Mais um ano e mais um convite do Engº Barreira para mais uma pescaria e convívio na zona de Bragança, mais concretamente na Hidroeléctrica das trutas. Um local espectacular onde apenas se ouve os uivos dos lobos e o barulho das águas do Baceiro à juntarem-se às do Tuela.
Juntou-se a equipa do costume, e depois de 1h30 horas de viagem, chegamos ao local por volta das 20h30. A essa hora já não dava para fazer uns lançamentos e portanto voltamos a nossa atenção para o assador, onde desfilaram umas alheiras e umas postas de excelente carne. Não tardou muito até que começassem a andar nas pontas das navalhas, mal saíam do lume. Enfim, petiscos de primeira qualidade num entorno natural magnífico, iluminado por uma lua cheia com um tamanho excepcional.
Já nos términos da noite e com algum pessoal a querer dormir, fui planeando a pescaria. Despertar às 5h30 e entrada no rio às 6h00. Ia bater o Tuela, só não sabia muito bem onde começar. Depois de algumas dicas do Engº Barreira, rapidamente delineei uma estratégia para o dia seguinte.
No dia seguinte, acordei à hora planeada, e depois de um breve pequeno-almoço, preparei o material de heavy spinning. Fiz o caminho até à zona pretendida e depois tive que galgar mato até chegar à margem do rio. Apesar da intensa vegetação, fiquei bastante surpreendido pelas verdadeiras auto-estradas dos javalis que encontrei no local. Era impressionante a limpeza que aqueles bichos tinham feito na zona e sobretudo a forma como tinham aberto trilhos até à margem do rio. A verdade é que em pouco menos de 10 minutos a galgar mato denso já estava na margem.
Na zona onde entrei, o Tuela apresentava um caudal baixo e pouca corrente. Havia uma pequena língua de areia e depois aumentava a profundidade e viam-se alguns vestígios de troncos de árvores e giestas no fundo.
O primeiro lançamento saiu à procura da outra margem e visualizei imediatamente o primeiro sinal de peixe. Duas trutas pequenas seguiram a amostra e depois vi três grandes barbos a deslocarem-se para jusante. Fiquei surpreso com a situação. Se calhar, até podia ter sorte, pois o sol ainda não batia na superfície da água. Com este pensamento, realizei um lançamento para jusante no sentido da outra margem e comecei a recuperar. A amostra começou a rodar e fui trazendo-a lentamente até mim. Quando a amostra entra na proximidade da minha margem, e como já não a conseguia ver bem, sinto a cana a dobrar e cravo instintivamente. Do outro lado, vejo uma boa truta a dar com a cauda no fio. Lá me assegurei que ela estava bem cravada e deixei-a dar luta. Ela bem tentou de tudo para fugir, mas não teve hipótese. Saquei de camaroeiro e depois de 5 ou 6 passagens, consegui pô-la do lado de cá. Uma linda truta zebrada do Tuela … cerca de 39 centímetros … um bonito exemplar.
Para os mais afoitos, o vídeo da captura pode ser visualizado abaixo:
Depois desta captura, logo ao segundo lançamento, a motivação disparou. Resolvi pescar para jusante, durante um bom bocado, e depois regressar ao local de partida e acabar um troço para montante que também me parecia razoável. O plano estava traçado e tinha que me permitir estar às 11 horas no Hidroeléctrica, onde iríamos desfrutar de mais um petisco.
Para jusante, a corrente ainda era menor e a profundidade aumentava ligeiramente. Os lançamentos seguintes não me permitiram capturar nada, mas consegui visualizar um exemplar de mais 1,5 kg a sair de uma pedra da margem, quase aos meus pés. Uma linda truta! Escusado é dizer que nem a voltei a ver, mesmo depois de insistir várias vezes no mesmo local.
Entretanto, entrei numa zona com margem mais inclinada e fui lançando continuamente. Ali tive dois toques. As trutas seguiram a amostra, mas apenas queriam comprovar se o isco era metálico ou não. Passado meia hora, entro num poço mais fundo. Primeiro lançamento, sinto um toque. Segundo lançamento, tenho uma truta com 26 centímetros cravada. Ela estava endiabrada e eu bem a tentei segurar. Lá a puxei para a margem, mas a inclinação era de tal ordem que ela soltou-se e não me deu hipótese de a apanhar. Ainda saltou nas minhas botas, mas já tinha o rumo traçado.
Sem desanimar, volto a lançar no mesmo sítio e quando a amostra vinha a passar por detrás de uma pedra grande, sinto um toque e vejo uma truta bem cravada. Lá a segurei e desta vez com mais calma, consegui colocá-la ao alcance da mão. Não se ia pirar assim como a outra. Uma linda truta de 28 centímetros.
Com esta captura, resolvi terminar a minha deslocação para jusante. O tempo começava a escassear e portanto avancei para montante. Ia entrar numa zona de poços e de correntes mais vivas para montante do local onde entrei no rio.
Mal entrei no local de início da pescaria, realizo um lançamento e quando a amostra vem a chegar à minha cana, vejo uma truta de 2 kg a sair da minha margem e a avançar para o centro da corrente. Um exemplar majestoso que já me tinha visto há muito. É que nem valia a pena insistir no local. Ainda o fiz duas vezes, por descargo de consciência, mas foi pura perda de tempo.
Depois deste encontro inesperado, entrei numa zona de corrente mais viva. Tive logo dois toques, mas não consegui cravar. Elas estavam bem manhosas. Entretanto, entrei na cabeceira de um poço. Lançamento para montante, começo a recuperar e quando a amostra chega perto de mim, vejo uma truta de kilo a segui-la e a desviar-se no último momento. Com o céu limpo e a temperatura a aquecer, as grandes trutas estavam activas, mas também estavam bastante desconfiadas. Voltei a lançar duas vezes para montante, mas a truta meteu-se na outra margem. Não era dia para trutas grandes.
Já com o tempo a escassear, entrei na saída da corrente para o poço. Fiz mais de 20 lançamentos e apenas senti um ligeiro toque. Já no 21º, lanço para o centro da corrente, começo a recuperar e de repente sinto uma prisão na linha. Puxo com força e noto movimento. A truta sentiu os anzóis e começou a saltar de forma descontrolada em plena corrente. Lá a tentei segurar, mas ela não parava. Estava do demónio. Tive que lhe dar algum espaço para avançar para montante no meu sentido. Interessava-me que entrasse em água mais calma e também precisava de sacar o camaroeiro. Quando consegui os meus intentos, e apesar de mais alguns saltos e acrobacias, foi relativamente fácil metê-la dentro da rede. Já não fugia. Uma linda truta do Tuela com 34 centímetros.
Esta captura acabou por marcar o fim da pescaria, pois já eram quase 10h30. Com caminho ainda para fazer, achei que já tinha tido a minha conta, especialmente num final de temporada. Fiquei imensamente satisfeito de verificar que o Tuela apresentava uma excelente densidade de trutas e alguns exemplares de primeira categoria. Se não houver nenhum crime ambiental, nem nenhuma seca prolongada, certamente que estão reunidas as condições para este rio ainda estar melhor no próximo ano.
No global, gostei imenso daquilo que vi e marquei as boas trutas. No próximo ano, mal apanhe um dia especial para elas, terei todo gosto em fazer a visita da ordem 🙂 🙂
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