No mês de Agosto, tive a oportunidade de passar por Viseu para ver a Feira de São Mateus e como tal não quis deixar de lado a possibilidade de poder comprovar como estava um dos mais publicitados planos de recuperação ribeirinhos para a pesca à truta. Estou a falar, obviamente, da recuperação do Rio Pavia, que tanto destaque mereceu por parte dos media e que levou mesmo à criação de uma concessão de pesca desportiva.
Desde logo, o mais importante na recuperação do Rio Pavia, foi a limpeza e a reestruturação das suas margens. Desde logo, verificamos que aquilo que era um curso de água cheio de lixo e totalmente deixado ao abandono, já começa apresentar níveis razoáveis oxigenação e margens bastante interessantes para uma caminhada de fim de tarde, especialmente nas proximidades de Viseu.
Quanto à introdução de trutas e à tentativa de criar condições para o exercício da pesca desportiva desta espécie, considero o objectivo difícil, mas não impossível. A falta de grandes açudes ou poços neste rio, associados aos baixos caudais do Verão são condicionantes importantes para a manutenção de uma população saudável de trutas. No entanto, isto não significa que não sejam tomadas medidas para melhorar de forma artificial este tipo de questões e certamente, os resultados poderão surgir no médio e longo prazo, tornando a pesca à truta numa realidade turística sustentável. Efectivamente, se consultarem o edital de exploração da concessão de pesca desportiva no rio Pavia, podem claramente comprovar que a truta é uma espécie mencionada. Para os mais curiosos, o edital segue abaixo:
Em termos daquilo que vi, e naquilo que considero ser um dos poços mais interessantes da concessão de pesca, parece-me que há ainda muito a fazer para estabilizar uma população de trutas sustentável neste local. A abundância de carpas no local, a cor ainda lodosa da água e a permanência de lixo nas margens, foram factores que me deixaram muita má impressão. Normalmente, estes são aspectos que em nada ajudam ao desenvolvimento das trutas. De facto, não vi qualquer aspecto de truta na zona.
Perante esta realidade, parece-me que muito ainda tem que ser feito para pensar em termos trutas de forma sustentada neste rio. Considero que as carpas têm que levar um sério desbaste e devem ser substituídas por escalos, bordalos e bogas. Simultaneamente, deve-se controlar e tentar eliminar os focos de poluição que ainda existem. Posteriormente, devem-se criar alguns pequenos açudes em locais estratégicos e limpar potenciais zonas de desova, ou criar zonas de desova artificial metendo areão grosso nas correntes.
Enfim, estas são algumas ideias, entre outras que podem surgir para começarmos a pensar neste local como um destino obrigatório para a pesca desportiva da truta em Portugal. Para já, parece-nos que ainda há muito a fazer … mas também o mais difícil foi começar e portanto agora só falta acabar 🙂
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