Tem-se notado ao longo do tempo um crescendo na criação de zonas de pesca desportiva a nível nacional. Uma maior preocupação ambiental da parte dos pescadores, o crescimento da pesca sem morte e a necessidade de privatizar o aproveitamento piscicola dos rios tem levado a que cada vez mais associações de pescadores tenham avançado para a criação de áreas onde a pesca é regulamentada de forma especial.
Esta é uma tendência com a qual temos que viver e que certamente se tornará mais intensa nos próximos tempos em Portugal. Com o escassear de recursos humanos e financeiros a nível público, cada vez é menor a capacidade do estado para garantir a preservação dos rios e a manutenção do equilibrio nas populações truteiras. Neste contexto, só a intervenção dos pescadores pode garantir a manutenção do nosso património fluvial e do que ele tem de mais de belo: as bravas trutas comuns (salmo trutta fario).
Olhando para as tendências nacionais em termos de criação de zonas de pesca desportiva viradas sobretudo para a pesca às trutas, verificamos que o distrito mais activo é claramente o de Viseu. Com 27 zonas de pesca desportiva, é claramente o distrito lider a este nível. Aproveitando a presença de rios emblemáticos na pesca à truta como o Vouga ou o Paiva, os pescadores e associações do distrito de Viseu têm adoptado uma postura bastante dinâmica. À data de hoje, o rio líder em concessões no distrito de Viseu é o rio Vouga com 5 concessões. Adicionalmente, também verificamos que só em 2010, foram criadas ou renovadas 5 concessões.
Lista de todas as zonas de pesca desportiva no distrito de Viseu:
No entanto, nem só o Vouga e o Paiva têm lugar de destaque. Alfusqueiro, Águeda, Couto e até mesmo o Pavia são exemplos de rios onde se podem pescar trutas, isto para já não falar das várias ribeiras que se encontram concessionadas. O distrito de Viseu está a assumir um papel líder na criação de zonas de pesca desportiva e portanto, começa a tornar-se um laboratório para verificar quais os modelos de gestão que podem ter mais sucesso neste campo. Com o aumento das zonas de pesca desportiva, irá também aumentar a concorrência entre diferentes projectos e modelos de gestão e só alguns irão ter o sucesso que merecem.
Para já, Viseu lidera 🙂
Eu sei que o meu comentário vai ser polémico, mas na minha opinião, as concessões de pesca desportiva são profundamente injustas, os rios portugueses são de domínio público, para desfrute dos portugueses, e dos residentes em Portugal, e não só de uns poucos. A actuação do Estado é negligente na administração dos rios, não garantindo o acesso equitativo às pessoas. As concessões de pesca desportiva são um SEQUESTRO do rio pelos pescadores locais, que o governo permite e promove. Vou pôr um exemplo, a Concessão de Pesca do Rio Alfusqueiro, em Oliveira de Frades, aprovada em 2009, e que já funcionou na temporada 2010 administrada pela CACIBROA, de 30 licenças diárias só há DUAS reservadas para pescadores de fora do concelho. Não entendo como a lei pode permitir isso. É totalmente injusto, um rio maravilhoso, no que se andava muito bem,totalmente privatizado. Ao final o resto de pescadores teremos de pescar nos troços de rio onde não se da andado, no meio das giestas, por onde anda o javali.
Boas Pingo Doce.
Compreendo a tua posição e concordo com ela na parte que diz respeito à falta de legislação por parte do estado. A privatização dos rios para os tornar em simples coutadas de meia dúzia que procuram excluir todos os restantes de poderem pescar trutas é claramente condenável e deve ser alvo de legislação mais agressiva da parte do estado. Em Inglaterra e em Espanha, não é essa a realidade que se vive na maioria das concessões de pesca desportiva, mas em Portugal ainda estamos a construir o futuro e existem sempre alguns artistas que gostam de aproveitar os vazios legais para montar os seus pequenos impérios. Felizmente não creio que essa se vá tornar a realidade predominante. Os clubes de pescadores que têm gente solidária e equilibrada (são bastantes) e as zonas de pesca reservada que são geridas pelo estado dão-nos alguma garantia para o futuro.
