Na minha última visita à zona de Bragança, tive oportunidade de visitar o Rio Tuela, no troço entre a Hidroelectrica das Trutas e o limite do Parque Nacional de Montesinho. O panorama era altamente promissor, pois o rio estava com um bom nível e como tal as correntes estavam bem animadas. Ao mesmo tempo, também verifiquei que não faltavam poços com alguma dimensão, juntamente com um ou outro açude mais interessante.
Enfim, o cenário parecia-me o ideal para tentar algumas trutas e como tal decidi avançar com o meu equipamento normal de spinning: cana de 1,8 metros, linha 0,18 da Fendreel e X-Rap RT. O plano era tentar entrar algures para montante da mini-hídrica e depois fazer o troço para montante. Os primeiros lançamentos começaram a sair por volta das 7h30. Estava sozinho e como tal, não havia concorrência para me preocupar. Os locais eram, na sua maioria, de difícil acesso (trilhos de javalis e lobos) e parecia que a parte da manhã ia correr muito bem.
Foi só parecer 🙂
Durante mais de 2 horas, coei água de todas as formas e feitios. Tentei rapalas de 3cm, depois Mepps Aglia nº 1 e 2, e nada mexeu. Se no inicio ainda pensei que as trutas estariam bastante desconfiadas, passado algum tempo comecei a notar que não havia qualquer sinal evidente de peixe no rio, quanto mais trutas!! Rapidamente a minha atenção começou a virar-se para a qualidade da água e notei que algo não estava bem. A temperatura era ideal, mas a cor da água era muito escura para um rio de montanha que vinha do Parque Nacional. Ainda pensei que talvez a neve fosse um factor condicionador daquela situação, mas à medida que fui entrando em zonas de maior corrente, vi muita espuma densa a circular … Pareceu-me claramente poluição, mas não podia ser!! Ou podia??
Enfim, fiquei sem saber muito bem o que fazer. O aspecto do rio não era o mais limpo e havia muito lixo acumulado nas margens. Como tal, a vontade de pescar por ali esmoreceu e fui à procura de zonas mais interessantes. Tentei de tudo e nada resultou.
No final, só ficou a dúvida … há trutas naquela zona do Tuela, ou há mas é poluição a minar um rio com grande potencial??
Se alguém souber a explicação e a quiser partilhar connosco, é bem-vindo 🙂
Gostávamos de saber se vale a pena lá voltar, porque o caudal e a sequência de correntes e poços na zona tem um elevado potencial para a pesca!

Bem meu caros eu posso contar algo que já me contaram por varias vezes sobre esse e outros cursos de água nessa zona transmontana. Numa das minhas viagens para esses lados foi me comunicado pelo proprietário de um Restaurante (Cinco Crôas) que (já foi tempo de se tirar bom peixe, belas trutas mas “eles” botam tudo para o rio, desde lixo aguas de lavar as cortes etc). Julgo que perante este flagelo torna se difícil para qualquer um de nós tirar um único peixe.
Tenho um conhecido que vejo todas as semanas, que é natural de Vinhais, quando questionado sobre o Rio Tuela as suas palavras foram -“já foi bom agora tá queimado pelo desenvolvimento”.
Perante isto pensem o que quiserem. Nunca vi nada só contei o que me contaram, se fosse só uma pessoa a contar…………
Abraços a todos
Que pena…quando la pesquei a uns anos era um rio cheio de potencial…tinha poços de agua cristalina onde se tirava uma quantidade consideravel de trutas e de boa qualidade tambem…
Uma vergonha destruirem um rio desses.
Abraço
Boas,
Eu vivo em Bragança e costumo pescar nestes rios transmontanos. Devo dizer que, de facto, já lá vai o tempo de se tirarem boas trutas. Este ano, em fins de Março fui pescar uma manhã para a zona da Moimenta, na zona mais a montante do rio Tuela, e vimos várias trutas mortas no rio, que deviam ter morrido poucos dias antes. Uma vergonha… Algumas de tamanho considerável (cerca de 35cm). Provavelmente envenenadas, não faço ideia.
A verdade é que a zona que eu mais aconselho para a pesca neste rio é na reserva, entre Fresulfe e Dine, ou para montante. Se pretender voltar a este rio, aconselho que o faça no Verão (Junho ou Julho). Aí as trutas estão muito mais activas.
