Abertura em Sezelhe – Abril 2014

Abertura em Sezelhe – Abril 2014

Tinha chegado o dia 1 de Abril de 2014. Depois de muitas combinações, chegou-se a uma equipa final de pescadores para atacar uma das barragens de maior nomeada do Gerês; Sezelhe. Do Porto, éramos quatro (eu, Professor Arlindo Cunha, Engº José Pintalhão e Tiago (Zero Cool)), enquanto que de Braga tínhamos o Ricardo Lima e o Ivo. Arrancámos cedo, cerca das 5 horas da manhã, e marcamos encontro no café do Sudro (já uma mítica paragem para os pescadores de Pisões) para as 6h30 da manhã.

Depois do cafézito da praxe, arrancamos com direcção a Sezelhe. Tínhamos que ser dos primeiros a chegar e como já tínhamos recebido as licenças há alguns dias atrás, era só equipar e andar! Pelo menos era o que nós pensávamos!

Como de costume, entramos na Barragem na zona do primeiro assador, junto à conduta que segue para Pisões. Apesar do tempo ser quase idêntico ao ano passado, com muito frio, tempo encoberto e chuva ocasional, o panorama social era muito diferente do do ano passado. Menos carros, menos gente e menos deambulações de pescadores à volta da Barragem. Bem, como era muito cedo ainda, pareceu-nos que tudo isto era normal.

Lá nos equipámos. Eu meti o material de heavy spinning; com cana 1,8 metros, linha 0,18 novinha da Trabucco e colher Tanger nº3. Se tudo corresse bem, íamos fazer uma pescaria igual à do ano anterior 🙂 O problema é que não correu … pois em pouco menos de 20 minutos de pesca, percebemos logo que algo estava diferente. Não se viam sinais de trutas e muito menos do típico repovoamento que era realizado nesta massa de água. Intrigado por esta situação, meti conversa com um pescador que me parecia da zona e o veredito foi rápido. Este ano não tinha havido repovoamento, porque a concessão não tinha ainda sido renovada. Ao que parece o ICNF anda a juntar uma boa colecção de pedidos de renovação de concessões, não despachando nada em tempo útil. Isto tem claros impactos depois na gestão destas concessões, estando várias já a funcionar em regime livre, ou seja, pode lá pescar qualquer um sem licença.

Segundo, esse mesmo pescador, o repovoamento só seria realizado após o despacho de renovação da concessão e apontou-se a data de 3 de Maio para essa possibilidade. Teria basicamente que se fazer uma nova abertura!!

Perante esta conversa, sentimo-nos imediatamente defraudados. Toda esta informação já devia ter sido transmitida pelo gestor da concessão, quando entramos em contacto para emissão da licença por via telefónica. Em vez disso, resolveram omitir informação preciosa para sacar o máximo de dinheiro possível aos incautos que estavam habituados a parar todos os anos nesta barragem, não sabendo se a renovação da mesma vai acontecer ou não. Compreendo que parte importante da responsabilidade por esta situação é do ICNF, mas a negligência de quem gere o concessionário não deixa de ser um facto moralmente reprovável e que põe em causa a sua integridade futura. Se tivesse voto na questão da renovação desta concessão, ela não seria aprovada!!

Depois deste balde de água fria, ainda resolvemos bater terreno. Durante mais de três horas, andamos a coar água sem resultados práticos. Nem sequer toques. Vi saírem duas trutitas ao fundo à minhoca, mas nem sinal delas ao spinning.

Já sem ânimo, decidimos mudar para Pisões. Eu regressei mais rapidamente e ainda aproveitei para ir à entrada da conduta de água para Pisões. Entrei em cima de uma pedra no início da corrente. Dois lançamentos para montante, nada. Um lançamento para jusante junto à minha margem, começo a recuperar lentamente e sinto um puxão na cana. Cravo e vejo uma linda truta a brilhar dentro de água. Tento puxá-la para o centro do rio e ela continua a dar cabeçadas e enrolar-se na vegetação da margem. Aproveitando a força do 0,18, puxo-a com força para junto da pedra e deito-lhe a mão à quarta passagem. Uma linda truta de Sezelhe com 31 centímetros e a única tirada por todo o grupo.

Truta 31 cm Barragem de Sezelhe 1 de Abril 2014

Depois desta captura, ainda massacrei o local durante mais 15 minutos, enquanto se juntava o pessoal, mas nem toque. Com a chegada dos últimos companheiros, resolvemos comer um petisco e andar. Sezelhe tinha sido uma desilusão em toda a linha. Fomos bem enganados pela falta de competência e integridade moral de quem gere a pesca neste País: ICNF e entidade gestora da concessão incluída.

Claramente uma experiência a não repetir!!!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.