Uma truta do Lima no meio dos barcos

Uma truta do Lima no meio dos barcos

Já com a abertura mais do que para trás das costas e com os rios a apresentarem alguma pressão de pesca considerável, sobretudo os de caudal pequeno a médio, restava a opção de tentar a sorte em massas de água de maior dimensão. Nestes locais, as trutas tinham mais espaço para fugir e também para se esconderem, podendo assim evitar mais facilmente a passagem contínua de iscos por parte dos pescadores.

Com o Domingo a arrancar, e tomando em consideração a análise anterior, resolvi rumar ao rio Lima na zona de Ponte de Lima. Sei que esta zona é muito concorrida, não só por pescadores profissionais, mas também pelos amigos do remo, e portanto só me ia safar durante as primeiras horas da manhã.

Depois de uma rápida viagem, cheguei ao local por volta das 7h30. Carros parados eram pelo menos quatro e ainda estavam a chegar mais dois. Pescadores eram alguns, mas não vi nenhum ao spinning. Vi dois profissionais numa zona de areia com baixa profundidade (deviam andar à lampreia) e portanto podia avançar para a zona de corrente mais profunda. Antes artilhei o material de heavy spinning e toca a fazer caminho até à margem. Eram 7h45 e já estava a disparar os primeiros lançamentos longos.

Nos primeiros quinze minutos nada se passou. Realizei vários lançamentos e bati cerca de 50 metros de margem, mas nada. Entretanto, resolvi avançar logo para a corrente. Estava eu a fazer caminho quando vejo um pescador ao spinning cheio de pressa. Passou por mim e toca a correr para montante da corrente. Resolvi apreciar o artista. Mepps nº2 em fio 0,2 e lançamentos a não fazerem mais de 20 metros. Não era mal pensado, se estivéssemos em Maio/Junho e as trutas estivessem colocadas junto às árvores da margem. Agora nesta altura?? Pelo que vi era só mesmo coar água e correr margem!!

Entretanto, focalizei-me na corrente e quando comecei a pescar vi um barco a passar junto à margem contrária. Um pescador e um cão, com o motor quase desligado e com cana de spinning. Lá passaram sem novidade e eu continuei a espancar a corrente com a amostra, mas nem sinal de peixe dentro de água.

Durante 15 minutos bati a corrente ao milímetro até me cansar. Sem grandes opções, resolvi rumar a jusante à procura de um troço que eu ainda não tinha batido. Com lançamento atrás de lançamento, cheguei a uma zona mais larga e funda onde vi então o artista do barco a pescar ao spinning. Lançava para as margens e depois recuperava normalmente. Ao mesmo tempo, o cão saltava por todo o lado dentro do barco … a espantar as trutas!!

Mais uma olhadela ao barco e mais um lançamento largo numa zona de areão mais grosso. Começo a recuperar e quando a amostra vem a chegar perto da minha margem, sinto um ligeiro toque, mas mantenho a trajectória. Entretanto quando a colher começa a subir no meu sentido, vejo uma sombra atrás dela que abre a boca e eu cravo instintivamente. Foi remédio santo!! A truta sentindo-se cravada, saltou fora de água e não parou nos primeiros 20 segundos. Foi sempre a correr de um lado para o outro e eu com medo que o fio partisse. Lá a segurei dentro dos limites da zona onde me encontrava e quando já estava um pouco para o cansada, deitei-lhe a mão e coloquei-a em terreno firme. Uma linda truta de 28 centímetros do Rio Lima.

Truta 28 cm Rio Lima Março 2015

Depois desta captura realizada não muito longe do barco, resolvi insistir no local. A ideia até era boa, o problema foi a chegada da turma do remo que rapidamente colocou a zona em estado de sítio. Com o barulho dos remos, a conversa dos praticantes e a passagem em ritmo de corrida das canoas, o cenário complicou-se muito para a pesca.

Ainda vi mais duas trutitas na meia hora seguinte, mas já estavam muito manhosas. Apenas seguiam a amostra ao de longe para não terem problemas. A pesca já não tinha mais andamento e portanto tive que retirar as tropas de campo. Atendendo à concorrência, até que a sessão de duas horas não tinha corrido nada mal, mas com a chegada destes novos amigos, não havia condições para continuar.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.