Pesadelos com o Ultra Light Minnow no Rio Vez!

Pesadelos com o Ultra Light Minnow no Rio Vez!


Com o Rio Lima a apresentar uma corrente violentíssima, devido às grandes descargas da Barragem de Touvedo, resolvi rumar ao rio Vez. Queria pescar ao rapala, para experimentar os novos Ultra Light Minnow, e como tal pensei que o Vez fosse uma boa opção. Com as chuvas fortes das últimas semanas, parecia-me que as condições em termos de caudal seriam as ideais para por as trutas a mexer e ver os rapalas a funcionar no máximo da sua forma. O problema era a pressão de pesca … aonde é que eu podia me entreter durante umas três horitas??

Com o céu encoberto e com alguma chuva miudinha a cair, pensei que, se calhar, valeria a pena bater o troço dentro dos Arcos de Valdevez. A sequência de correntes e quedas de água (açudes) estava mesmo a pedir. Apesar deste ser um local com uma pressão de pesca tremenda e aonde se realizam provas de pesca desportiva às trutas, senti que poderia trazer alguma novidade especial, especialmente porque iria estar a usar um isco novo.

Bem, comecei a pescar eram 9h30 e arranquei da zona a jusante dos Arcos de Valdevez. O plano era pescar cerca de 500 metros para jusante, de forma a cobrir a totalidade da corrente que começa na Ponte da Nacional e depois lá iria rumar a montante para cobrir o troço principal. Equipei-me com o material de spinning normal; cana de 1,8 metros, linha 0,18 da Fendreel e o Ultra Light Minnow de 4,5 cm.

Desde logo, fiquei super bem impressionado com a natação e performance do Ultra Light Minnow. Os lançamentos eram equilibrados e conseguiam alcançar distâncias razoáveis, devido à boa distribuição do peso pelo peixe artificial. A natação agradou-me imenso, com movimentos laterais bastante pronunciados e com um capacidade para afundar de forma bastante lenta e equilibrada. Ou seja, pareceu-me pura beleza dentro de água. Só faltava saber se as trutas iriam responder.

E começaram a responder … mas não como eu queria!! À medida que fui descendo a corrente, levei dois toques e num deles, a truta seguiu a amostra, eu parei-a, a amostra manteve-se suspensa com um lento movimento no sentido descendente e a truta atacou de forma feroz. Tentei cravar, mas soltou-se rapidamente! Foi um momento intenso!! Isto em 30 minutos de pesca. Não vi grandes densidade de trutas e a actividade era muito pouca, como tal resolvi avançar para montante a caminho das correntes de seixo, a caminho do primeiro açude no centro dos Arcos.

Bati as primeiras correntes milimetricamente, mas nada. Só na fase final, e numa das correntes mais fortes, onde existia uma maior profundidade, é que levo mais um toque de uma truta, que se consegue descravar do Ultra Light Minnow. Era pequena, mas já estava a ser coincidência demais. Ainda olhei para os anzóis … no entanto a perfeição dos triplos era inegável. Algo não estava a correr bem!!

Enfim, lá cheguei ao primeiro açude. Comecei a lançar para a queda de água. No primeiro lançamento, nada mexe. No segundo lançamento, nada mexe. No terceiro lançamento, para a zona mais funda, sinto um toque ligeiro mal a amostra começa a ser recuperada, continuo a recuperar, aplico mais força e noto pressão do outro lado. Cravo, levanto a cana, mas de repente, sinto uma inversão forte no peixe, um arranque brutal, tento afrouxar o travão, a cana dobra ao máximo e a linha parte quando vejo um vulto negro com um tamanho descomunal a passar à minha frente com o rapala na boca. Até fiquei cego da vida … a cana voou logo 5 metros … Parecia impossível! Nem tive oportunidade de identificar o peixe!!

Bem, depois de recuperar o juízo, resolvi voltar ao assunto. Iria bater mais um bocado a zona e desta vez meti o Ultra Light Minnow de 6 cm. Primeiro lançamento para a direita e nada. Segundo lançamento para a esquerda e nada. Terceiro lançamento para a frente, na zona mais funda, começo a recuperar e quando a amostra vem a meio caminho, sinto um puxão descomunal na linha, tento levantar a cana e a linha parte logo tal a força brutal do arranque!!!!!!

Meus amigos … a cegueira foi total!! Dois rapalas novos à vida em menos de 5 minutos?? E eu sem hipótese nenhuma?? Salmão, marisca com tamanhos monstruosos?? Mas como é que era possível? Tinha que ser qualquer coisa!! Lá comecei a abrir o olho e a movimentar-me para ver o que se passava. Entretanto, também meti o CD-3 e destravei completamente o carreto. Depois de algumas tentativas, lá vi as bestas responsáveis pela despesa do dia; barbos com um tamanho descomunal acardumados para a desova. Um deles ainda se voltou a atirar ao CD-3, arrancou com ele na boca, deixei-o ir, dobrou o triplo e pirou-se … Era cada besta … e eu não tinha material para aquilo. Só com linha superior a 0,25 ou 0,3 é que me podia safar e mesmo assim tenho algumas dúvidas.

Pura loucura. Ainda fiquei por ali durante algum tempo a tentar a sorte e a ver o que se passava, mas não vi nenhum ambiente de truta e os barbos já estavam picados. O que eu queria mesmo era ver se recuperava os rapalas perdidos … nunca me deu tanta vontade de meter uma rede dentro de água 🙂 🙂 Ficou comprovada a eficácia dos Ultra Light Minnow para os barbos do Vez, mas não era atrás destes meninos que eu andava!!

Já com a hora do almoço a aproximar-se, ainda fiz mais duas quedas de água. No entanto, só se viam barbos em actividade e as trutas estavam muito manhosas. Pareceu-me claramente que a pressão de pesca tinha feito estragos suficientes por ali e que o dia também não era o melhor para as trutas. Havia que partir e com o cabedal quente. Por ali, só ficavam os pesadelos de dois rapalas perdidos em barbos monstruosos e triplos dobrados … Quem os achar, já sabe quem é o dono 🙂 🙂

Nunca vi uma estreia tão amaldiçoada para amostras novas … o que vale é que ainda tenho mais algumas 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.