Depois de umas horas de pesadelos no Rio Vez, estava na hora de voltar ao rio Lima para ver se as coisas tinham melhorado. Já eram 15 horas e pensei que a Barragem de Touvedo já tivesse perdido algum fôlego, no entanto, enganei-me. O rio continuava a correr com uma força brutal. Até me parecia que tinha ganho mais força durante a tarde.
Enfim, sem muitas mais opções na minha cabeça, resolvi mesmo assim atacar o Lima. Não o ia fazer na zona de Ponte da Barca, porque a força da corrente e a cobertura das margens não me permitia uma pesca minimamente eficaz e portanto, resolvi avançar para um local de pesca já perto de Ponte de Lima. Interessava-me encontrar uma zona de pesca com corrente, pouca profundidade, mas sobretudo muitos obstáculos e espaço livre para lançar sucessivamente e bater bem a massa de água.
Cheguei à zona por volta das 15h30. Em vez de pegar no material de heavy spinning, peguei de imediato no material de light spinning e encaminhei-me para jusante. Não queria assustar as trutas, mas sobretudo atraí-las e pareceu-me, instintivamente, que o light spinning era uma melhor opção. Enfim, maluqueiras 🙂 A ideia era bater só para montante, aproveitando ao máximo toda a largura da margem, de modo a conseguir afundar a amostra minimamente, para que ela não passasse muito distante do nariz das trutas. Procurei sobretudo trabalhar a corrente, perto da margem, onde apresentava menos velocidade, do que a zona central do rio, onde a velocidade era estonteante nalguns pontos concretos.
Foram saindo os primeiros lançamentos. Num primeiro momento, quis comprovar o funcionamento da amostra e qual a melhor técnica a aplicar na recuperação e no trabalhar do isco. Os resultados não tardaram muito. Num lançamento para uma zona com um pequeno redemoinho junto à margem, tenho um pequeno toque. Volto a insistir e desta vez uma cravadela. Corrida para a esquerda, corrida para a direita, mas a truta era pequena e rapidamente chegou à minha mão. Com cerca de 16 cm, voltou logo para o seu ambiente natural. Um lindo exemplar, a confirmar que apesar da corrente brava, elas andavam por ali.
Depois desta primeira truta, desloquei-me um pouco para montante, e mais uma vez junto à margem, outro toque e outra cravadela. Desta vez, segurei-a, pois aproveitando a corrente que lhe era favorável, tentou meter-se numas raízes perto da minha margem. Era mais uma bonita truta de 19cm.
Com a segunda captura a ocorrer passados 3 minutos da primeira, comecei a animar e resolvi insistir nos sítios que me pareciam mais produtivos. O resultado foi favorável 🙂 Numa zona com uma pequena baía junto à margem e com uma corrente menos forte, sinto um bom toque, após o início da recuperação. A amostra vinha mesmo no seguimento da corrente e a truta atacou debaixo para cima. Levantei a cana, cravei e com alguma calma, coloquei-a ao alcance da mão. Já não ia fugir. Era uma bela truta com 23 cm.
Com mais esta captura, pensei que o dia estava garantido, mas nada disso. Apenas consegui tirar mais uma truta pequena, logo a seguir à captura de 23cm e mais nada. A corrente foi batida intensivamente, mas de repente deixei de sentir trutas. Parecia que o peixe tinha encostado.
Ainda avancei um pouco mais para montante, à procura de uns grandes poços onde se se congregam algumas mariscas, salmões e trutas de bom tamanho, mas nada mexeu. Apliquei o heavy spinning com colheres de 18 gramas, mas de pouco valeu. Consegui ainda vislumbrar duas ou três trutas de 23 cm encostadas à minha margem, no entanto, já estavam muito desconfiadas.
Enfim, rapidamente comecei a pensar que o dia por ali estava terminado. Quatro trutas do Lima, apesar de terem um tamanho pequeno, não era nada mau para um dia com descargas contínuas e fortes. Interessava-me sobretudo o desafio de pescar com estas condições, mais do que as capturas propriamente ditas e portanto, no final, até fiquei bastante satisfeito.
Agora é só esperar por dias mais calmos no Lima! Quando as águas voltarem ao seu ritmo normal, certamente que as oportunidades serão maiores para realizar uma pescaria de qualidade. Lá voltaremos 🙂
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