Dia de trutas no Coura – Sopo

Dia de trutas no Coura – Sopo


Depois de uma abertura bem conseguida no Rio Coura, ficou imediatamente a vontade de voltar o mais rápidamente possível e bater uma zona com enorme potencial, como é a zona do Sopo. Com a Central de France a montante, esta é uma zona com caudais e correntes consideráveis, mesmo em alturas em que já não há chuva. Adicionalmente, esta é também uma zona de grandes açudes e correntes profundas que têm um enorme potencial em termos de nutrientes para desenvolverem exemplares de trutas de bom tamanho.

Com estas ideias na minha cabeça, o destino já estava traçado e quando chegou o dia 5, foi só pegar no carro e pará-lo num local estratégico da povoação do Sopo. Era o primeiro a chegar ao local e o rio estava com as condições óptimas para fazer uma boa pescaria. Dia assoleado com algumas nuvens escuras e caudal médio a forte sustentado pela Central de France. Só faltava ver se as trutas estavam muito picadas ou se pelo contrário estariam activas e nos locais mais propicios para serem capturadas. Armado com cana de 1,8 metros, linha 0,18 da Asari e X-Rap cor truta arco-iris, fiz-me ao rio para tirar a prova dos nove. Eram 7h30!

Comecei pelo grande açude do Sopo. Fiz a cabeça do açude ao X-Rap, mas sem resultado. O rio parecia que estava sem trutas. Na parte debaixo do açude, meti uma Mepps nº2, tive um toque e comecei a ver as primeiras trutas pequenas a brincar com a amostra. Ainda fui um pouco mais para jusante, mas não vi grande potencial. A lenha era mais que muita na margem e os lançamentos não me estavam a sair grande coisa. Perante isto e passada meia hora, resolvi voltar ao ponto de partida e pegar no X-Rap outra vez para começar a bater o açude ao milimetro.

Começou a surgir um vento de leste que me dificultava os lançamentos, mas a amostra estava a cair onde eu a queria meter. Cheguei a uma zona onde na margem oposta estava uma forte concentração de silvas e árvores … pareceu-me um bom sitio. Lançamento para lá … começo a recuperar … e a meio do rio um toque de leve …. a amostra dá de lado e vejo duas trutas malucas com bom tamanho a persegui-la. Corriam como loucas … indecisas entre o pica e o não pica …. e de repente paro a recuperação e uma delas esbarra com o X-Rap, mas sem cravar :). Perante isto, outro lançamento de imediato para o mesmo sitio, e passados 5 metros de recuperação, sinto um puxão valente e temos truta … era a companheira que não sentiu o aço na boca. Três saltos fora de água … corridas para a esquerda e direita, mas com calma pu-la ao alcance da mão. Era um belo exemplar de 27 cm. Pura beleza do Coura a marcar o inicio do dia. Fiquei logo super animado!

Com mais vontade, resolvi continuar para montante até à saída da Central de France. Com o mato a aumentar de intensidade, fui tendo mais toques e tive duas pequenas trutas cravadas que se conseguiram libertar. O facto de maior registo nesta zona foi uma pancada seca ao centro do rio, num cotovelo com corrente e com uma profundidade de 3 a 4 metros. Devia ser um lombo 🙂 … Até me arrepiei … era claramente truta, porque o rio estava totalmente desimpedido no centro. Na parte final do troço, o mato engrossou de tal maneira que só se passava de gatas e com muitas arranhadelas. Ainda forcei, mas quase que não se conseguia pescar.

Com a dificuldade de acesso, resolvi voltar para trás e peguei no carro para atacar a zona da Central de France à qual não tive oportunidade de chegar. Vi que tinha por lá concorrência, mas também só queria fazer meia dúzia de lançamentos numa corrente pouco profunda. Meti a linha 0,12 e uma colher nº1 da Mepps. Dirigi-me à corrente e aí vai disto. Ao décimo lançamento, a amostra cai na margem oposta, sinto uma falta de pressão na linha e vejo um vulto em perseguição … era truta!! Foi seguindo a amostra e quando ela chegou perto dos meus pés, lá abriu a boca toda … ! Ah … truta do diabo … que nem mais pousou na água! Tive que a arrastar para um sitio mais calmo e deixá-la cansar-se, pois não a podia levantar a peso! Aproveitei para tirar uma foto e quando finalmente já estava a jeito, lá a consegui tirar (margem dificil). Que belo exemplar com pintas pretas e vermelhas!!

Com estes acontecimentos, cheguei rápidamente ao meio dia e à hora do almoço. Ainda fui à Ribeira de São João para ver como paravam as modas, mas não vi grande ambiente. Depois de mais uma voltita de carro, resolvi voltar novamente para a zona do Sopo, desta vez, mais para jusante. Iria bater uma zona de mato fechada e com muito arvoredo e ramalhos dentro de água.

Palavras para quê? Com ameaça de chuva e ligeiros pingos a cair na água, tive duas horas inesqueciveis de pesca. O X-Rap voltou à linha e por entre árvores e silvas comecei a tirar trutas e a ter toques sucessivos em cada paragem. Num local especifico estavam quatro a mosquear, e todas se mexeram atrás do rapala. A maior deveria ter cerca de 35 cm.

Só depois de vinte lançamentos no mesmo sitio é que consegui mais um bom exemplar … Lançamento para a outra margem ligeiramente para montante, inicio a recuperação e de repente uma pancada brutal. A truta cravou-se bem, deu duas corridas e eu comecei a ver que tinha que pegar no camaroeiro. Lá o consegui sacar a custo e após muito jogo de cintura (margem alta e com silvas), consegui meter a truta lá dentro. Um belo exemplar de 29 cm.

Neste local, ainda consegui tirar mais cinco trutas pequenas que devolvi à água, mas o prazer de as pescar foi insuperável, devido à dificuldade dos lances e à grande luta e voracidade que as trutas apresentavam. Mesmo pequenas eram extremamente valentes. O divertimento só terminou quando cheguei a uma zona de mato quase intransponível. Eram 5 horas da tarde e já não havia força para cortar mato, portanto, havia que regressar.

A romaria estava-me a dar tanto prazer que, apesar do dia estar práticamente terminado, ainda parei a jusante de Vilar de Mouros para 30 minutos de lançamentos. As margens estavam bem batidas e o único facto de registo foi uma truta de 28 cm (que se encontrava num cotovelo com redemoinho) que veio seguir o X-Rap.

No global, esta pescaria só comprovou mais uma vez o potencial do Coura. Mesmo após uma abertura bastante concorrida, ainda é possivel realizar pescarias consideráveis. É claramente um dos nossos melhores rios truteiros 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.