Mais um dia de pesca na zona raiana em Maio, condicionado desta vez por compromissos familiares. De qualquer forma, o vício era tanto que não podia deixar de visitar um dos maiores rios truteiros da zona centro: o Côa. O dia da visita não era certamente ideal, pois o tempo estava bastante quente e não existiam quaisquer nuvens no céu. As trutas conseguiam-nos ver a milhas e certamente que estariam bastante atentas a tudo o que mexia.
Cheguei ao rio por volta das 12 horas. A ideia era bater um troço livre na zona do Seixo do Côa e Valongo do Côa. Tradicionalmente, estas eram zonas não muito visitadas e que rendiam alguns peixes, mesmo em dias não muito promissores. Qual não foi o meu espanto de ter deparado com dois carros de pescadores mal cheguei ao local de pesca! Pelos vistos, a contínua criação de concessões no Rio Côa estava a empurrar cada vez mais pescadores para jusante.
Lá entrei ao açude. A Barragem do Sabugal estava fechada e via-se muito peixe pequeno a mexer. Um bom sinal de que alimento para as trutas não faltava. Experimentei rapala e depois passei para a colher, diminuindo cada vez mais de tamanho até chegar à nº2. Em duas horas de pesca, tive apenas um pequeno toque de uma truta e vi pelos menos 3 pescadores a passar por mim. Notava-se a pressão de pesca na zona, já que as trutas andavam bastante picadas. Tão picadas que nem se viam. E ali havia trutas, porque o Mota já ali tinha feito uma boa pescaria em Abril com outras condições.
Depois do almoço, resolvi mudar de sítio e fui ainda mais para jusante. Como já não tinha muito tempo, focalizei-me apenas na saída das correntes. Foi isso que me salvou o dia. Num lançamento para a outra margem com uma Mepps nº1 consigo cravar uma linda truta de 21 centímetros que rapidamente devolvi à água. Um excelente exemplar do Côa que me fez lembrar bichos com outra dimensões. Não deu grande luta, mas ainda saltou duas vezes fora de água para se safar da amostra.
Com esta captura, com compromissos à espreita e com o dia no pico do calor, achei que o melhor era voltar para casa. Esta ida ao Côa tinha sido apenas para matar saudades deste grande rio, já que as condições não eram as ideais para grandes capturas.
Fiquei impressionado com o aumento de pressão piscatória em zonas onde ela não existia antes e acredito que isso vai ser uma tendência cada vez mais óbvia no Côa, à medida que a criação de concessões empurra os pescadores cada vez mais para jusante e para águas de menor qualidade. Este caso levanta mais uma vez a necessidade de uma gestão equilibrada e efectiva de um curso de água. As zonas livres devem fazer parte de um curso de água, mas podem ser espalhadas ao longo do seu curso, evitando assim que só alguns possam pescar desta forma e evitando que os piores troços do rio (qualidade da água e diversidade de espécies) fiquem como zonas livres.

Concessões e mais concessões….não tarda nada acontece como na caça que praticamente não há terreno livre e consequentemente não há caça salvo raras excepções….mas continuando nos rios truteiros é uma afronta a nós pescadores que a politica geral de pesca em águas interiores seja virada para concessionar o máximo possível desde que apareçam pedidos…acreditem que esta é a verdade nua e crua conforme me foi dito por um dos responsáveis do parque de montesinho e realmente têm levado a água ao moinho deles senão vejamos:-o baceiro está todo concessionado;o tuela tem uma concessão mas a melhor ribeira está toda com tabuletas municipais bem como duas ribeiras afluentes do rabaçal(açureiras e caroceiras)a ribeira de vila bôa idem idem…..enfim estamos feitos pois o estado não quer responsabilidades,mas sendo assim acabem com a licença geral de pesca e da caça e nós passamos a pagar conforme o sitio escolhido por cada um…….nada este pais não é para velhos.
Qualquer dia temos o Estado a delegar competências de fiscalização aos particulares (tal como já acontece com as ruas onde há parcómetros/parquímetros que são geridas e fiscalizadas por empresas privadas)… E assim será menos uma despesa a suportar com as unidades de fiscalização (que são já quase inexistentes)…