Depois de uma jornada do Neiva, e com a possibilidade de chuva no horizonte, resolvi que no dia seguinte iria visitar o Rio Coura. Seria uma manhã de regresso a uma das zonas que eu considero que tem mais potencial neste rio. Isto depois de ter por lá passado na abertura e ter tido várias trutas a picar, mas sem grande convicção. Certamente que com temperaturas mais elevadas e com menor pressão de pesca, pois a pesca já tinha aberto ao ciprínideos há mais de um mês, não faltariam oportunidades para tentar a sorte.
Cheguei ao local por volta das 8 horas da manhã e nem aspecto de pescador pela zona. Desci a encosta junto ao rio e entrei logo a pescar no primeiro açude, com a minha cana de 1,8 metros, mas artilhada com linha 0,12 e Mepps Aglia nº1. Em vez da chuva prometida, o tempo estava soleado e com algumas nuvens pontuais. Não era o clima ideal para as trutas, mas podia ser que as coisas se compusessem.
Mal entrei no açude, reparei logo que a Central de France estava a trabalhar. Um excelente sinal que poderia indicar que as trutas estariam a comer no centro da corrente.
Saiu o primeiro lançamento no início do açude e tive logo o primeiro toque. Não cravou, mas também não fez muito diferença, pois pela força sentida na linha, pareceu-me truta de pequena dimensão. Avancei uns metros mais para a frente. Outro lançamento a cair junto à margem oposta, começo a recuperar lentamente e um toque forte. Cravo e consigo por a truta a saltar fora de água. Felizmente que ficou presa!! Lá a manobrei com calma e rapidamente a pus ao alcance das minhas mãos. Tinha capturado uma linda truta de 21 centímetros. O dia tinha começado bem.
E ainda se pôs melhor. No mesmo sítio, e em dois lançamentos seguintes tirei mais duas trutas. Uma com 18 e outra com 17 centímetros. O mesmo tipo de lançamento e a mesma velocidade de recuperação. Notava-se que as trutas estavam por ali e com um nível de actividade razoável. Portanto, em 10 minutos já estava satisfeito em termos de emoções sentidas 🙂
Perante este bom prenúncio, resolvi avançar mais para montante. Fui palmilhando o rio ao milímetro, insistindo nos locais mais propícios e nunca me faltaram trutas. Em quase todos os lançamentos vi trutas ou tive toques. Era impressionante ver uma boa densidade de trutas e comprovar que os seus níveis de actividade estavam elevados. Para o pescador era claramente gratificante.
Chegado a outra zona com mais vegetação, realizo um lançamento para montante, a procurar a outra margem, começo a recuperar e cravo outra truta de 23 centímetros. Esta tenta fugir para uma zona de lenha morta, mas consigo-a segurar antes disso. Ainda deu algumas voltas e saltos, mas não teve grande hipótese. Em pouco tempo, chegou às minhas mãos.
Enquanto andava à volta com as trutas, fui me chegando à zona onde a corrente começa a ganhar velocidade. Num lançamento para montante, vejo passar por mim uma truta com cerca de 37 ou 38 centímetros. Não tive a certeza se me tinha visto, mas pareceu-me pouco satisfeita com a amostra. Por ali andava bicho grande!!
Voltei a insistir no mesmo local, com o mesmo tipo de lançamento, e de repente, quando a amostra vem a passar na zona mais funda, vejo uma sombra dentro de água, e noto a amostra a andar de lado. Cravo e salta-me uma boa truta dentro de água. Era bicho!! Começou logo a fugir para jusante e o carreto entrou em cantoria. Lá a tentei segurar pelo meio dos ramalhos e puxei-a para mudar de direcção. Depois de muita luta e alguns saltos, lá avançou para montante e começou a perder força. Isto deu-me tempo para sacar de camaroeiro e tentar pô-la ao meu alcance. Só à sétima insistência é que a consegui por dentro da rede. Tinha tirado um lindo exemplar do Coura com 32 centímetros. Uma truta de primeira!!
Animado com esta captura, resolvi fazer uns lançamentos mais uns metros à frente. Lançamento largo para montante e para o centro do rio, começo a recuperar e de repente a amostra para. Puxo para baixo e noto que a linha me começa a fugir para a outra margem. Levanto a cana e cravo com força. O que fui fazer?? O fio começa a sair disparado do carreto e eu vejo que tenho assunto sério do outro lado. Deixei levar fio e procurei sobretudo tirar a amostra de perto das árvores caídas dentro de água. Lá fui cansando o peixe e quando notei que já lhe faltavam as forças, trouxe-o lentamente para perto de mim.
Quando se aproxima, vejo uma bela truta de 37 centímetros. Um peixe extraordinário com lindas cores. Voltei a sacar de camaroeiro e como estava numa posição difícil, demorei 5 minutos para a conseguir meter dentro da rede. Estava a ver que ia perder aquela truta à última da hora!! Mas não!! Lá a consegui por a salvo.
Depois deste grande bicho, que podia ser a truta que eu tinha visto previamente a passar por mim, resolvi limitar a minha sessão de pesca para ir almoçar. Ainda tirei mais 3 trutas acima da medida, mas nada que se comparasse aos dois bichos maiores. Fiquei bastante animado com a densidade de trutas que observei na zona. Apesar da poluição e da pressão de pesca, o Coura continua a apresentar condições excelentes para proporcionar bons momentos de pesca nas suas zonas mais baixas.
Parabéns Mário, o Coura continuar a prendar-te com belos exemplares 🙂
Um abraço e boas pescarias
E continua essa relação de amor com o Coura…
Abraço
Relação de amor que já dava para escrever um livro 😀 Boas trutas!