Contudo, o rio que eu mais aprecio para a pesca é o Baceiro. É um rio mais difícil de pescar, mas ainda no final do ano passado tinha uma densidade de trutas considerável.
Mas, claro, isto é só a minha opinião..
Abraços para todos!
boa noite, nunca pesquei no rio tuela mas conheço quem já tenha pescado e dizem-me que alem dos problemas ja referidos o rio sofre problemas a nivel da pressao intensa de pesca dou-vos 2 exemplos:
-uma vez estava o meu avo a caçar perto do tuela ha 20,25 anos em outubro e estavam a comer umas perdizes e no fim um dos mochileiros perguntou-lhe se ele não queria grelhar umas trutas que bastava ele colocar umas bombas no rio e ja tinha as trutas e que era algo que normalmente se fazia…claro que o convite foi recusado
-há,pelo menos, 1 restaurante perto de bragança que serve trutas “autenticas” o dono, diz que passa 1 semana a pesca-las pelos rios transmontanos sendo verdade ou não todos sabemos que é ilegal e penso que isso nao se passa nas outras regiões truteiras.
Enfim, mais do mesmo neste nosso país e sobretudo numa zona dentro do Parque Nacional de Montesinho.
Isto só para dizer que os parques pouco ou nada fazem para resolver ou inverter este tipo de situações. Ainda estou para ver um rio que, depois de estar poluído e ser alvo de vários atentados ambientais, seja totalmente reconvertido para uma situação de total equilíbrio natural por uma entidade gestora de um parque no nosso país. Até gostava que o Tuela fosse o primeiro!!
Mas como nós sabemos, as trutas não dão fundos comunitários, nem apoio governamental, nem grandes empregos. O que interessa mesmo é ter uns lobozitos metidos numas jaulas para se dizer que se está a fazer um grande trabalho! Os lobos, os abutres e as lontras é que são bichos sexys! Mas nada de os soltar a sério no entorno natural, senão ainda vão ter a um rio mais poluído e morrem envenenados, sendo depois a culpa atribuída aos pastores, aos agricultores, aos pescadores e aos caçadores que são as “personas non gratas” nestas zonas.
Enfim, como em tudo neste país, descura-se o essencial e trata-se do acessório. Penso que está na altura de mudar mentalidades! Enquanto existirem situações como as do Tuela, acho que muita coisa está mal na política ambiental que anda a ser seguida neste país. Com água poluída e atentados ambientais sucessivos, não há qualquer possibilidade de pensar em equilíbrio num ecossistema. Andamos a tapar o sol com a peneira!
Um abraço e obrigado pelo testemunhos,
Concordo plenamente. E sim estao a tapar o sol com peneira. Digo-vos ja meu caros, no que diz respeito as ETAR’s acho que e a maior palhaçada que pode haver!!! Tratam a agua? Eles tratam mase de encher os bolsos porque a agua nao tratam de certeza, ou pelo menos em condiçoes!!! Eu logo envio umas fotos de aguas que saem das ETAR’s para os rios para verem se acham que sao aguas tratadas! As vezes ate tenho nojo de pescar em zonas proximas dessas entradas! Uma vergonha autentica. Podiamos ter rios com uma qualidade impressionante…nao me venham com tretas que as lontras, os corvos marinhos e afins sao os responsaveis pela falta de peixe! O problema esta nesses anormais que deitam tudo para os rios e num outro grupo de anormais que apanham tudo o que mexe (mas isso ja e tema para outra discussao).
Um abraço a todos e vamos falar para ver se as coisas mudam!!
Obrigado João por este input precioso.
Concordo consigo plenamente. As ETAR’s são neste momento um dos piores cancros dos rios truteiros.
Se antigamente muito do lixo produzido no meio rural (fossas, explorações de gado, etc.) passava de forma progressiva pelo filtro natural da terra até chegar ao rio, agora não é assim. Neste momento, com o saneamento público generalizado, temos autênticos pipelines de matéria química e orgânica a serem canalizados, em quantidades maciças, directamente para o rio. Perante esta situação, as ETAR’s são a última salvaguarda ecológica desse mesmo rio. Caso elas não funcionem de forma eficiente, então os rios, e especialmente as trutas, têm a sua sentença de morte assinada no médio prazo.
