Finais de Maio de 2014. Mais uma manhã de pesca programada para o Rio Lima. Como é costume preparei-me para chegar ao local por volta das 6 horas da manhã. O dia estava encoberto e a ameaçar chuva. Durante o caminho, cheguei mesmo a apanhar alguns aguaceiros e portanto estavam as condições ideais para tentar a sorte em rios mais difíceis, como por exemplo o Lima.
À hora programada cheguei ao local e verifiquei logo que o caudal estava normal, ou seja a barragem estava com débito mínimo. Apesar de muita gente conseguir boas capturas com a barragem de Touvedo a funcionar, eu prefiro sempre as situações em que apanho a barragem em baixo, pois a entrada das águas frias da barragem normalmente tende a por o peixe no fundo e com níveis mínimos de actividade.
Em cerca de 5 minutos, preparei o material de heavy spinning e comecei a encaminhar-me para o rio. De facto, este ano foi claramente o ano em que mais investi em linhas de 0,18 para cima. Praticamente, nem tenho pescado ao light spinning.
Os primeiros lançamentos saíram numa zona de pedra grande com cerca de 2 metros de profundidade onde havia uma corrente sustentada. Logo no segundo lançamento, vi três peixes a seguir a amostra e a tentar abocanhá-la. Eram savelhas!! Lançamento seguinte, a mesma coisa … Bem não ia tardar muito até que se fizesse a primeira captura do dia. Lançamento para a outra margem, começo a recuperar lentamente, a colher afunda e a meio do rio, um toque … cravo e vejo um brilho metálico a aparecer do outro lado. O peixe arranca para cima e salta fora de água. Uma linda savelha … lá a tento segurar com calma e ela faz de tudo para soltar a amostra. Durante um minuto ali estive a cansá-la e quando verifiquei que estava bem presa, tiro o camaroeiro e meto-a lá dentro. O primeiro peixe do dia com 42 centímetros. Uma linda savelha … que libertei rapidamente.
Depois desta captura, e perante as visualizações que tinha tido, resolvi insistir no mesmo local e com muitos bons resultados. As primeiras duas horas da manhã foram em cheio, pois dei com um cardume de sáveis e savelhas que tinham entrado há pouco. Em pouco menos de 2 horas, tive cerca de 15 toques. Consegui cravar 9 peixes e 5 deles soltaram-se durante a luta, devido à fragilidade da boca. Normalmente, quando pesco à colher a estes peixes já sei que metade dos que consigo cravar vão-se desprender … Os que consegui capturar, soltei de imediato.
Ainda consegui ter um bom sável a picar duas vezes na amostra, mas não o consegui cravar … Eles também andavam por ali.
Entretanto, começou a chuvar com intensidade e eu mantive-me firme no mesmo local. Estava a dar savelhas, já com menor intensidade, e portanto convinha insistir. Realizo mais um lançamento para montante, começo a recuperar e de repente a linha arranca de lado. Cravo com força e sinto a linha a arrancar com uma força inusitada. O carreto começou a cantar e eu pensei logo que tínhamos peixe a sério do outro lado. Lá o tentei segurar como podia, mas o carreto não parava de cantar. O que seria?
Passados dois minutos de luta a sério, em que parecia que tinha o diabo do outro lado, o peixe começou a abrandar e a avançar para mim. Era uma truta!! Uma boa truta, mas até pequena, pela luta que estava a dar!! Fiquei impressionado. Depois de duas horas a martelar sempre no mesmo sítio, aquela truta já devia estar bem farta de ver a amostra, e mesmo assim mordeu. Tentei aproximá-la, mas ela arrancou outra vez. Ia precisar de camaroeiro para resolver o assunto, pois ela estava endiabrada.
Depois de mais dois minutos de corre-corre e salta fora de água, lá a consegui por a jeito para o camaroeiro. Uma linda truta com 37 centímetros do Rio Lima.
Com esta captura, a pesca no local esmoreceu. A truta fez tal estardalhaço, que acabou por assustar a vizinhança. Portanto, tive que evoluir para montante. A chuva tinha parado e o sol estava a querer aparecer.
Entrei numa zona onde saía uma corrente num poço fundo. Primeiro lançamento para montante, nada. Segundo lançamento, mais colado à minha margem, e sinto um pequeno toque. Terceiro lançamento, e sinto um puxão brutal que quase me arranca a cana da mão. Levanto a cana e o carreto começa a dar linha à força toda. O peixe primeiro arranca para jusante e depois inverte para montante. Força não faltava e notava-se que não se ia deixar vencer facilmente. Afrouxei o carreto e deixei o peixe trabalhar. Só me interessava evitar os obstáculos, tudo o resto era para deixar andar, já que linha não me faltava. Durante 4 minutos nem vi que peixe é que tinha do outro lado. Era puxar e deixar o carreto cantar …
Passado algum tempo, o peixe mostrou sinais de cansaço e tive a oportunidade de o ver pela primeira vez. Era um bonito sável com bom peso. Comecei a trabalhá-lo mais à superfície e saquei o camaroeiro. Ainda estive mais de três minutos a tentar cansá-lo, antes de o meter dentro do camaroeiro. Força não lhe faltava.
Finalmente, lá o consegui tirar. Um lindo bicho com 57 centímetros e cerca de 1,5 kg de peso. Foi só tirar a foto e soltá-lo. Uma captura que me deu imenso gosto 🙂 🙂
Depois de libertar o sável, lá cortei um segmento de linha e voltei à faina. As condições alteraram-se dramaticamente com o aparecimento do sol. O peixe deixou de andar a meia água e colou-se ao fundo …
Mesmo assim, e como estava bem viciado com a pescaria, ainda coei água durante mais duas horas. Cheguei a ter mais dois toques, possivelmente savelhas, mas não se via ambiente … Estava na altura de mudar de local.
No global, esta já tinha sido uma pescaria muito bem conseguida. Já não me lembro de ter tantas picadelas e capturas de bom tamanho num espaço tão curto de tempo. Claramente um testemunho de que o Rio Lima continua a ser um rio de primeira categoria para a pesca desportiva e de que contém uma boa população de sáveis e savelhas. Pena é que esta riqueza não seja explorada para fomentar a pesca desportiva de primeira qualidade ligada ao turismo … em vez disso, favorece-se uma pesca profissional em zonas do rio que são claramente de desova! A diferença entre pescar o rio com dia de passagem de redes ou sem passagem de redes é completamente abismal! Só não vê quem não quer …

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