Há uma semana tive a oportunidade de passar pela Ribeira da Silvareira. À partida a minha ideia não era pescar nesta ribeira, que bem conheço, mas a má performance do início do dia obrigou-me a arranjar um plano de recurso. Sabia que esta opção podia ser uma total perda de tempo, pois esta ribeira é super visitada nos dias da abertura e como tal, as trutas, ou são pescadas, ou então escondem-se durante um mês, especialmente nos troços médio e superior, no entanto, a falta de actividade das trutas acabou-me por me levar para lá.
Eram duas horas da tarde, o tempo estava com sol e agradável e como tal, resolvi fazer um troço médio da ribeira. Para isso, deixei o carro a montante e fiz o caminho para a ponte do caminho municipal. Iria pescar ao light spinning da ponte para montante.
A ribeira apresentava um caudal normal para a época do ano. As correntes ainda tinham uma força razoável, mas em alguns poços já se notava que a água tinha descido bastante desde a força das chuvas de Fevereiro/Março. Pareceu-me um cenário complicado, porque as trutas tinham capacidade para me visualizar desde longe e porque certamente já vários pescadores deveriam ter pescado dentro do leito da ribeira, devido à sua baixa profundidade em termos médios. De qualquer forma, já que ali estava ia ver o que efectivamente se passava.
Os primeiros lançamentos saíram na zona da ponte. Desde o início, deixei de lado as correntes com pouca profundidade, onde a presença de bons exemplares de trutas me pareceu bastante difícil, e concentrei-me nos poços e correntes profundas. Desta forma, fui avançando rapidamente pela ribeira acima.
Durante os primeiros 100 metros de ribeira, não vi nem sinal de peixe. A primeira truta que vi surgiu num poço com cerca de 6 metros de comprido e devia ter cerca de 10 centímetros. Seguiu a colher durante dois metros, deu-lhe um pequeno toque e fugiu para a margem. Era quase mais pequena do que a amostra.
Perante este primeiro sinal positivo ainda acreditei que pudesse ter sorte. Passei a bater alguns locais mais promissores com intensidade acrescida. Finalmente, e passados outros 100 metros, tenho a primeira captura. Outra truta pequena com um tamanho quase inferior à Mepps Aglia nº1. Uma linda truta da ribeira da Silvareira, mas sem tamanho que permitisse sentir uma boa luta na ponta da cana.
Depois desta captura, e sem ver trutas de tamanho razoável ainda fiz mais 700 metros de ribeira até chegar à proximidade do carro. Tinha passado quase uma hora de pesca. Tirei duas trutas também muito pequenas, mas o cenário era desolador em termos de exemplares decentes. Comecei a duvidar se valia a pena continuar!!!
Dúvidas essas que aumentaram exponencialmente quando vi um artista a pescar à amostra caminhando para jusante na margem oposta à minha, ou seja com o sol nas costas. Armado com uma colher Mepps nº3, ele lançava para jusante de forma contínua, sempre acompanhado por um velhote que acompanhado por uma bengala ia comentando a pescaria. Pareceu-me a gota de água. Se as trutas já estavam difíceis, então com aquele aparato era para esquecer continuar para montante. Ainda trocamos algumas palavras e fiquei a saber que nem um toque tinha tido e que vinha já desde 2 km’s para montante. Pois … compreensível! Só se elas andassem doidas!
Enfim, fechei o tasco com esta situação. A ribeira ainda tem boas trutas, mas a proximidade da abertura e a escolha do dia não tinha sido a mais feliz. Certamente que com melhores condições será possível fazer outro tipo de pescaria, especialmente no troço médio e superior. Há que esperar por uma outra oportunidade.

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