A ideia nem é nada má 🙂 O problema é que vão pagar os justos pelos pecadores, como sempre!

Relativamente à poluição dentro de água, o assunto torna-se mais grave, pois compromete a sobrevivência do ecossistema e das nossas trutas. A este nível, o resultado mais vísivel é o acumular de espuma nas margens (ver foto de capa) e a eutrofização da água com algas verdes durante os meses mais quentes. Segundo o relato de um pescador habitual, muitas vezes as manchas de espuma chegam a ter mais de meio metro de espessura e não auguram nada de bom para o futuro da barragem.

As razões principais que vemos para esta situação, correspondem sobretudo à lixiviação de adubos e pesticidas utilizados na agricultura e ao despejo de detergentes e outros quimicos realizados directamente pelas casas, pequenas fábricas ou pelo parque de campismo. Possivelmente, o viveiro também traz algum impacto negativo, sobretudo devido à concentração anormal de peixe e aos quimicos utilizados nas rações. A este nível pouco podemos dizer, a não ser alertar as autoridades para que se estude o que se está a passar na albufeira e se tomem medidas preventivas, antes que seja tarde demais. Segundo informação que nos chegou, a situação tem vindo a piorar e ninguém sabe muito bem quem são os responsáveis, nem o que fazer.

Para tornar as coisas ainda mais complicadas, vem aí a época das chuvas e as cinzas de alguns incêndios importantes ocorridos na região estão à espera de avançar para a barragem. Esta situação vai criar ainda mais problemas.

Fica então aqui este alerta para aqueles de nós que são mais conscienciosos. Há que recolher sempre o lixo durante as nossas sessões de pesca e ir prestando atenção aquilo que pode ser feito para reduzir a poluição e melhorar as condições de pesca numa das barragens mais importantes para a pesca à truta em Portugal. É do nosso interesse ter cada vez mais trutas e de melhor qualidade neste local paradisiaco 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.