Depois de uma manhã já passada com 40 graus no Rio Lima, resolvi atacar durante a tarde um local mais resguardado onde as trutas poderiam estar activas. Sem sombra densa era impossível pensar em capturar trutas com temperaturas superiores a 40 graus, especialmente num dia em que não corria qualquer tipo de brisa. Assim, achei que valeria a pena visitar o Rio Neiva num troço para montante de Balugães.
Escolhi uma zona metida num vale relativamente apertado e onde as árvores providenciam uma sombra bastante intensa. A ideia era pescar entre as 13h30 e as 15h30, ou seja durante a hora de maior calor, esperando que elas pudessem estar activas, especialmente com a movimentação de insectos que certamente iriam procurar as zonas mais frescas.
Almocei qualquer coisa, abasteci-me de água e fiz-me ao rio. A temperatura estava implacavelmente nos 40 graus. Para pescar decidi utilizar a cana de 1,8 metros com fio 0,12 e amostra Mepps Aglia nº1. Tinha que ser numa base de tentar mexer as trutas o máximo possível.
Mal entrei no primeiro açude, verifiquei logo que trutas não faltavam. O primeiro lançamento pôs logo várias trutas atrás da amostra, no entanto o seu tamanho era relativamente reduzido (algumas próximas da medida) e estavam bastante receosas. A pressão de pesca por ali tinha sido intensa …
Nos primeiros 100 metros, tentei lançar o mais longe da margem possível e vi um número bastante razoável trutas. Todas bastante desconfiadas, mas algumas já com lombo bem acima da medida. Uma ainda deu um leve toque na colher, mas sem a convicção necessária para cravar. Ia ser uma jornada difícil, mas a boa densidade de trutas tornava a experiência menos traumatizante. Era uma questão de tempo até as coisas mudarem de figura!
Numa zona mais a montante, notei que estavam umas trutas a alimentar-se de insectos debaixo das árvores e em zona de corrente. Estavam num ritmo constante. O primeiro lançamento saiu, mas a truta que estava mais atrás assustou-se e fugiu rapidamente. O segundo lançamento teve o mesmo resultado. O terceiro foi apontado a uma zona de corrente quase sem água no meio das ervas. A colher caiu, começou a rodar e a truta cravou-se quase automaticamente. Como estava a cerca de 20 metros da truta e empoleirado num muro, tive que fazer alguma ginástica para a desviar das ervas. Ela bem tentou de tudo, mas o seu pequeno tamanho não lhe permitiu partir a linha. Depois de um salto para dentro de água, capturei este lindo exemplar do Neiva. Uma truta com umas cores e umas pintas belíssimas.
Depois de devolver esta captura à água, avancei para montante com mais calma. Capturei outra truta pequena logo a seguir num lançamento para montante e reparei que existiam outras a comer à mosca de forma bastante regular. Este era um comportamento bem notório, especialmente onde a sombra das árvores era muito mais intensa.
Estava eu a caminhar para o açude seguinte, quando ouvi gritos e barulho de gente dentro de água. Tinha deparado com mais uma praia improvisada do Neiva que concentra a miudagem, e não só, durante esta altura do ano, tornando a pesca quase impraticável. Primeiro, porque assustam o peixe e depois porque chateiam o pescador com aquelas perguntas fatelas do costume: “Então dá ou não dá?” A resposta é sempre que nunca dá nada, mesmo que o cesto vá cheio 🙂 🙂
Para não perder tempo, dei um avanço directo aquele açude e passei logo ao seguinte. Com o rio a passar pelo meio das casas e com desníveis mais elevados, surgiu uma boa sequência de poços e açudes, que acabou por render algumas trutas. Durante cerca de uma hora e meia, tirei cerca de 6 trutas, todas de pequeno tamanho e levei perto de 20 toques. Apesar do rio não levar muito água, elas estavam bastante activas e não deixavam passar o isco sem lhe tocar. No entanto, isto ocorreu apenas num troço com cerca de 200 metros, porque logo a seguir parecia que não existiam trutas.
Com o calor a queimar, a água a faltar-me no cantil e as trutas a não cooperarem, resolvi terminar a pescaria no Neiva. Tinha satisfeito a minha curiosidade e tinha desfrutado de boas emoções naquela pescaria. Fiquei sobretudo bem impressionado pela densidade de trutas que encontrei, mas também fiquei um pouco apreensivo com o pouco caudal que o rio levava para o início do mês de Julho.
Parece-me que está a ocorrer uma sobre-exploração da água do rio Neiva para fins agrícolas e industriais, e que não se está a acautelar o caudal mínimo necessário para a sobrevivência das trutas. Acho que as autoridades devem prestar atenção a este aspecto, evitando que possa surgir brevemente um episódio de mortalidade de trutas no Neiva.
ola, como fazes para libertar as trutas q são demasiado pequenas das amostras.. tipo trutas de 5 a 7 cm , amostra mepps aglia#1?
tenho sempre grandes dificuldades em retirar-lhes os anzóis das beiças já que são tão frágeis. este passado fim de semana no rio bugio apanhei umas quantas desse tamanho e fiquei muito atrapalhado.
talvez seria uma boa temática para um próximo post?
Normalmente não tenho problemas, mas quando há alguma situação mais complicada, utilizo um alicate de pontas e o assunto fica resolvido.
Só há uma situação em que normalmente não se consegue fazer grande coisa, que é quando elas cravam a sério pelos olhos. Aí raramente se safam como deve ser.
Abraço,