Meados de Março, dia a ameaçar chuva na zona da Serra da Estrela. Depois de um ano sem passar por lá, estava na altura de voltar a visitar a Ponte das Três Entradas e bater o troço ao longo do parque de campismo. Trata-se de uma boa sequência de açudes e correntes que tem potencial para albergar bons exemplares de trutas, apesar de ser também um local extremamente pescado.
Cheguei ao local por volta das 8h20, já tarde, e preparei-me para a faina. Com alguma chuva a cair, céu nublado e alguma força de caudal nos dois rios, resolvi pegar na cana de 1,8 metros, linha 0,18 e Tanger nº3. Os primeiros lançamentos iam sair mesmo por debaixo da ponte.
Os primeiros dois lançamentos foram para a saída do Alva. Nada mexeu, como sempre costuma acontecer, pois nunca ali vi ou capturei qualquer truta. Depois viro-me para a saída do Alvoco. Primeiro lançamento na perpendicular ao rio e nada mexe. Segundo lançamento para o pilar central da ponte com a amostra a fazer 50 metros. Começo a recuperar com alguma lentidão, a amostra anda 10 metros, sinto pressão na cana e cravo!! Pareceu-me peixe, mas não consegui segurar nada. Continuo a recuperar e quando a amostra chega a 20 metros de mim, vejo uma sombra a aproximar-se lentamente e a olhar para a amostra. Abrando o andamento e quando a amostra está a chegar aos meus pés, a truta avança e abre a boca!!
Mal abre a boca, cravo e a truta explode a saltar fora de água e a dar voltas sobre voltas ao fio. Era um bom exemplar. Lá a tento segurar como o posso e começo a fazer contas à resistência do fio. Estava com medo que algo corresse mal e abrandei um pouco a pressão. A truta lá se foi cansando e quando chegou a um ponto em que estava mais tranquila, deitei-lhe a mão à amostra e puxei-a para fora. Tinha capturado uma linda truta com 32 cm.
Animado por esta captura, comecei a pensar que o dia ia correr extremamente bem na zona. Bem que me enganei 🙂 🙂 Durante duas horas palmilhei ao milímetro as correntes e as zonas mais lentas dos açudes para montante e jusante do parque de campismo. Nem toque, nem truta visualizada em qualquer ponto. Parecia que a captura tinha posto o ponto final na pescaria!
As condições do rio no local eram boas e o tempo estava a ajudar. A água estava ligeiramente fria, mas não me pareceu grande impedimento para a actividade das trutas. Ainda pensei no degelo na Serra, mas a neve era quase inexistente. Enfim, desde esse momento até ao final do dia não mexeu mais nada, colocando-me a questão sobre a imprevisibilidade do comportamento das trutas de montanha. Para quem pesca ao spinning a pesca em rios de montanha pode ser extremamente ingrata, especialmente em zonas influenciadas pela neve ou onde a água é fria. Só em condições muito específicas é que se fazem boas pescarias, mas como estes são locais remotos, a gente raramente lá está nesta altura 🙂 🙂
Valeu a beleza da truta capturada pelo dia de pesca …
Sendo um adepto da pesca em alta e média montanha(alto côa a partir de Quadrazais,alto mondego a partir da taberna,alto zezere,todos os rios do nordeste transmontano,alto vouga,ect,ect)e com 55 anos de trutas vos digo que há horas,por vezes minutos em que se faz a pescaria,tanta vez depois de horas a bater sem resultados práticos,isto falando de Março e Abril,depois tem dias bons e outros menos bons….é evidente que não falo de há 30,40 ou 50 anos atràs em que eram quase sempre bons.Mas repito não há como os rios e ribeiras de montanha pelo espectaculo que é andar dentro deles…….boas pescarias