Depois de uma manhã de abertura no Rio Coura, com sucesso relativo, estava na altura de avançar para o encontro com o Prof. Arlindo Cunha em Ponte da Barca. Eram 12h30, e como o encontro só estava marcado para as 15h30, pois do outro lado havia um compromisso à volta de uma lampreia, achei que podia dar-me ao luxo de dar uma volta no Vez. Talvez devido ao maior caudal e ao facto de o rio ter uma maior largura, a temperatura da água estivesse mais quente e as trutas mais activas.
Ainda pensei em ir logo directo para o Lima, mas tinha quase a certeza que deveria estar de monte a monte, devido ao débito das barragens. Achei que nem valia a pena tentar. O amigo Arlindo ligou-me de Ponte da Barca e acabou por confirmar essa mesma situação e, como tal, nem resolvi perder tempo.
Cheguei ao Vez por volta das 13h30. O rio estava com um caudal interessante, mas com uma corrente inferior à do Coura. Resolvi pescar a jusante dos Arcos de Valdevez, porque para montante não deveria faltar gente e já devia estar tudo mais que batido. Efectivamente, no local onde parei não vislumbrei ninguém, mas pegadas na margem já haviam. Pelo menos, dois pescadores já tinham passado por ali. Mesmo assim, não desmoralizei e resolvi pescar para montante.
Comecei logo pelo açude mais perto e mantive o material que trazia do Coura. Os primeiros lançamentos saíram na zona calma do açude. Tentei vários ângulos e depois lancei para a parte inferior abaixo de uma pequena ilhota e vi uma truta de mais de 30 centímetros a seguir o isco. Ainda deu dois arranques, mas não cravou. Depois, e como a água estava clara, começou a olhar para mim. Nem valia a pena!!
Perante este primeiro sinal animador, bati a queda de água, sem resultado, e resolvi avançar para as zonas mais lentas a montante. Fui lançando o mais longe possível com o X-Rap, mas não via qualquer peixe a mexer-se. A água estava muito clara e as trutas conseguiam-me ver desde longe e potencialmente apercebiam-se de que o X-Rap era algo anormal naquelas condições. Achei que devia, se calhar, tentar um isco mais pequeno. Talvez assim elas se sentissem mais tentadas a morder.
Meti então um CD-3 RT da rapala e resolvi atacar uma zona de corrente lenta com pouca profundidade. Eis que começo a ver os primeiros movimentos e logo um cardume de peixe (7 a 8 peixes) que me pareceram trutas. Mas trutas acardumadas?? Enfim, foram para montante, depois de deitarem o olho ao isco, e eu segui-os. Mais à frente, e numa zona mais encoberta, consigo ver o mesmo cardume e comprovo que se tratam de trutas. Elas não me viram e eu toca a lançar lá para o meio. Dou o primeiro toque de cana e sinto logo uma mordidela. Cana ao alto e truta presa no outro lado. Dois saltos fora de água, mas como estava com 0,18, nem deixei esticar e rapidamente a conduzi até aos meus pés. Uma linda truta de 21 centímetros que me pareceu, pela cor, de repovoamento, especialmente, porque andava em cardume, mas posso estar enganado 🙂
Depois desta captura, animei. Já não ia a seco do Vez, que é sempre um rio difícil nas aberturas. Tive que fazer um intervalo para ir buscar o meu amigo Arlindo ao Restaurante Moinho, mas em menos de 1 hora já estava de volta ao Vez. Resolvemos deslocar-nos ainda mais para jusante e atacamos uma série de correntes.
Aqui fomos surpreendidos por uns bons cardumes de barbos que são presença habitual no Vez. Ainda tentamos convencê-los a morder no rapala, mas não quiseram nada com a amostra. Palmilhamos a margem esquerda com bastante calma e sentimos que o rio estava muito abaixo do seu potencial truteiro, pelo menos por aquilo que estávamos a observar.
De qualquer forma, a tarde estava a correr bem e íamos entremeando conversa com alguns lançamentos. Já no final do dia, e próximo de uma queda de água bastante boa, consigo tirar mais uma truta com o CD-3. Lançamento para montante da queda de água, onde existia uma forte corrente com pouca profundidade, começo a recuperar, e de repente, vejo um peixe a perseguir a amostra. Tenta uma vez, falha, tenta a segunda, falha e quando a amostra já vem a poucos metros de mim, acerta. Foi só cravar, levantar a cana e deixar cair a truta em cima da areia. Mais um lindo exemplar com 22 centímetros. Também de cor idêntica à anterior.
Com esta captura, ainda insistimos em mais uma corrente para montante, mas o sol já estava a cair no horizonte e o frio já se começava a fazer sentir. Achamos que tínhamos que dar a faina por terminada. Iriam existir outras oportunidades para voltar ao Vez e possivelmente com águas mais quentes e trutas mais activas. Para já, não estava nada mal. Duas trutitas numa tarde de abertura, nada mau 🙂 🙂

O Vez é um daqueles locais que me fascinam… não sei porque!
Abraço