Uma bela truta do Rio Mouro …

Uma bela truta do Rio Mouro …

Dia de pesca na zona do rio Minho. Depois de uma manhã com algumas peripécias e de uma passagem prolongada pela loja de pesca em Monção, onde estivemos à conversa com o Sr. Cerqueira, resolvemos preparar o cenário para a parte da tarde. As ideias eram muitas, mas todas elas envolviam o Rio Minho. O problema era que o Rio Minho estava com uma corrente fortíssima, tornando a pesca praticamente impossível.

A equipa era formada por mim, pelo Torres e pelo Artur. De manhã, andamos só eu e o Torres, mas à tarde o Artur juntou-se a nós para nos dar umas dicas, pois é um verdadeiro conhecedor dos ribeiros, rios e, sobretudo das questões legais da zona (se é que se pode falar em legalidade nesta zona do País). Depois de muita discussão, resolvemos começar a tarde numa zona do Minho onde existia um bom poço. Supostamente, as trutas mariscas e salmões descansavam naquele poço, depois de remontarem um troço de corrente forte. A ideia era ver se estava lá algum peixe nessas condições. No entanto, a nossa ilusão desfez-se rapidamente quando chegamos à margem do rio. A força da descarga da Barragem espanhola era tal que nem nos permitia chegar à zona pretendida sem galgar mato. Não valia a pena!

Ainda batemos um ou dois cantos da zona, mas a colher não conseguia entrar nos sítios mais interessantes. Havia mesmo que mudar de spot.

Já sem muitas opções e com algum tempo para matar, resolvemos ir até ao Mouro. O Mouro era sempre um risco, especialmente porque já lá tinha passado alguém durante a manhã, mas podia ser que desse alguma surpresa inesperada.

Mantivemos o equipamento pesado do Minho e começamos a pescar no Rio Mouro na zona do açude onde começa a zona de protecção de desova. A ideia era pescar para montante procurando tentar mexer algum bom exemplar que estivesse nas correntes. Eu avancei para montante e fiz logo os primeiros lançamentos junto aos pilares da ponte, vendo as primeiras trutas a mexer. O Artur também fez o mesmo na zona do açude. O Torres ficou mais para trás a mudar o isco e a preparar o material. Não tardou muito que estivéssemos todos reunidos na ponte. Nesse momento, o Torres lança para montante e eu lanço para jusante com um lançamento largo na zona do açude. Começo a recuperar e de repente sinto a cana dobrada e uma truta de bom tamanho a saltar fora de água. Como estava com nº3 e com um bom 0,18 segurei-a e ela lá foi dando a sua luta. O Artur estava atento à situação. A ideia era cansá-la e estabilizá-la o mais possível, já que levantá-la a peso era para esquecer! Lá a deixei encostar às pedras do açude, tentei levantar-lhe a cabeça fora de água e ela ficou presa nas pedras do açude. Entretanto, o Torres não se tinha apercebido de nada e quando se volta para mim, vê a cana dobrada e eu parado. Não se notava sequer que estava uma truta presa nas pedras. Eu viro-me para o Artur e peço-lhe para ir lá baixo com o camaroeiro buscar a truta. O Torres começa-se a rir e a perguntar que truta!! Pensou que estávamos a dar-lhe gozo. O Artur desce pela lateral e avança lentamente para cima do açude com o camaroeiro na mão. O Torres a perguntar-me continuamente o que é que se passava … para que era o camaroeiro, se eu só tinha a amostra presa nas pedra!!

O Artur mete o camaroeiro dentro de água, dá duas voltas com ele e tira-o com uma boa truta lá dentro. Eu viro-me para o Torres e digo: “Então não era uma truta? Ali está ela!”. Pois era mesmo uma linda truta de 38 centímetros do Rio Mouro. Um exemplar espectacular …

Truta 38 cm Rio Mouro Março 2014

Com esta cena, o Torres não se conteve … Ficou cego!! Como é que era possível??? Pois, eu também não sei como é que foi possível, mas a truta bem entrou e já estava do lado de cá. Até parecia peixe pedra, mas a truta estava lá e bem segura no buraco, à espera do camaroeiro.

A partir daí, a pescaria ficou basicamente marcada por essa situação. Todos os troços que batemos até ao final do dia, já tinham sido calcados por outros pescadores. Nós andávamos basicamente a coar água. Ainda vimos algumas trutas pequenas, mas o panorama geral era bastante desolador, chegando para nós pensarmos que este ano, o Rio Mouro está com condições muito fracas em termos de trutas.

Moral da história; uma boa truta metida no meio das pedras salva tarde de pesca e causa confusão ao nosso amigo Torres 🙂 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.