Já passou algum tempo, mas a verdade é que a abertura da pesca à truta nas barragens do Gerês é sempre um momento digno de registo na temporada de pesca à truta de qualquer pescador da zona norte. Como tal, nós não podíamos ser excepção e portanto duas a três semanas antes da data planeada já estava a ser tudo ultimado para termos uma abertura bem conseguida.
Este ano, e à semelhança de anos anteriores, o plano passava por fazer a abertura na Barragem de Sezelhe, onde à partida nos foi prometido um repovoamento como manda a sapatilha, e depois avançar para águas mais amplas durante a tarde. A equipa para este ano seria constituída por mim, pelo Professor Arlindo Cunha, pelo amigo Zé Pintalhão e pelo grande Cândido Lamas. A nós iriam-se juntar o Ivo, o Ricardo Lima e o Tiago que tinham decidido passar a noite no parque de merendas de Sezelhe, pois deslocaram-se para o local do crime numa auto-caravana. Estratégia ideal para guardar o local de pesca!
Com o arranque do Porto às 4h30 da manhã, estávamos em Sezelhe eram 6h30 para começar a pescar. Mal chegamos e pegamos na licença, o Ricardo foi-nos logo informando que durante a noite tinha havido algum pessoal a pescar à bóia. Enfim, o vício é tão grande que ninguém respeita nada. É sempre a mesma coisa!!
Com a barragem pejada de pessoal, resolvemos tentar entrar num sítio onde costuma dar umas trutas, mas a escuridão da alvorada não nos permitiu ver que o local já estava ocupado. Perante isto, tivemos que voltar ao local de partida e apenas o Cândido ficou para trás à procura de um sítio para matar o vício.
Entretanto eu comecei a pescar na entrada da conduta para Pisões com material de heavy spinning. Malhei bem a zona e apenas tive dois toques de truta pequena. A coisa estava com aspecto bastante negro e achei que estava a perder tempo. Em menos de 10 minutos, alterei a estratégia e meti-me mesmo na zona frontal ao parque de merendas encostado ao Zé Pintalhão e no meio de pescadores à bóia.
O Zé estava-se a rir, porque tinha tirado duas ou três trutitas e eu a zero. Bem, primeiro lançamento largo, começo a recuperar e mal a amostra começa a rodar, levo uma boa troçada e cravo logo uma truta. Lá a segurei e com calma arrastei-a para cima da relva. Uma trutita de repovoamento com 25 centímetros.
Saiu logo o primeiro comentário do Zé: “Já vieste para aqui estragar a pesca aos outros!”. Nem dito, nem feito. Segundo lançamento para o mesmo sítio e outra truta de igual tamanho. Terceiro lançamento, terceira truta e assim sucessivamente até às 7 trutas. Ainda devolvi uma, porque me parecia que não tinha a medida, mas como era tudo ração também não era isso que fazia muita diferença.
Entretanto, o Zé nem vê-las e o Arlindo, colocado a 5 metros de mim, nem um toque levou. Por acaso, foi uma coincidência, mas soube bem, porque não faltaram os comentários maliciosos.
Inesperadamente, e após ter capturado a última truta, a actividade estagnou completamente. O sol começou a bater na água e a partir da 8h30, nem sinal de truta. Bem malhamos de forma seguida, mas parecia milagre. Nunca mais tivemos nem um toque até às 11 horas. O Ivo, o Ricardo e o Tiago tiraram entre 3 a 4 trutas cada um e o Cândido ficou-se pelos toques. A situação estava complicada e como tal resolvemos virar-nos para uma carniça e para o assador do parque de merendas. Até à uma da tarde, foi sempre a assar, a comer e a beber. Isto numa paisagem impecável, onde o único facto de registo era que as trutas tinham deixado de picar, pois nós conseguíamos ver bem a acção de pesca na barragem.
Com calma, fomos planeando a estratégia da tarde que passava obrigatoriamente por águas mais amplas. A história por Sezelhe estava terminada. Trutas de repovoamento até às 8h30, em menor quantidade do que em anos anteriores (sabe-se lá porquê), e depois coar água até ao almoço. Para o ano, se calhar temos que zarpar de Sezelhe mais cedo 🙂 🙂
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