Já há muito tempo que não visitava o Rio Ázere. Depois do rio ter sido concessionado, nunca mais voltei a trilhar as suas margens. A última vez que por lá passei foi algures antes de 2005 e lembro-me que fiz o percurso entre a ponte romana e a confluência com o Vez. O resultado dessa pescaria foram algumas trutas pequenas e uma ou outra de maior tamanho já no Rio Vez.
Desta vez, e depois de um desafio do Prof. Arlindo Cunha, não podia deixar de marcar presença e de voltar a revisitar esta massa de água. Combinei com o amigo João Dias, marcou-se dia e tratamos de arranjar as licenças de pesca especiais. Depois de uns dias de chuva fortes, antecipamos que o rio tivesse um caudal generoso e que as trutas estivessem relativamente activas. A ideia era bater o rio até à hora de almoço, pois tínhamos compromissos agendados durante a parte da tarde.
Com algum conhecimento do rio, decidi-me pelos dois lotes acima da ponte romana; o 5 e o 6. Esses lotes seriam para mim e para o Professor Arlindo Cunha, pois iríamos pescar ao spinning. Por sua vez, o João decidiu-se pelo lote de pesca sem morte, que julgo ser o lote 3.
Como o amigo Arlindo não conhecia o rio e tem algumas dificuldades em andar, eu e o João resolvemos acompanhá-lo na fase inicial da pescaria. O João decidiu mesmo só pescar da parte da tarde, pois o dia estava frio e ele estava à espera que aquecesse um pouco para pescar à mosca seca. Começamos então na ponta a jusante do lote 6 e fomos avançando para montante. No açude mesmo encostado à ponte romana não se viu nem uma truta. Fizeram-se vários lançamentos, mas nada. Na corrente seguinte a mesma coisa. Ainda troquei o rapala CD-3 RT pela colher Mepps Aglia nº1, mas a situação permaneceu inalterada.
Assim se passaram os primeiros trinta minutos de pesca. Nem se vislumbrava sinal de truta. Antes de chegar à ponte sobre a estrada nacional, existe uma corrente sustentada e mais funda. Aí surge o primeiro sinal animador. Lanço para a outra margem e para montante, consigo meter a colher mesmo debaixo de um arbusto, a amostra começa a rodar, vejo um vulto a segui-la e quando ela chega a meio do rio, a truta abre a boca e crava-se. Lá a tento segurar com calma e passados 30 segundos, já estava na minha mão. Tinha capturado o primeiro exemplar do Ázere. Uma linda truta de 28 centímetros!!
Com esta captura, animei substancialmente e com razão. Logo acima, nesta mesma corrente, outro lançamento igual e mais uma truta a picar e a ser cravada. Esta mais pequena, mas a dar uma luta ainda considerável. Logo a seguir, outro lançamento para montante, de forma paralela à minha margem e levo outro toque. As coisas estavam a correr bem.
No entanto, rapidamente se voltou à situação inicial, à medida que chegamos à proximidade da ponte da estrada nacional. Ainda vi 4 ou 5 boas trutas num poço, mas estavam muito picadas. Estes são locais onde a pesca é mais intensiva e isso nota-se no comportamento e densidade das trutas.
Quando chegamos à ponte, paramos para o petisco. A ideia não era parar ali, mas problemas com o meu carreto (mola da guia partida) e sobretudo com o do amigo Arlindo foram determinantes. A pescaria não lhe estava a correr nada bem e ainda por cima estava com dificuldades na acção de pesca. No caso dele (avaria de um carreto novo comprado na Decathlon), a situação foi impeditiva de continuar com a pescaria e tivemos que ir buscar um carreto sobresselente ao carro. Enfim, uma irritação gerada pela péssima qualidade do material que é fabricado com peças mal dimensionadas ou de fraca qualidade. Uma vergonha para a marca e para quem vende!!
Depois disto, voltamos à faina. Eu retomei o ponto de partida no lote 5 e finalmente comecei a ver alguma densidade de trutas. Num lançamento largo para jusante numa zona com alguma corrente, tiro uma truta de cerca de 17 centímetros e depois no mesmo local, e num buraco entre duas árvores para montante, tiro uma boa truta de 27 centímetros. Ela entrou mesmo ao centro do rio e não parou de saltar continuamente até chegar à margem. Tive que acelerar o ritmo do carreto ao máximo para manter a tensão … o problema é que o carreto estava sem força na guia … lá se aguentou e a truta estava bem cravada.
Depois disto, e com o horário a apertar, ainda fui um pouco mais para montante e cravei mais uma truta de pequeno tamanho, mas já estava a queimar a hora de retorno. Numa zona bastante inacessível, ainda vi duas trutas de bom tamanho a olhar para a colher, mas não estavam interessadas. Sem mais demoras, fiz o caminho de retorno a pensar que já estava atrasado. Em muito me enganei, pois o amigo Arlindo ainda andava entusiasmado. Só passado 45 minutos é que deu sinal de vida e não vinha nada satisfeito!! Pelos vistos tinha tido duas boas oportunidades. Numa delas chegou mesmo a meter uma truta de 30 centímetros no cesto, mas ela conseguiu saltar de volta para a água 🙂 🙂 Uma truta fina!! Mal caiu na água, abriu logo caminho … Quem ficou para trás é que ficou a pensar na vida!!
No final, ficamos todos satisfeitos pelo dia bem passado em companhia de amigos. As trutas não eram muitas, ou pelo menos não se viam, mas ainda deram um ar da sua graça. Foi bom voltar ao Ázere para rever este grande rio. A água mantém a mesma qualidade de outrora e os açudes continuam a ser locais promissores para manter uma boa densidade de trutas. Esperemos que este rio assim se mantenha por muitos e bons anos.
O nosso amigo João ainda foi para o lote 3 na parte da tarde, mas sem grande resultado. As trutas não estavam muito receptivas à mosca seca …
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