Na sequência de uma passagem recente pelas terras de Montalegre, não podia deixar de visitar a barragem dos Pisões. Ainda falta muito para a abertura das trutas nesta massa de água, no entanto, convém sempre ir vendo como é que vão as coisas para se comecem a delinear os primeiros cenários e estratégicas de ataque.
Um primeiro facto que observei no dia em que passei por Pisões foi que o nível da albufeira encontrava-se em valores baixos para esta época do ano. Normalmente, esta é uma época em que a albufeira tende a estar já completamente cheia, no entanto, as alterações de níveis na Barragem de Venda Nova e a construção do sistema Salamonde – Venda Nova devem estar a condicionar a evolução do nível da albufeira de Pisões. Esta situação pode não ser necessariamente má do ponto de vista dos pescadores ao spinning, pois quotas abaixo do mínimo são sempre as melhores para se poder bater terreno nesta barragem.
Ao nível da água, verificamos também que a mesma se apresenta relativamente límpida. Com a menor exposição solar e o aumento do caudal das linhas de água que entram em Pisões, a densidade de algas diminui e a água torna-se mais limpa. Um facto que permite ver bem o que se passa dentro de água, mas também permite ao peixe ver o pescador desde longe.
Em termos de temperatura, constatamos que a mesma se encontra bastante baixa. As recentes quedas de neve na zona do Barroso levaram a uma descida acentuada da temperatura da água. Facto este que possivelmente se poderá manter até aos inícios de Abril, condicionando assim a actividade das trutas nos primeiros dias.
Quanto a actividade de pesca, deparei-me com 7 a 9 pescadores na zona dos viveiros, a pescar à bóia e ao fundo. Não vi ninguém ao spinning, mas certamente que não faltará gente a dar uma volta de vez em quando, já que a pesca ao lucioperca com colher e peixe artificial é permitida nesta altura do ano. O que vale é que as trutas não gostam nada deste tipo de amostras!!
Mais perto do dia de abertura da pesca às trutas nos Pisões, conto apresentar uma informação mais detalhada sobre aquilo que se passa nesta massa de água. De qualquer forma, e como eu sei que alguns vão pescar nos Pisões no dia 1 de Março (a outros peixes que não a truta), aqui fica a informação das condições actuais que pode ser sempre útil.
Boas
A maior ameaça não vem certamente dos pescadores que usam isco artificial (colheres e rapalas)…
A titulo de exemplo, no mês de dezembro eu e mais três amigos aqui do fórum fomos até esta massa de água matar o vicio da pesca e todos pescámos ao spinning.
Durante todo dia picámos 9 trutas e todas foram de imediato devolvidas à água.
Dias mais tarde soube que foram lá dois “artistas” pescar “luciopercas” para a zona dos viveiros com powerbait e em duas ou três horas tiraram 12 trutas (sendo que nenhuma destas 12 voltou a entrar na água)… Por azar, ou porque as chamadas espécies invasoras hibernam, não pescaram mais nada…
Por isso digo, do que vejo e conheço, os maiores incumpridores são outros pescadores que não o pessoal do spinning. Estes, por via de regra (bem sabendo que há ovelhas negras em todos os rebanhos), têm maior conhecimento e discernimento para saberem o que fazem e o impacto que provocam nas populações de trutas.
O problema não é estas massas de água estarem abertas à pesca durante todo o ano.
O problema são as pessoas que não têm educação nem civismo nenhum. Que não respeitam as regras nem aqueles que as cumprem.
E destes “chicos-espertos” está a população portuguesa bem servida…
Obrigado pelo seu contributo Ferreira de Oliveira.
Infelizmente, uma grande parte dos pescadores que se avistam na barragem dos Pisões não partilham dos seus ideais e normalmente para esses é que a lei existe e tem que ser o mais rígida possível. Se a fiscalização funcionasse devidamente, como por exemplo acontece em Espanha, eu ainda podia acreditar que podíamos permitir a pesca durante o defeso da truta, em massas de água como Pisões, o Minho ou o Lima. No entanto, a verdade é bem diferente. Ainda esta semana me ligaram de Monção para me dizerem que mais dois salmões foram tirados ao spinning e histórias também não faltam de mariscas e um ou outro salmão no Lima. Relativamente a Pisões, nem preciso de falar muito, pois desde redes a Troutbait, é só escolher o método para encher sacos de batata com trutas a caminho da desova …
Enfim, sei sempre que paga o justo pelo pecador nestas coisas, mas não vejo outra forma de regulamentar a pesca como deve ser neste País, especialmente em águas não salmonídeas onde ainda subsistam populações razoáveis de trutas, trutas mariscas e salmões. É proibir e fiscalizar com base na proibição!! Só assim se conseguem apanhar os prevaricadores em flagrante delito, porque o delito é o acto de se pescar!!
Espero que um dia eu possa ter outra perspectiva. Seria muito bom sinal!!
Em Portugal não se fiscaliza porque não há interesse em fiscalizar.
E não se diga que se deve à falta de recursos.
Numa rápida pesquisa pela internet podemos ver que já em 2009 se falava que em Portual cerca de um milhão de portugueses praticava pesca desportiva (http://www.publico.pt/sociedade/noticia/pesca-vicio-para-um-milhao-de-portugueses-1365237).
E o número de praticantes tem vindo a aumentar todos os anos, tal como se pode ver neste documento oficial: http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/pescadores.pdf (muito embora só apresente dados até 2000).
Portanto as contas são fáceis de fazer… Se for um milhão de licenças emitidas anulamente a uma média de €3 cada uma temos a módica quantia de 3 milhões de euros. Fora os fundos europeus que se recebem para proteção do ambiente, entre outros…
Eu pesco há muitos anos e até hoje fui fiscalizado uma única vez. E poucas mais foram as vezes em que vi os fiscais passar (digo passar porque a maior parte das vezes não se dão ao trabalho de parar)…
Enquanto não for possível pescar linces e abutres a pesca desportiva nunca será prioridade para os “senhores” de Lisboa.
Caminhamos para uma situação em que apenas veremos trutas em lagos privados onde pagaremos para as pescar.
E não devem faltar muitos anos até isso acontecer pois quem se lembra da realidade há vinte anos atrás e compara com o presente vai perceber que o futuro é fácil de prever…