Dia 2 de Março de 2013. Depois de uma manhã totalmente infrutífera no Rio Mouro, resolvi que tinha que andar para zonas mais familiares e onde as águas pudessem estar mais quentes e menos batidas. Sem um plano definido, achei que o Neiva seria uma boa opção, especialmente na sua zona mais baixa, mas também tinha um amargo de boca relativamente ao Coura, pois a abertura tinha sido abaixo das minhas expectativas. Portanto, iria passar pelo Coura e se as coisas estivessem complicadas, avançaria para o Neiva.
Para não desperdiçar totalmente a minha deslocação ao Mouro, resolvi passar pela Olicacipesca e reabastecer o meu stock de amostras e linhas. Entre Mepps Aglia e alguns novos modelos da Rapala, fiz uma safra razoável que acabou numa conta de 50 euros. Enfim, antes nisto do que noutras coisas 🙂
Depois de esvaziar os bolsos, já ia mais leve e como tal fui ponderando com mais calma onde é que poderia deitar a linha no Coura. Ainda ponderei voltar ao local onde fiz a abertura, mas nada disso. Com a entrada do fim de semana, certamente que não faltariam pescadores a bater os mesmos sítios 50 vezes. Tinha que ir para um local de mais difícil acesso e portanto resolvi atacar na zona do Sopo. Cheguei ao local por volta das 14h00 e rapidamente me preparei para atacar o rio. Iria começar com material mais pesado e caso a coisa começasse a descambar, iria recorrer à artilharia mais leve.
Os primeiros lançamentos saíram no açude do costume, junto ás casas de férias. O X-rap começou a trabalhar bem e o caudal era o suficiente para que as trutas estivessem activas. A Central de France estava a debitar qb. Durante os primeiros 15 minutos de pesca, nada mexeu. Só posteriormente, e junto a uma árvore tombada para dentro de água é que vi a primeira truta de tamanho razoável a mexer ao rapala, mas sempre com distância de segurança. Entretanto, fui avançando para montante e a corrente intensificou. Comecei a ver mais movimento de trutas dentro de água, mas o rapala não as estava a convencer. Tive que mudar de artilharia, e meti o fio 0,12 da Fendreel e uma Mepps Aglia nº1. Foi obra mágica 🙂 No lançamento seguinte, meto a colher num canto do outro lado da margem e deixo derivar para uma corrente entre duas árvores caídas dentro de água. Mal a colher chega ao ponto central da corrente, sinto um puxão forte e salta logo uma truta fora de água. Nem foi preciso cravar. Comecei a trabalhar a truta com a cana ao alto, tirei-a para fora dos ramos e das árvores, e ela foi cedendo terreno. Quando já estava cansada, encostei-a à margem e de deitei-lhe a mão. Tinha capturado um excelente exemplar do Coura.
Depois desta captura, o sentimento animou e fui batendo as correntes para montante com outro afinco. Levei mais 4 toques e consegui cravar mais duas trutas de pequeno tamanho. As trutas estavam especialmente activas e não pareciam ter sido muito picadas no dia anterior. Isto, apesar de eu ter visto as margens calcadas. Se calhar, estavam simplesmente mais activas por questões de pressão atmosférica, lua ou aumento da temperatura da água.
Fui pescando até me aproximar da Central de France. Quando a corrente se tornou demasiado forte, resolvi voltar ao local de partida e pescar um pequeno troço para jusante. Ainda fiz alguns lançamentos com a colher no açude, por uma questão de descargo de consciência, mas nada mexeu. Ali não queriam nada comigo, mas eu tinha suspeitas de que parava por ali alguma boa truta. O ano passado tive um toque que quase me arrancou as canas da mão, e o bicho não deve andar longe.
Para montante, comecei a trabalhar as correntes, metendo a colher por entre os buracos de árvores da minha margem. Senti logo um toque no início da corrente, e consegui cravar mais uma truta pequena de 16 centímetros que devolvi rapidamente à água. Depois avancei para o final da corrente, lancei para a outra margem e quando a amostra começa a entrar na corrente, sinto um toque e vejo uma truta endiabrada a saltar fora de água continuamente. Tentei manter a tensão, mas ela estava fora de controlo e consegue atirar-se rapidamente para a minha margem e afunda junto a umas raízes do meu lado. Eu só sentia a linha presa. Já estava arrumado!!
A truta certamente que tinha dobrado a linha numa raiz e já se devia ter desprendido. Lá fui recolhendo linha devagar e pus-me em cima do tronco de árvore onde a truta se meteu. Fiz o seguimento da linha e vejo a truta a nadar a cerca de 1 metro de mim com a colher na boca. Ainda tentei forçar a linha, mas estava presa. Saquei de camaroeiro, arregacei as mangas da camisa e durante 15 minutos tentei tudo para a tirar da água. O frio já era mais que muito, pois a água estava gelada, e a truta só me dava baile. Cada vez que via o camaroeiro dava sempre a volta contrária. E só me bastava apanhar a amostra com a rede, mas nada. Lá fui devastando as raízes enquanto andava nesta vida e a truta a fugir sempre. Finalmente, e sem saber como a linha desprende-se e aí a coisa piou fino. Levantei a cana, afastei a truta da raiz e rapidamente a pus ao meu alcance. Já tinha chegado de festa!!
Ter levado esta captura a bom termo, foi um exercício complicado e o dia já começava a aproximar-se do fim. Já nem ponderei ir ao Neiva. Isso tinha que ficar para outra altura. Mesmo assim, ainda fiz mais uma hora de pesca. Com calma, fui batendo o troço para jusante e tirei mais 4 trutas. Duas delas sem tamanho decente e as outras duas com tamanho superior a 25 centímetros. Todas elas tiradas de posições complicadas e arriscando a colher em zonas pejadas por raízes e árvores tombadas sobre o rio.
Enfim, no global, esta visita ao Coura foi bastante produtiva. Mais do que as capturas, fiquei bem impressionado pela densidade de trutas que tive a oportunidade de visualizar. O dia da abertura tinha sido um fracasso nesse aspecto e tinha-me posto a duvidar sobre o que poderia estar a causar esta situação. Com aquilo que vi nesta zona, já fiquei mais confiante e acho que os melhores dias do Coura ainda estão para vir 🙂
boa tarde , ontem tambem fui ao coura e tirei uma truta de 30 e tal cm.depois à vinda para o porto parei 30 minutos no ancora e pesquei mais 2 de 23 cm. este ano , tal como era previsível, esta a correr bem.
Nunca pesquei no Coura, mas espero pescar em breve, como todos os anos vou ao festival acho estranho este rio ter tantas trutas, na zona do festival a poluição é muito elevada.
É dos melhores rios para a pesca à truta em Portugal. A poluição existe, mas ainda não é um factor determinante sobre a densidade de trutas. Convinha realizar uma vistoria severa das ETAR’s e de todas as fontes de poluição que existem no rio, porque um dia destes podemos ter uma má surpresa. É preferível prevenir do que remediar, porque recuperar este rio de um acidente ambiental vai certamente demorar muitos anos!!
🙂 uma boa pescaria. O Coura continua a dar umas boas trutas.
Abraço,
nao acho que o coura tenha muita poluicao.é verdade que tem muitas casas e algumas industrias na parte baixa, mas penso que a situaçao tem , até, melhorado.na zona do festival poderá ter poluicao estetica(latas , garrafas et)mas jugo que isso é pouco relevante, é mais grave algumas gots de certas lexivias e vernizes do que esse tipo de objectos que sao feios e dão má imagem mas que nao estragam por completo os rios.