Sou claramente a favor das concessões de pesca desportivas geridas por pescadores solidários que protegem os rios e a sua fauna, que aceitam que pescadores de fora pesquem nas suas águas e que procuram promover o nosso desporto junto da comunidade. Sem elas, alguns rios já estariam totalmente votados ao abandono e não teriam sequer um exemplar de salmo trutta fario. O estado desde há muito que deixou de ter dinheiro e dedicação para cuidar do seu património fluvial. Cabe-nos a nós fazer alguma coisa 🙂
Um abraço,
Os rios são de domínio público, pertencem ao Estado, e o Estado somos todos. Os altos funcionários responsáveis da Autoridade Florestal Nacional, podem gerir os recursos naturais como entender, mas salvaguardando o domínio público. O problema do Estado não é tanto que não tenha recursos, não são necessários muitos recursos, o que é necessário é legislar, e para legislar há que pensar muito e trabalhar; o verdadeiro problema é que tem de administrar e gerir esta LONGE, física e mentalmente. Por isso concordo em delegar a GERÊNCIA de determinados recursos, neste caso alguns cursos fluviais, a associações públicas ou privadas sem ânimo de lucro, para que os ponham em mais valia, promovam o seu aproveitamento e enriquecimento; mas com uma legislação e umas regras bem definidas, e sem renunciar à titularidade pública dos recursos. Aceito (mas parece-me abusivo) ter de pagar por uma licença diária um 400% mais do que um sócio de uma destas associações; ambos somos portugueses ou residentes legais em Portugal e pagamos os nossos impostos, mas ele pode privilegiar das condições da concessão de pesca por ter a fortuna de nascer ou ter ligações de sangue em aquele concelho, e pertencer à associação que gere a concessão em troca de uma quota anual rapidamente recuperável em comparação com os preços praticados aos não associados, mas na maioria dos casos não fazendo nada activamente por promover a melhoria das condições do rio. O que não aceito é o roubo que supõe a reserva de só o 6.6% das licenças diárias para os não sócios, só duas licenças, assim nem podes ir pescar com dois amigos; e as condições de venda das licenças, só no local da associação, entenda-se na boca do lobo, podem vender as licenças a quem entender sem qualquer fiscalização; e o horário, só durante TRÊS HORAS para toda UMA SEMANA. A isto eu chamo-lhe conduta mafiosa por parte dos pescadores locais, por parte dos funcionários do Estado que autorizaram a concessão já nem quero pensar, passa-me pela cabeça muitas coisas que todos imaginamos e não vou dizer.
Deveria-se reservar pelo menos UM TERÇO das licenças diárias para pescadores nacionais não pertencentes à associação que gere a concessão, e deveriam-se poder levantar também as licenças reservadas para os pescadores não pertencentes à associação que gere a concessão, em locais públicos pertencentes à Administração do Estado, como por exemplo nas delegações da Autoridade Florestal Nacional. Assim os pescadores locais continuariam a privilegiar de melhores condições para a pesca desportiva, o que é justo, pois eles são quem pode e teoricamente cuida do rio, mas também garantindo o acesso do resto de pescadores a aqueles recursos.
Parece-me bem.
A discriminação no acesso e a apropriação abusiva de recursos naturais, sejam eles quais forem, não podem passar em claro. Só há mesmo que denunciar estas situações para ver se algo muda.
Abraço,
Dito isto já fiquei mais descansado. De todas formas as melhores trutas estão nos troços não concessionados onde quase não se da andado. Um abraço!
Boas!
Bela discussão que aqui vai!
Pingodoce, essa concessão não e grande coisa….e não e muito usada! Pesco muitas vezes em perto dela….mas isso já são outras conversas! E sim concordo contigo….ás vezes as boas trutas estão fora das concessões!
Concordo com o regime de concessões desportivas, pois são as associações ou juntas de freguesia que vão olhando pelos rios, e bem ou mal os vão re povoando da forma que podem, se bem que acho que concessões de clubes de caça muitas vezes são repovoados muito em cima da hora e com trutas demasiados grandes que podem desiquilibrar o ecosistema…
Agora também sei do perigo que certas zonas de rio se tornem em coutadas privadas de pesca para certos senhores…e acredito que isso aconteça em muitas concessões! Porque muitas das vezes o pensamento é: paguei para pescar, o dinheiro muitas das vezes é para repovoar, pelo que o que for posto no rio é meu e tenho de o ir buscar!
