Dia 16 de Abril de 2011. Acedendo a convite do Prof. Arlindo Cunha, resolvi juntar-me ao tradicional grupo da pesca às trutas da Maia e Porto para mais uma excursão pelas terras do Centro. A equipa era formada por mim, Prof. Arlindo Cunha, Dr. Manuel Pintalhão, Eng. José Pintalhão e Dr. Sousa Rodrigues. O programa para o dia era sobretudo social, mas conseguimos desde logo arranjar uma boa parte da tarde para nos deslocarmos a um ou dois rios truteiros. Não se antecipavam grandes possibilidades de capturas, pois certamente que iriamos ter concorrência a pescar da parte da manhã, mas estavamos sobretudo confiantes que iriamos ter a possibilidade de desgastar o almoço num excelente ambiente natural. A ideia era sobretudo pescar no Criz e depois, e se ainda houvesse tempo, dar uma saltada ao Vouga ou ao Alfusqueiro.
Chegamos ao rio Criz já por volta das 15h30. Não prestei muita atenção, mas estavamos próximos de uma ponte da estrada nacional. O plano era dividir a nossa equipa em duas. Eu e o Prof. Arlindo Cunha iriamos pescar ao spinning da ponte para montante, enquanto que o Dr. Manuel Pintalhão e o Dr. Sousa Rodrigues iriam pegar no carro, deslocar-se para montante e entrar à minhoca. Se tudo corresse bem, as duas equipas iriam-se encontrar algures a meio do percurso. O nosso amigo Engº José Pintalhão não pescava, porque estava em baixo de forma e não tinha trazido o seu equipamento – o seu plano era passar pelas brasas e ir controlando o andamento da pescaria!!
Como o Prof. Arlindo Cunha se estava a demorar nos preparativos, resolvi imediatamente fazer a ponta do açude para montante da ponte. Comecei com cana de 1,2 metros, linha 0,12 da Fendreel e amostra Mepps Aglia nº 1 dourada com pintas vermelhas. Com água extremamente clara, céu limpo e caudal médio a reduzido tinha que pescar ao light spinning. Disparei os primeiros lançamentos e comecei a ver os primeiros peixes a mexer, sobretudo pequenos escalos e bogas. O amigo José Pintalhão foi-me acompanhando e iamos conversando pelo caminho. Entretanto cheguei ao muro do açude e realizei um lançamento paralelo à minha margem para jusante na direcção de um pequeno buraco no meio de algumas árvores. Naquele local a profundidade era um pouco maior e existia uma boa sombra. A amostra caiu, comecei a recuperar e o primeiro puxão a sério na linha. Cravei e vi logo uma trutinha jeitosa aos saltos. Trabalhei-a com calma, puxei-a para mim e rápidamente a pus ao meu alcance. Era a minha primeira truta do Criz … um bonito exemplar de 20 cm!
Animado por esta captura e depois de trocar algumas palavras com o amigo José, resolvi atacar a queda de água do açude, procurando sobretudo as zonas mais fundas e com maior corrente. Realizei cerca de 10 lançamentos e pareceu-me ter um toque de uma truta pequena, mas não cravou.
Entretanto, o Prof. Arlindo Cunha já me tinha feito sinal e começou a bater a margem direita para montante. Estava na altura de me juntar à festa. Avancei pela margem oposta e comecei a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Com lançamentos largos e alguma pesca à fisga, fui conseguindo atingir alguns lugares mais reconditos onde eu imaginava que estivessem algumas boas trutas. Logo nos primeiros lançamentos, fui levando os primeiros toques … pequenas bicadelas laterais na amostra, mas nada de sério. Já depois de ter feito os primeiros 100 metros, vejo uma zona mais propicia para um lançamento largo. Sai o lançamento e começo a recuperar … a meio da recuperação vejo uma pequena sombra a seguir o isco … e em menos de 5 metros a água explode com o salto de uma truta. Tinha cravado mais um bom exemplar negro do rio Criz. Uma bonita truta de 17 cm que rápidamente saltou para dentro de água.
