As grandes trutas do Ribeiro Negro do Lima

As grandes trutas do Ribeiro Negro do Lima

Depois de ter tirado a minha primeira truta no Coura, resolvi bater outro grande local mítico para as trutas; o ribeiro negro do Lima. Já muito tenho escrito sobre esta linha de água, mas todos os anos lá volto e encontro sempre surpresas agradáveis num caudal com 1,5 metros de largura. No entanto, nada me podia preparar para a sequência de capturas que realizei neste local em 2015.

Efectivamente, este ribeiro é sempre alvo de uma pesca intensiva no primeiro dia. Apesar de ter um caudal e uma profundidade diminuta, os pescadores da minhoca não perdoam as trutas que lá andam e montam-lhes cerco desde a abertura. O problema é que o ribeiro tem uma extensão tão pequena que pouco sobra para outros pescadores, sobretudo para quem anda à amostra, especialmente quando três ou quatro minhoqueiros se espalham pelo seu curso. Isto normalmente faz com que no primeiro dia ninguém pesque esta linha de água à amostra. E era com isso que eu estava a contar e bem!!

Cheguei à foz do ribeiro eram 11h00. Troquei o material de heavy spinning pela minha cana de 1,2 metros, linha 0,12 do ano passado e amostra Mepps Aglia nº1. A ideia era bater o ribeiro para montante tentando apanhar as trutas no centro da corrente. Os primeiros lançamentos surgiram junto à foz e nada mexeu. Notava-se na erva as pegadas do dia anterior e não me parecia que a coisa fosse correr muito bem.

Avancei 100 metros para montante e numa zona com uma ligeira abertura por entre os ramos lanço para montante, não mais de 2 metros. A amostra vem a rodar dentro de água durante 3 segundos e vejo uma sombra atrás, que não consegui ver o que era. Segundo lançamento curto, a amostra vem a sair fora de água, a truta apanha-a com força e a cana dobra totalmente. A truta tenta fugir para jusante e eu seguro-a para não se meter nas silvas. A tensão no 0,12 era máxima e a truta continua a dobrar e saltar sem parar. Lá lhe levanto a cabeça fora de água e tento estabilizá-la. Quando noto que já estava a querer parar, cometo um erro obrigatório (porque a margem era a pique e sem apoio) e levanto-a a peso com o 0,12. Só não partiu por sorte, mas consegui por do meu lado uma truta de 32 centímetros capturada em 2 metros de água. Um lindo exemplar!!!

Truta 32 cm Ribeiro Negro do Lima

Com esta captura, fiquei logo imensamente satisfeito. A faina não podia ter começado melhor e agora havia que atacar mais alguns sítios para montante. Outro local por entre as silvas, mais um lançamento, neste caso de 3 metros, começo a recuperar e quando a amostra passa por um ramo dentro de água, vejo uma truta a segui-la e a abrir a boca. Foi só cravar e a água começou a explodir com a truta aos saltos e a tentar meter-se nas silvas. Desta vez, com a margem menos íngreme, consegui sacar de camaroeiro, descer e estabilizar a truta. Em pouco menos de 1 minuto, já estava do lado de cá. Mais um lindo exemplar!!

Truta 28 cm Ribeiro Negro do Lima Março 2015

Com esta segunda boa truta capturada, achei que era dia de trutas. E não me enganei!! Quando cheguei a um cotovelo no ribeiro, onde entrava uma pequena linha de água, capturei duas trutas em dois lançamentos; uma de 19 e outra de 21 centímetros. Espectacular!! Em menos de 1 hora de pesca, já estavam quatro trutas facturadas. Agora era só mesmo bater mais um pouco e acabar o troço. Mesmo que não tirasse nada, o dia já estava ganho.

Lá fiz mais 150 metros e cheguei a outro cotovelo de rio onde a entrada de uma linha de água formava uma lagoa relativamente generosa, mas cheia de lenha morta. Primeiro lançamento, sinto um toque. Segundo lançamento, apanho um ramo e lá consigo soltar a amostra. Avanço dois passos para a frente e lanço para a outra margem. A amostra começa a rodar e de repente a linha arranca com uma força inusitada para jusante e eu a tentar segurá-la!! Pelo caminho a linha arrastava uma série de ramos pousados sobre a água e eu nada de ver a truta. Só via força e para combater essa força, comecei também a bobinar rapidamente e a puxar a truta para mim. Ainda não a tinha visto, mas não devia ser pequena. E não era mesmo … depois de um minuto a recuperar, consigo vê-la pela primeira vez por entre vários ramos. Era um bicho de respeito para aquele ribeiro!!

Lá lhe dei um pouco mais de luta até a cansar bem e quando a notei cansada, verifiquei que ela estava por detrás de 3 silvas que tinham que ser removidas ou então não a ia conseguir tirar. Peguei num pau da margem e fui afastando as silvas e pegando na cana ao mesmo tempo. Passei a truta pela primeira silva, depois pela segunda e finalmente pela terceira. Isto em 5 minutos. Depois ainda tive que sacar de camaroeiro e tentá-la meter lá dentro. Não falhou!! Uma linda truta de 37 centímetros!! Um lindo troféu naquela zona.

Truta 37 cm Ribeiro Negro do Lima Março 2015

Já mais do que satisfeito, resolvi fazer outro lançamento no mesmo local e vejo outra truta a mexer. Novo lançamento e nada. Mais um lançamento e quando a amostra vem a passar por uma lenha dentro de água, vejo uma truta a apanhar a colher de lado e a saltar fora de água. Lá a segurei e ela avançou logo para jusante. Tentei manter o controlo da situação e forcei o 0,12 para a manter com a cabeça à tona. Resultou e em pouco mais de 1 minuto já a tinha controlado. Depois volta a tirar o camaroeiro e a metê-la lá para dentro. Mais uma boa truta de 35 centímetros … nunca me lembro de ter tirado tantas vezes o camaroeiro num curso de água tão pequeno!!

Truta 35 cm Ribeiro Negro do Lima Março 2015

Com 6 trutas em tão pouco tempo, resolvi fechar a minha jornada por ali. Acho que já tinha tido mais do que sorte e que não valia a pena continuar a picar trutas. O ribeiro negro do Lima tinha proporcionado uma espectacular pescaria (a melhor de sempre) e portanto havia que deixar mais para o ano!!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.