Manhã em zona escarpada do Rio Mouro …

Manhã em zona escarpada do Rio Mouro …


Depois de umas visitas ao Coura com alto nível de rendimento, resolvi desenjoar num local de primeira qualidade. Recebi uma informação de fonte fidedigna sobre um exemplar de bom tamanho que andava perdido no Rio Mouro e resolvi investigar. Desde o início da temporada que não punha os pés no Mouro, e como tal já tinha saudades das bravas trutas desta grande massa de água.

Com o GPS ligado e atendendo às últimas coordenadas que me foram dadas, avancei para as margens do Mouro. Não foi fácil dar com o local pretendido à primeira. Só depois de cerca de 20 minutos a procurar é que consegui dar com uma entrada limpa para a margem do rio. Mesmo assim, e para atalhar caminho resolvi complicar e entrar mais a jusante, o que me obrigou a cortar mais mato.

O dia estava quente com algumas nuvens grossas no céu e antecipava-se a possibilidade de poder aparecer uma trovoada. Como o rio não corria com grande caudal, não achei que fizesse sentido arriscar a pescar de forma normal, e como tal apostei num material mais light, mantendo no entanto a cana de pesca de 1,8 metros para lançar longe.

Depois de cerca de 1 kilómetro de caminho e de romper mato, cheguei ao local pretendido. Um largo açude com condições óptimas para a presença de grandes exemplares. Os primeiros lançamentos surgiram na queda de água e na corrente. Senti alguns toques ligeiros, mas só passados 10 minutos é que fiz a primeira captura. Lançamento para montante numa corrente mais funda, começo a recuperar e a truta entra ao centro da corrente. Consigo cravar, ela salta fora de água a procurar a outra margem, mas como o seu tamanho era pequeno não conseguiu colocar muita dificuldade. Em poucos segundos, já estava a caminho das minhas mãos. Tinha tirado a primeira truta do dia! Um lindo exemplar do Mouro que não demorou a voltar ao rio!

Animado por esta captura, pensei que a sessão de pesca fosse assumir contornos bastante positivos, mas assim não foi. No açude altamente prometedor, a densidade de trutas era bastante baixa e não se via nenhum exemplar com mais de 10 centímetros. A presença de um bocado de rede entalado numa árvore explicava o que ali se tinha passado. Nem valeu a pena perder tempo!! Fiz meia volta e arranquei para montante à procura de melhor sorte. Entrei num açude também de bom tamanho!

Neste açude, o panorama já era diferente. Viam-se trutas e algumas com tamanho superior ao mínimo permitido por lei. Bem tentei as trutas com a Mepps Aglia nº1, mas em águas paradas elas pareciam que não queriam nada com a colher. Perante este cenário, resolvi mudar de isco e meti o rapala CD-3 RT. Talvez com o rapala a coisa mudasse!!

E mudou!! Logo numa saída de um cotovelo de água, lanço para o centro e vejo uma truta a mexer. Não teve tempo para agarrar o rapala. Volto a insistir e desta vez não se fez rogada. Agarrou o rapala com tal força que quando eu tentei cravar, já estava a truta fora de água. Um bravo exemplar de 15 centímetros que ficou pendurado na linha e caiu aos meus pés. Depressa voltou à água.

Truta 15 cm Rio Mouro Junho 2013

Com o rapala a funcionar, resolvi avançar ainda mais para montante. Numa zona mais calma e de maior profundidade, meti-me em cima de uma pedra no centro do rio e comecei a lançar para montante. Lancei uma, lancei duas e à terceira, lancei mais longe, comecei a recuperar e trás!! A linha foge-me para um dos lados e o carreto começa a cantar. Levantei logo a cana e pus-me a postos para a luta. A truta sentindo-se ferrada, tentou afundar e raspar-se nas pedras. Levantei a cana ainda mais e forcei o 0,12, ao mesmo tempo que aumentei a rotação do carreto. A truta levantou do fundo e começou a caminhar para mim. Era um bom exemplar. Saquei do camaroeiro e aproveitei para a cansar. Entretanto, ela enrolou-se e ainda tentou dar 5 ou 6 corridas. Segurei-a e quando a notei cansada, meti-lhe o camaroeiro por baixo. Tinha capturado mais uma truta de respeito do Mouro. Um bonito exemplar com 27 centímetros.

Truta 27 cm Rio Mouro Junho 2013

Depois desta captura que me deu enorme satisfação, fui avançando para montante com calma e procurando lançar sempre fora do olhar das trutas. No entanto, a altura das margens em alguns locais punha-me desprotegido. Mesmo assim, e até ao final do troço, ainda consegui tirar mais 5 trutas, todas perto da medida. A maioria delas estava à saída das correntes nas zonas mais fundas ou nos redemoinhos laterais.

O que não consegui evitar foi o facto de ter caído em cima de uma truta de kilo. O local onde ela se encontrava era impossível de pescar de jusante e como tal, só a vi quando ela me apareceu à frente. Escusado será dizer que a partir daquele momento as probabilidades de a capturar passaram logo a zero 🙂 🙂 Ainda a tentei mexer, mas ela lentamente avançou para a outra margem e meteu-se num buraco do outro lado. Enfim, algumas destas têm que ficar para o ano.

Já no final da pescaria, a trovoada começou a querer entrar, mas a fome também estava a apertar. Ganhou a segunda e eu fiz-me à estrada para voltar ao carro.

No global, esta visita ao Mouro valeu pela densidade de trutas observada e sobretudo pelo facto de ter dado com um bom exemplar. O Mouro este ano não me deu grandes resultados, mas pelo menos permitiu umas jornadas de pesca à truta bastante animadas e onde as trutas não desiludiram. Já não está nada mal 🙂 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.