Infelizmente a mentalidade e muitas vezes esta e quem sabe se no final da época ainda vão limpar o restante sabe-se lá como….
Agora as licenças podiam era ter outros locais onde se pudessem tirar…como por exemplo o multibanco! Existe algo mais simples que isso? Escolho o rio…escolho o lote….escolho o dia e tenho a licença…acho que era a forma mais correcta!Por exemplo, eu se quiser ir a uma concessão de pesca tenho de tirar um dia de ferias para tirar a licença….:(
Abraço
Boia noite Miguel.
Que a concessao seja melhor ou pior nao tira a injustiza das suas condiçoes, que e o que me revolta, so pus esse exemplo porque me e mais conhecido. Em relaçao com as re povoaçoes, acho que e um grave erro, esta demonstrado que sao perjudiciais para a truta autoctone. O que ha que fazer nao e re povoar senao VIGIAR. Vigiar a observancia da Lei durante a pratica desportiva, o cumprimento dos horarios e medidas legais, o que inclui vigiar aos furtivos. Nos povos pequenos todos se conhecem e uns podem ser os policias dos outros, porque todos estao interessados no bem comum, que e preservar a riqueza do rio, ou bem, quando ha “endogamia”, pode acontecer que todos sejam cumplices no esgotamento dos recursos, de ai que tenha que haver permeabilidade as pessoas de fora, que podem denunciar quando algo esta a correr mal. Vigiar e cuidar as condiçoes das margens; para que a truta crie e se alimente bem tem de ter umas condiçoes apropriadas; denunciar a tala indiscriminada da vegetaçao da ribeira, mas controlar tambem o excesso de mato, para que que facilite o desenvolvimento da fauna de artropodes que contituem a alimentaçao principal do peixe. E claro esta, vigiar a qualidade das aguas, controlando qualquer tipo de vertido, e actividade humana do tipo que for, agricola, industrial, daninha para o meio fluvial; as associaçoes de pescadores estao para denunciar as pessoas, industria, governantes, que fazem asneiras deteriorando o rio.
Em definitiva, para mim, uma concessao de pesca desportiva deve ser um troço de curso fluvial, entregue pelo Estado para gerir a um grupo de pessoas, capaces de maximizar e otimizar a capacidade produtiva natural daquele, interessadas em conservar a sua riqueza e impedir a extracçao de mais recursos dos que o rio pode dar, para poder desfrutar da pratica desportiva; priorizando o uso pelos seus membros, mas sem impedir de forma espuria o acesso aqueles recursos ao resto de pescadores.
injustiça
Começo por concordar com todos os comentários anteriores,mas já agora digam-me lá o que significa pesca sem morte,isto é,claro que sei o que isso é mas não consigo atingir o seu significado e interesse para a pesca em si…meus amigos a verdade é que se nos rios truteiros se pecasse só à linha ninguém tem duvidas que o peixe seria sempre abundante,aliàs a pesca sem morte só beneficia os furtivos,as redes, os venenos,o truvisco,o garfo etc etc enfim a pesca sem morte é mais uma maldade ao verdadeiro pescador…..isto é só iluminado!!!!!
O mundo está composto de tudo(ainda bem)mas de ignorantes está ele densamente povoado em pleno século XXI…serei eu o primeiro a reconhecer-me como tal…o ultimo comentário é de tal forma deprimente que nem vou sequer argumentar sobre aquilo que está escrito!ficará para a posteridade…
João Dias
Meu caro João Dias e comentando a minha ignorância só sei que pesco desde os sete anos,se excluirmos o Minho conheço bem todas as regiões de pesca à truta(alto zezere,alto mondego,alto côa,vouga e seus afluentes,paiva,toda a região transmontana,etc etc,fui sócio de uma truticultura que produzia 100 toneladas de peixe com mestrado na utad em águas interiores e seu aproveitamento para cultura intensiva de peixes de água doce e tenho 66 anos.Por fim não sou responsável pela degradação da caça e da pesca nos últimos 30 anos neste país e também não sou nem nunca fui iluminado mas tenho as minhas convicções que não são certezas absolutas e já agora julgo ser bem educado.