Entretanto, do lado oposto, o Prof. Arlindo Cunha estava a ter dificuldades na deslocação através da margem que escolheu, pois a vegetação era muito mais densa do que do meu lado. Só o barulho que as suas passadas estavam a causar era suficiente para alertar todas as trutas num raio de 30 metros. Efectivamente ainda não tinha tido nenhum toque. Lá fomos avançando … e mais à frente vi uma truta com cerca de 23 cm a saltar fora de água atrás de uma mosca. Ela estava entre a saída de uma corrente e um cotovelo relativamente fundo do rio. Bem me aproximei com o máximo de cuidado, mas não tive sorte. Após vários lançamentos, nem um toque senti.
Uns 50 metros mais à frente, recebo a primeira novidade do meu companheiro de pesca … numa corrente mais profunda tinha sido visualizada uma truta com mais de 1 kg. A mesma tinha visto o pescador e escondeu-se algures do meu lado. Apesar da insistência do Prof. Arlindo Cunha, achei que não valia a pena insistir. Este tipo de exemplares só com muita sorte é que brinca em serviço e devia estar bem escondida entre algumas raízes de árvores, portanto era escusado.
Fui então concentrado a minha atenção na corrente mais a montante. Pé ante pé, fui medindo as distâncias e tentando realizar os lançamentos o mais afastados possível da margem. Cheguei então a uma zona, onde se encontrava uma corrente mais funda, mas totalmente rodeada por algas, ervas secas e árvores. Preparei-me para um lançamento á fisga, disparei e imediatamente levei uma cravadela de uma truta mal a colher caiu na água … cravei e a truta encostou-se à erva seca. Estava meia enrodilhada e eu fui tentando forçá-la para que se mexesse e saltasse. Cada vez que saltava, consegui-a mexê-la para mais próximo de mim. Como ainda era um bonito exemplar de 23 cm, demorei cerca de 1 minuto a pô-la a jeito. Tinha algum receio que a linha fraquejasse. Mas não … foi com satisfação que capturei mais um bonito exemplar do Criz …
Mal me recompus desta alegria, reencontrei-me com o Prof. Arlindo Cunha e voltamos a trilhar o caminho para montante. Ele entrou ao rio para bater melhor as correntes e eu mantive a minha posição nas margens. De repente, aparecem dois pescadores na minha margem com grande velocidade e com canas equipadas com rapalas. Um deles parecia-me experiente, mas o outro andava a iniciar-se. Troquei algumas palavras com o mais experiente e notei que o outro artista estava com o turbo metido e desapareceu. Ainda me contou que tinha tirado uma boa truta naquele rio, mas que ultimamente as coisas estavam fracas. Como não podia deixar o seu companheiro muito tempo sozinho, também teve que se fazer ao caminho. Perante este encontro, voltei á companhia do Prof. Arlindo Cunha e perguntei-lhe como era. Obviamente que se estivesse sozinho, tinha que lhes dar o respectivo avanço para os por na ordem, mas como estava a pescar em conjunto achei que não valia a pena esticar a corda. Assim e depois de algumas rápidas palavras, resolvemos voltar à ponte e fazer o troço para jusante.
E a decisão não foi nada má, pelo menos para o Prof. Arlindo Cunha. Mal chegamos à queda de água do açude onde tinha começado a jornada, o meu grande amigo tirou uma bonita truta de 18 cm. Mais um belo exemplar do Criz. Com esta captura, o Prof. Arlindo Cunha animou de forma categórica e pescamos para jusante durante cerca de 30 minutos.
Para jusante, o rio não tinha a mesma densidade de trutas. Nas zonas de varzeas cultivadas por onde passamos, deixamos de ver trutas e vimos sobretudo bogas e escalos. Ainda forcei o rapala CD-3 numa zona de açude e maior profundidade, mas nem sinal delas. Com o engrossar da vegetação na margem e com o rio a entrar por terrenos mais complicados, começamos a ponderar se valia a pena mudar de local. Entretanto, também recebemos uma chamada dos nosso companheiros a dizer que nada tinha saído à minhoca. Com isto, resolvemos então voltar para ponte e dar por fechada a expedição ao Criz.
No global, fiquei com muita boa impressão do Rio Criz. Ainda não conhecia, mas tenho a dizer que no troço para montante da ponte onde pesquei há grande potencial para se tirarem umas boas trutas. Devido à altura das margens e a forte cobertura vegetal da zona, acredito que as trutas que ali habitam devem ter um bom tamanho. Ao nível da pesca, os dias mais favoráveis serão claramente os de chuva e o saltão pode ser uma excelente opção quando entrarmos nos dias mais quentes do Verão.

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