Já tenho falado neste assunto várias vezes e para mim algumas das situações mais confrangedoras em rios truteiros são as ETAR’s do Sabugal e de Ponte da Barca, mas, infelizmente, não são as únicas!! As ETAR’s construídas no nosso país foram uma autêntica aberração e neste momento, ou não funcionam, ou então funcionam de forma errada, libertando dejectos mal tratados ou encharcados em componentes químicos que nada trazem de bom para a fauna aquícola. Os problemas são de vária ordem, mas desde logo o mais grave foi a falta de planeamento e visão estratégica de quem trata do ambiente neste país. Avançou-se para este tipo de solução por uma questão de moda e porque era preciso sacar fundos comunitários e alimentar o lobby da construção cívil à custa destas obras. Aliás, muito dos projectos não foram seguidos na íntegra ou foram construídos com materiais de má qualidade para sacar o lucro fácil. O objectivo nunca foi proteger o rio e a sua fauna, tanto é assim que nalgumas zonas imediatamente para jusante das descargas das ETAR’s não existe uma truta. Só quando aparece um açude ou entra uma linha de água limpa no rio é que elas voltam a aparecer, devido ao aumento da oxigenação.
Com este tipo de mentalidade no nosso país, faz muito sentido que o investimento em ETAR’s tenha estagnado à medida que os problemas ambientais nos rios se agravam. Se as preocupações ambientais fossem genuínas, certamente que se teriam já corrigido muitos dos erros, em termos de design e funcionamento as ETAR’s. Mas não é!! Agora que os pipelines estão claramente virados para o rio, não ter um controlo eficaz na filtragem dos dejectos é o maior crime ambiental que se pode estar a cometer!! Criamos um problema muito grande e para o qual não temos solução credível.
E a solução não é muito difícil: controlem por favor a qualidade das águas acima e abaixo das descargas das ETAR’s (à saída do tubo e a 100 metros – não é trazer a amostra de casa!!) e apliquem medidas objectivas para todos os elementos tóxicos e matéria orgânica (não só nocivas para os seres humanos, mas também para os peixes). Se mesmo assim não encontrarem qualquer tipo de problema, então dêem a água da descarga da ETAR a beber durante um ano a um político que tenha aprovado a sua construção. Se ele ainda cá estiver passado um ano, então está tudo muito bem 🙂 e fica o assunto já arrumado. Senão, temos que fazer mais e melhor, mas de forma séria, com projectos customizados e certificação ambiental internacional. Nada de amadorismos!!
Paremos de tapar o sol com a peneira! Há que multar os poluídores e tomar medidas sérias para resolver esta questão. É a nossa saúde e o futuro do nosso país que estamos a minar com estas políticas de encher o bolso.
João, assim que tiver essas fotos, envie-mas que eu terei todo o gosto em publicá-las na íntegra, juntamente com o texto que achar conveniente. Nunca é demais voltar ao ataque nesta questão.
Um abraço,
Claro que sim vou preparar um post sobre este flagelo.
Abraço.
Não esquecer as ETARS DAS METALÚRGICAS que foi uma realidade que eu conheci muito de perto. Apesar de existir legislação impondo a construção de ETARS para tratamento das águas das CROMAGENS, NIQUELAGENS, LACAGENS, ANODIZAÇÕES e outras indústrias altamente poluidoras das linhas de água e das próprias terras, a FISCALIZAÇÃO FOI E É PRATICAMENTE NULA (adivinhem lá onde já estamos “carecas” de ver isto!?)
Desculpas:
Aquela “coisa” da crise que causa “insuficiência financeira” e que provoca “incapacidade” para adquirir produtos próprios para funcionamento das ETARS…
A verdade:
ETARS construídas com erros grosseiros de concepção tendo como resultado que a grande maioria delas não chegasse sequer a trabalhar uma única vez -Tendo sido construídas com dinheiros da CEE e do Estado(todos nós),
houve situações de compadrio e corrupção que conduziram áquela situação; Seria muito exaustivo aqui identificar todas essas “condutas” de comportamento de ATENTADO LESA/NATUREZA tendo como abjecto intuito o enriquecimento fácil e criminoso.
