Final de tarde no Lima com três peixes diferentes.

Final de tarde no Lima com três peixes diferentes.

Com as 6 horas a dar no sino da Igreja e com um dia de pesca não muito bom a terminar, achei que valia a pena fazer um último esforço a montante de Ponte de Lima. Há sempre um local com boas correntes à minha espera quando vou a descer o Lima, e o Torres também o conhece bem, pois esteve lá comigo há pouco tempo. Para ele, é zona de savelhas e para mim, é zona de trutas e de alguns bons exemplares que algum dia hão-de terminar às minhas mãos.

Como não tinha muito tempo, mantive o material de light spinning que trazia da parte inicial do dia e resolvi, entrar directamente à zona dos açudes e poços profundos. Foi logo no primeiro açude que comecei a lançar de forma seguida, tendo mesmo aproveitado a inexistência de descargas em Touvedo para explorar as correntes da zona central do açude. Bem palmilhei a zona da esquerda para a direita, mas sem resultados práticos. As trutas não estavam ali e tão pouco se via actividade de peixe na zona.

Perante isto, resolvi avançar para montante e entrei num pequeno rochedo que entra pelo rio adentro e concentra o caudal substancialmente. De cima dessa pedra, fui batendo a corrente, mas sem resultados práticos. Finalmente, já por descargo de consciência, lanço para a margem. A amostra cai mesmo encostada à areia por debaixo das árvores, começo a recuperar e sinto luta imediata do outro lado. Era bicho forte!! Levantei a cana, afrouxei o carreto e começaram as corridas. Esquerda e direita, de forma seguida. Durante dois minutos fui controlando o peixe e tentei trazê-lo até ao local onde me encontrava, mas estava difícil. Ao final de algum tempo, cansei-o e comecei a vê-lo. Era um barbo de 30 e poucos centímetros. Saquei de camaroeiro, fui-o encostando à minha pedra e quando estava para o meter dentro do camaroeiro, a colher salta fora da boca do peixe. O barbo lá se foi embora de forma lenta e eu fiquei com uma amostra nas mãos com um das pontas do triplo dobrada. Mais uma palhaçada à conta da falta de controlo de qualidade da Mepps, no que diz respeito a anzóis. Bonito serviço!

Bem, rapidamente me recompus desta situação e avancei para o poço maior, onde também se encontrava o açude mais interessante. Os primeiros lançamentos começaram a sair à procura da outra margem. Fiz várias tentativas, mas nem toque. Apenas vi uma ou outra savelha de tamanho razoável a perseguir o isco. Estavam algumas trutas debaixo das árvores na minha margem, mas mal viam a colher, procuravam refugio noutras partes. O final de dia não estava a correr bem, mas eu não parei de insistir.

Entretanto, meti-me em cima de uma grande pedra que me permite dominar a corrente mais profunda, à medida que entra no poço. Fiz cerca de 10 lançamentos e não vi nada na zona. No décimo primeiro, a colher já estava quase a chegar à pedra, vejo um raio a sair da minha esquerda, atira-se à colher com uma voracidade tal, que salta fora de água e fica pendurada a vibrar com uma força brutal que até me assustou. Nem lhe dei espaço … apesar de estar com 0,12, meti-a logo para espaço seco atrás de mim e só então me dei conta da beleza do peixe. Uma linda truta de 28 centímetros. Uma truta completamente doida …

Com esta captura, ainda bati um pouco mais a mesma zona, mas sem resultado. Estava na altura de avançar para a queda de água do açude. Era ali que iria fazer as minhas últimas façanhas 🙂

Realizei os primeiros lançamentos mesmo para a queda de água, mas nada mexeu. Cheguei a meter rapala, mas depois voltei à colher. Ainda vi o que me parecia ser um bom sável ou savelha a seguir a amostra, mas sem abrir a boca. Já depois de vários lançamentos, resolvi insistir numa zona com pouca corrente, mesmo junto à queda de água. A colher cai na água e imediatamente arranca na boca de um peixe. Levanto a cana, deixo o carreto trabalhar e tento seguir o peixe para montante. Ele fez a sua corrida, mas pareceu-me que não tinha muita força. Começo a aumentar a pressão do carreto e a puxar pela cana, de modo a conseguir visualizar o que estava na ponta da linha. Em cerca de 1 minuto, vejo um barbo na ponta da linha. Desta vez, estava bem cravado e como os anzóis não falharam, tive a oportunidade de o meter para dentro do camaroeiro. Com 25 centímetros, já era um exemplar razoável para dar alguma luta no 0,12.

Com o barbo capturado, resolvi cortar a parte final da linha e voltar a atar a amostra. Lá voltei ao mesmo sítio, lançamento para montante, amostra a chegar à minha beira e já a sair fora de água, um peixe ataca e aparece pendurado no ar a olhar para mim. Era um lindo achigã de 21 centímetros que estava mesmo na queda de água. Nunca pensei que tal fosse possível, pois normalmente concentram-se em águas paradas, mas este era de águas correntes 🙂

Com esta captura, e o dia a chegar ao fim, achei que já não valia a pena insistir muito mais. Ainda fiz mais dois lançamentos e vi mais um achigã encostado à minha pedra, mas não quis morder.

A pescaria de final do dia tinha sido interessante em emoções e variedade. Numa mesma zona, tirei três espécies diferentes: truta, achigã e barbo. Todas elas com Mepps Aglia nº1.

Há dias assim 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.