Pesca, caça e florestas sem rumo …

Pesca, caça e florestas sem rumo …


Ontem, fomos surpreendidos por mais uma notícia bombástica e que põe a nu, aquilo que nos parece mais do que evidente passados 3 anos de governação. A demissão aparentemente “planeada” e “forçada” do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural é claramente mais um passo no sentido de abrir caminho ao lobby que está à frente do ICNF e que agora fica a ser tutelado directamente pela Ministra, tornando-se praticamente o ICNF na Secretaria de Estado. Esta manobra, apesar de bem disfarçada por um enquadramento de divisão de tarefas por outros pelouros, onde ninguém percebe nada de Floresta, incluindo a própria Ministra, é o ponto mais alto de uma evolução que procura abrir caminho para o enterro definitivo de vários lobbies que não são bem vistos no sector florestal, incluindo o da pesca e o da caça.

A contribuir para esta demissão, e para além das distribuições de fundos comunitários entre produtores florestais e agricultores, também não deve ter sido certamente displicente o facto de o Secretário de Estado em causa ter assinado há alguns meses um acordo com os caçadores no sentido de responder favoravelmente a algumas das suas reivindicações. Certamente que essa decisão, alimentada por algum receio de uma eventual mobilização e contestação geral dos caçadores em Lisboa, acabou por não cair bem junto dos lobbies mais enraizados dentro do Ministério.

Pesca no site do ICNF

No que toca à pesca desportiva, e sobretudo na vertente salmonidea, achamos que o Secretário de Estado demissionário não tinha capacidade para fazer valer os nossos interesses. Apesar de ter pessoalmente chegado à fala com ele em duas ocasiões, desde logo percebi que não tinha o conhecimento, nem o gosto, nem a força política para defender a nossa posição. Ainda mandamos as nossas propostas por email, mas de nada adiantou. Mesmo assim, e quando não se sabe nada, optou pela melhor solução que é mesmo não fazer nada, porque do nosso ponto de vista, a mexer sem se saber o que fazer, só dava mesmo para estragar.

Neste contexto, nada devemos a esta individualidade que sai de cena, mas certamente que nos preocupamos com um futuro cada vez mais negro. Numa altura em que vivemos unicamente de operações de cosmética superficiais e de “show-off”, este Ministério tem sido mestre em mostrar muito, fazendo muito pouco. Para os comentadores e opinião pública parece tudo muito bonito e altamente eficaz, mas para quem está no terreno a falta de resposta e de visão estratégica é cada vez maior. Aliás, só assim se justificam 3 anos de governação que nada deixarão de concreto.

Sabemos que esta situação é mais uma pedrada num Ministério e num governo moribundo, mas não deixa de ser um sintoma preocupante de um caminho que começa a ser trilhado, desde já. Um caminho onde não há lugar para a pesca, caça e floresta a nível governativo. Isto é claramente algo com o qual não podemos pactuar!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.