Vejamos:
Se traçarmos, no mapa, uma linha de Braga a Sto. Tirso, passando por Famalicão; de Sto Tirso a Felgueiras; daqui até Guimarães;daqui até Póvoa do Lanhoso; e finalmente daqui até, novamente, a Braga,vê-se um “perímetro de morte” onde rios, ribeiros, veios e qualquer linha de água e até as próprias terras estão mortos, ou na “melhor” das hipóteses moribundas,por dezenas e até centenas de anos.Durante muito tempo trilhei esta “rota de morte” quer profissionalmente quer em pesca e todos os dias também morri um pouco com o que sabia e que via. E não é só nesta Região Norte… outras há no Centro e no Sul.
E então, companheiros, o que vamos fazer? Vamos continuar a “carpir as nossas penas”, ou vamos reagir antes que as nossas trutas(e todos os outros nossos “amigos”) e até os nossos filhos tomem uns “belos banhos” de ácido súlfúrico, entre outros,além de eventualmente serem “estimulados” por um par de petardos?!
È tempo de nos unirmos e fazermos frente a este mal-parado futuro(?) e construirmos outro.
Contem comigo!!!
Obrigado por este testemunho, Teixeira.
Penso que poderá estar na altura de prepararmos algum documento mais estruturado sobre esta questão para ser entregue a quem de direito, acompanhado possivelmente de uma reportagem nalgum canal televisivo ou na rádio sobre esta matéria. Para termos maior repercussão, teremos que ter, não só algumas evidências fotográficas e narrativas, mas também algo mais científico, como análises químicas e orgânicas, realizadas por gente competente e qualificada, em zonas de controlo específicas ao longo dos rios.
Vamos falando e logo arranjaremos uma forma de por isto tudo em prática. Se entretanto, tiverem material suficiente para criar um post, com fotos e provas claras, avancem, e enviem-me o material por email para mplaferreira@yahoo.com, que eu depois publico tudo.
Um abraço,
http://www.youtube.com/watch?v=3xofD-8__Nc
vejam o que aconteceu na Ferreira.
Isto foi causado por uma ETAR?
Desde já gostava (se possível)um post sobre o rio onde aprendi a pescar o Ferreira já foi em tempos um bom rio, um rio onde saíram grandes e boas trutas condições não lhe faltam. Tenho comigo fotos que posteriormente enviarei por mail, mas julgo que já tem matéria para poder fazer algo”dar voz” a quem nada pode fazer os peixes.
Desde já o meu muito obrigado pela voz.
http://paredes.pcp.pt/2011/08/tomada-de-posicao-sobre-poluicao-rio-ferreira/
http://quintadaribeira.blogs.sapo.pt/tag/rio+ferreira
http://pcplordelo.blogspot.pt/2011/09/poluicao-do-rio-ferrhttp:
//
http://www.verdadeiroolhar.pt/materias.php?id=13591&secao=paredeseira-miguel-correia.html
Já agora mais um link que pode ser util.
http://pcplordelo.blogspot.pt/2011/09/poluicao-do-rio-ferreira-miguel-correia.html
Obrigado
Sim a ETAR de Arreigada-Paços de Ferreira bastante antiga tem vários problemas que deviam ser resolvidos de uma vez por todas.
Obrigado Takayuki.
Vou tratar disso amanhã sem falta. Está na altura de se fazer alguma coisa perante este tipo de situações.
Um abraço,
Sim, o ideal e juntarmos-nos e cada um tira fotos e faz videos das entradas das etares e esgotos que conhece. Evia-se tudo para o trutas e depois tem que se elaborar um documento para expor em publico. Esta na altura!Temos de arranjar maneira de elaborar isso apesar de estarmos longe uns dos outros. Da minha parte, consigo algumas “boas fotos” de rios e ribeiras da zona centro.
Abraço.
Penso que não deva ser feito dessa forma, até porque cada curso de água tem os seus problemas, no caso do Rio Ferreira não só há problemas com a ETAR como também com esgotos directos para o rio, água de maquinas de roupa directa para o rio e etc. Fica a minha opinião.