Final da temporada de pesca às trutas – 2011.

Final da temporada de pesca às trutas – 2011.


Como em todos os anos, a temporada de pesca à truta comum na totalidade dos nossos rios terminou ontem. Com o fecho da temporada nos rios em que se permite a pesca durante o mês de Agosto, a possibilidade de ainda tirar algumas trutas comuns fica agora reduzida às barragens do Gerês e naquelas que não se encontram em regime não ordenado dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Enfim, fazendo o balanço desta temporada, parece-nos que o mesmo só pode ser positivo. Desde o sucesso da abertura no Minho, que nos trouxe alguns bons salmões e trutas mariscas, passando por alguns excelentes dias de chuva durante Março e Abril nos nossos rios do interior, foi possível verificar que as trutas se mantiveram em número razoável e proporcionaram muito prazeres aos mais persistentes e dedicados pescadores. Apesar de o ano não ter sido tão chuvoso como o de 2010, foi com agrado que verifiquei que não houve declínio no tamanho dos troféus que consegui capturar, nem no número global de trutas que foram saindo ao longo da temporada. Mais satisfeito fiquei ainda, ao verificar que se conseguiam visualizar boas quantidades de trutas e alguns bons exemplares, mesmo nos últimos dias da temporada (Mouro, Coura, Côa, etc.) Isto é claramente um bom sinal para o próximo ano 🙂

Relativamente à qualidade e gestão das águas, pareceu-nos que há ainda muito a fazer para se conseguir ter caudais bem adaptados ao desenvolvimento das trutas em termos de força e temperatura, isto nos rios onde existem barragens. O excesso de débitos em determinadas alturas do ano e falta de caudais ecológicos noutros são problemas que continuam a grassar nas nossas massas hidricas e que reduzem o potencial de trutas nos nossos rios. Simultaneamente, o controlo da poluição em rios como o Côa, Lima, Paiva, Alfusqueiro, Zêzere, entre outros, ainda deixa muito a desejar. Especial atenção é solicitada a quem administra as ETAR’s e aos responsáveis pela fiscalização ambiental. Penso que há ainda muito a fazer a este nível e que está na altura de as autoridades trocarem as secretárias por um patrulhamento activo de margem de rio. A maiores destruições de património truteiro que ocorrem nos nossos rios devem-se sobretudo à poluição, vindo em segundo lugar os furtivos e outro tipo de problemas.

Adicionalmente e só como exemplo de como as coisas andam, este ano não fui fiscalizado nem uma única vez, à semelhança do que já vem acontecendo ao longo dos últimos anos.

Para aqueles que ainda não se dão por satisfeitos, há ainda a possibilidade de pescar à truta marisca em áreas especificas nos rios Neiva, Âncora, Cávado e Lima até ao final de Setembro. Convém atender à medida mínima de 30 cm para as capturas que se podem reter e atenção à distinção entre o que é uma truta comum ou uma marisca.

No final, uma palavra para a excelente temporada de convívio que se proporcionou à volta da pesca às trutas. A criação de grupos alargados de amigos e a contínua troca de experiências permitiu melhores capturas a alguns dos nossos pescadores mais jovens e também levou a realização de bons momentos de tertúlia. É claramente a semente para uma nova mentalidade de união dentro da nossa classe que penso que será muito útil para fazer frente aos desafios que se nos vão colocar no futuro, sobretudo em termos de legislação, ordenamento do território e ambiente.

Um bem haja a todos os que colaboraram connosco durante esta temporada, e sobretudo aos amigos João Dias (Trutas e Serras) e Miguel Pereira (Ninja Matrix), e esperemos que este defeso sirva para as trutas reporem o seu equilíbrio. Da nossa parte, teremos que estar muito atentos às “más” surpresas legislativas que nos devem estar reservadas, porque certamente que nada nos irá ser anunciado até ser tarde demais (1 de Março de 2012).

Da nossa parte, vamos continuar a trabalhar para que desfrutem de temporadas de pesca mais divertidas e com algumas capturas à mistura 🙂 Agora há que descansar e começar a preparação para o próximo ano.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.