Depois de uma entrada matinal ao Rio Ovelha, e com a tarde a revelar-se bastante clara e quente, achei que não valia a pena continuar a fustigar na mesma massa de água, até porque me pareceu que as trutas estavam bastante picadas. Assim, resolvi tentar algo de diferente. Já há muito que na minha cabeça apareciam imagens das correntes do Rio Tâmega na proximidade de Amarante. Estamos a falar de correntes com boa dimensão e com profundidade qb. Locais ideais para albergar trutas, caso o rio Tâmega não tivesse a fama de ser tão poluído, especialmente nos troços mais para a montante.
A verdade é que parte dessa poluição também tende a diluir-se à medida que o Tâmega recebe água limpa dos seus afluentes. Assim, até podia ser que houvesse algum potencial para brincar com algumas trutas. As dúvidas eram muitas, mas rapidamente se dissiparam à medida que cheguei à beira rio. Dei duas voltas de carro para montante e jusante à procura do local que me parecia mais prolífico e mal vi um poço com um sequência de correntes, resolvi parar.
Meti de imediato o material de heavy spinning a funcionar. Estava numa zona em que o rio apresentava cerca de 50 a 60 metros de largura de margem a margem e lançar longe e pescar fundo eram pressupostos básicos para por as trutas a mexer, caso estivessem lá.
Resolvi começar pela corrente. Os lançamentos começaram a sair e eu apercebi-me que o leito do rio era bastante irregular. Pedras grandes com muitos buracos. As trutas podiam estar fundas, mas eu também não podia facilitar muito, porque senão ia perder muita amostra. Bati a corrente de forma intensiva durante mais de uma hora, mas sem resultado. Nem toque de truta, nem sinal de peixe. Comecei a desmoralizar.
Perante este primeiro fracasso, resolvi avançar para o poço. O poço tinha um profundidade média na ordem dos 5 metros e a corrente encostava toda à margem oposta. Era para lá que os meus lançamentos se começaram a dirigir. Nos primeiros dois spots, não vi nada. Chego ao terceiro e realizo um lançamento largo que cai mesmo na outra margem. Começo a recuperar lentamente e quando a amostra passa pelo meio do poço a caminho da minha margem, sinto uma leve pressão na linha, mas nada de muito forte. Fosse o que fosse tinha largado rápido. Será que era truta?
Novo lançamento para tirar dúvidas e a mesma abordagem com recuperação lenta. A amostra fez todo o percurso sem novidade e quando estava a entrar por entre as árvores da minha margem, sinto um leve toque e cravo imediatamente. A truta sentindo-se presa arrancou para montante e começou a levar algum fio. Lá a segurei e fui-a trabalhando com calma. Como o rio era bastante largo e sem obstáculos, não existiam razões para apressar as coisas. Ela deu as cabeçadas e corridas que achou necessárias, enquanto eu saquei de camaroeiro. Quando o camaroeiro estava a postos, coloquei-a para fora de água. Uma linda truta de 38 centímetros. A minha primeira do Tâmega.
Depois desta captura, fiquei animado e a minha perspectiva do Tâmega mudou radicalmente. Apesar de já não ter muito tempo disponível para continuar a pescaria, ia pelo menos acabar de bater o poço como deve ser.
Resolvi insistir no mesmo local onde realizei a captura. Normalmente essa estratégia é contraproducente, mas nunca se sabe. Mais 7 ou 8 lançamentos largos e num deles pareceu-me que tinha havido um pequeno toque na linha, mas não consegui confirmar.
Sem novidade, avancei para o local imediatamente a seguir. Primeiro lançamento, começo a recuperar, a amostra chega-se à minha margem e mais uma leve tensão na linha. Situação exactamente igual à anterior. Volto a repetir o lançamento, começo a recuperar e quando a amostra entra na zona das árvores da minha margem, levo um toque a sério. Nem foi preciso cravar, pois a truta ficou logo presa e começou a levar fio para jusante. Lá a tentei contrariar e com a frieza necessária fui-lhe dando as voltas. Ainda saltou duas vezes fora de água, mas os triplos da amostra estavam a funcionar na perfeição. Com a margem inclinada, ainda tive que fazer algum esforço para colocar o camaroeiro na água, mas mal entrou, a truta não se fez rogada e pôs-se a jeito. Uma truta de 37 centímetros do Rio Tâmega e com coloração diferente da anterior.
Depois desta captura, pesquei o poço todo até ao seu final, mas sem novidades. Efectivamente, o tempo já escasseava e a minha passagem pelo Tâmega tinha sido uma grande surpresa, deixando-me a clara sensação de que ainda há muito para descobrir neste rio e que esta seria a primeira de muitas viagens … certamente que à procura de trutas maiores …

Gostei de ver que te deste bem pelo Tâmega, pesco muito neste rio.
Ha quem diga chame a essas do tipo a segunda truta mais clarinha de marisca embora nunca consiga chegar ao mar (porque sera que neste nosso pais nao se constroem escadas para peixes nas barragens?), e de facto tem uma carne rosada como as mariscas e salmoes.
Ha zonas longe de estradas e caminhos para quem quer andar um bocadinho onde raramente vai gente, pocos boms e zonas de rápidos onde as únicas pegadas que se encontram sao dos animais selvagens. E claro, excelentes trofeus de 40+ a puxar pros 50…
Seria bom um dia nos encontrarmos por aqui…
A ver se marcamos uma pescaria em Maio …
Se te der jeito, vai apontando para o dia 16 de Maio … para pescarmos o dia inteiro até darmos com as bichas de kilo!!
Manda-me uma mensagem privada directamente para o email mplaferreira@yahoo.com para se marcar.
Abraço