Mais um troféu do Côa!

Mais um troféu do Côa!


Domingo, dia 10 de Abril de 2011. Depois de uma jornada em pleno no Mondego, estava na altura de matar as saudades de um dos maiores rios truteiros nacionais: o Rio Côa. Este grande baluarte da pesca à truta em Portugal é sempre um símbolo mítico nas minhas experiências em rios truteiros. Foi neste rio que eu realizei algumas das maiores pescarias em Portugal e o ano de 2010 não foi excepção a este nível.

Devido à jornada do dia anterior, só consegui acordar às 7h30. O céu estava mais uma vez limpo, temperatura a rondar os 12 graus centígrados e após um rápido pequeno almoço, fiz-me à estrada com destino para um dos meus locais favoritos a jusante da Rapoula do Côa. Demorei cerca de 40 minutos a chegar ao local, equipei-me e avancei lentamente para a primeira corrente do rio. Surpresa desagradável!! Espuma branca a circular pelo rio e alguns montículos consideráveis de espuma branca concentrada junto às algas da corrente. O panorama em termos de poluição era desanimador e deixou-me logo consternado. Tinha que mudar de sitio rápidamente! Peguei no carro e avancei mais para montante.

Passados 10 minutos, volto a entrar ao rio e novamente numa zona de corrente. A poluição parecia ter atenuado. Pelo menos deixei de ver espuma por todo o lado. Equipei a cana de 1,8 metros com fio 0,18 da Fendreel e meti uma Mepps Aglia nº 2 Dourada com pintas vermelhas para atacar a corrente. Já há muito que não pescava com esta amostra (que era uma das minhas amostras favoritas quando me iniciei nestas lides) e portanto decidi arriscar. Os primeiros lançamentos foram realizados para a cabeça da corrente procurando cobrir a outra margem … Nada mexeu!!

A seguir, e tendo a impressão de que nada estava na outra margem nem ao centro do rio, resolvi lançar num paralelo à minha margem. Primeiro lançamento para um espaço entre algumas algas, começo a recuperar a amostra e num pequeno espaço de areia que devia ter cerca de 50 cm de profundidade, vejo um grande turbilhão na água na zona onde passou a amostra, mas nem toque na colher!! Que coisa … o que seria?? Barbo? Truta?? O que fosse deveria ter um grande tamanho, pois a deslocação de água foi significativa!

Resolvi insistir no local, lancei cerca de 5 vezes e nada. Perante isto, comecei a pensar que o peixe se deveria ter incomodado e como tal deslocou-se para jusante à procura de uma zona mais encoberta e com mais água. Insisti com mais um lançamento para o mesmo local e levei um leve toque, depois outro e quando a amostra vinha a chegar aos meus pés, vejo uma pequena truta de cerca de 15 cm a fugir. Não podia ser! Aquela truta era muito pequena! Voltei a insistir durante mais 3 minutos e nada!!

Bem, com este primeiro acontecimento comecei a deslocar-me para jusante e a pescar a parte mais lenta da corrente. Verifico que do outro lado está um conjunto de ramos secos amontoados dentro de água com algumas algas nas redondezas. O sitio é mais fundo: 2 a 3 metros de profundidade. Sem pensar muito no assunto, lanço para lá e começo a recolher. Mal a colher anda uns 5 metros, sinto um forte puxão na cana e cravo com força. Ao longe vejo algo branco e grande a dobrar e a arrancar para jusante … mas com uma força!! Abri o travão do carreto e comecei a trabalhar … estava com um bicho de respeito na ponta de linha! Mais 4 ou 5 corridas para montante e jusante, e o carreto a dar linha. Lá fui tentando aproximar o peixe à margem e verifico que estou perante uma boa truta. Ela vê-me e arranca novamente. Enrola-se bastante no fio e comecei a temer pelo desenlace da luta. Saquei de camaroeiro com alguma rapidez e comecei a tentar aproximá-la … lá deu mais duas ou três cabeçadas e finalmente consegui metê-la dentro do camaroeiro. A sensação de alivio foi indescritivel e a satisfação disparou … que grande exemplar do Côa com umas cores lindíssimas e a entrar logo de manhã!! Que grande truta – 49 cm de pura força a lutar no limite!!

Após esta captura, senti que o dia já estava ganho e portanto agora era só mesmo desfrutar da acção de pesca. Ainda fiz mais um pouco da corrente para jusante e comecei a trocar de isco, metendo o X-Rap. Não vi mais nenhum sinal de truta. Perante isto, inverti a marcha e avancei para montante. A partir desse momento, foram 7 horas em que não vi uma única truta, nem levei nenhum toque. Mudei de linha, meti rapalas CD-3, Mepps Aglia nº, Mepps Aglia Longcast nº 3, mas sem sucesso. Como o rio tem alguns bons açudes naquela zona, o céu claro, algum vento forte e as temperaturas elevadas não eram as condições mais favoráveis para mexer as trutas. Foi claramente um resto de dia a coar água!! Possivelmente, a forte pressão de pesca da zona também ajudou a este estado de coisas, pois vi algumas pegadas do dia anterior.

No entanto, a parte mais longa do dia não alterou o estado de espirito que me foi proporcionado pelos primeiros minutos de pesca. Um grande troféu do Rio Côa foi mais uma vez capturado e a tradição cumpriu-se logo na primeira visita do ano a este grande rio. Como me disse uma vez um grande vendedor de material de pesca: “Trutas do Rio Côa? Só de camaroeiro!!” 🙂

Para aqueles que queiram uma visão mais cheia de adrenalina dos acontecimentos, aqui fica o video:

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.