Micro trutas no Rio Mouro

Micro trutas no Rio Mouro

Depois de dois dias de chuva no final de Abril, resolvi combinar uma pescaria no Rio Mouro com o Cândido Lamas. A ideia era verificar até que ponto a chuva forte que tinha caído nos dias anteriores conseguia ou não trazer alguns salmões ou trutas mariscas para este curso de água, que claramente vive de enxurradas para se renovar. Já não era a minha primeira vez no Mouro, pois este ano eu e o Torres realizamos a abertura neste rio. No entanto, a falta de peixe grande tinha deixado algum descontentamento e portanto ficou sempre a vontade de voltar para ver se as coisas se tinham alterado.

Chegamos ao local de pesca por volta das 7 horas da manhã. Depois de nos encontrarmos em Viana, eu e o Cândido rumamos à zona do Mouro. Pelo caminho, fomos discutindo a estratégia e falando sobre outros assuntos relacionados com pesca.

À chegada, o tempo estava cinzento e ameaçava chuva. Eu preparei o material de heavy spinning e fiz-me ao rio. Infelizmente, não me deparei com o ambiente de cheias que estava a antecipar. O caudal do rio estava em níveis não muito elevados comparativamente ao dia da abertura e a cor era quase transparente. Pelos vistos, a chuva não tinha caído com a intensidade necessária naquele local.

Mesmo com alguma desconfiança, decidimos avançar com a pescaria e os primeiros lançamentos surgiram logo encostados à ponte. Bem batemos essa zona, mas apenas tive um toque e de truta que não me pareceu muito grande. O início não era promissor.

Sem resultados, resolvemos avançar para montante à procura da zona de correntes. Fomos batendo alguns buracos mais promissores pelo caminho, mas não se via aspecto de nada decente. Apenas uma ou outra truta de pequena dimensão a seguir a amostra. Entretanto, a chuva tinha começado a cair de forma relativamente inconstante.

Quando chegamos às correntes, a chuva já caía certinha e resolvemos assentar por ali durante cerca de uma hora. Lançamentos sucessivos e mais do mesmo. Só trutas de pequeno tamanho a mexer e o rio não mudava de cor, nem levantava o suficiente.

No final das correntes, a chuva parou e entrou um bocado de sol. Já numa zona de areia fina, o Cândido, que tinha mudado para uma amostra menos pesada do que a minha, tira a primeira truta do dia. Uma truta de cerca de 14 centímetros que foi rapidamente devolvida à água.

Com o panorama a não se alterar, também me vi forçado a mudar para o equipamento de light spinning para pelo menos ter um toque decente. Entrei numa zona de poço com uma Mepps Aglia nº1 e tiro a primeira truta do dia. Um pequeno exemplar de 10 centímetros que também foi devolvido à água. Só mesmo para tirar a grade!!

Truta 10 cm Rio Mouro finais Abril 2015

Depois desta captura, o panorama não melhorou. Mantivemos o material menos pesado e tiramos mais umas trutitas. O Cândido mais três e eu mais duas, mas nenhuma com tamanho decente. Estavamos claramente a picar alevins e portanto a desmoralização já era total e a pescaria tinha que acabar. Assim, chegado o meio-dia e já em cima da Ponte do Curto, resolvemos fechar a faina. Em vez de chuva, tinha aparecido o sol e em vez de bom peixe, demos com micro-trutas.

No global, esta pescaria decepcionou e coloca a questão sobre o que se poderá estar a passar no Rio Mouro. Efectivamente, o nível das pescarias tem vindo a diminuir nos últimos anos e nota-se uma menor densidade de peixe, e sobretudo peixe maior, neste curso de água. Não sei se isto é uma situação conjuntural ou estrutural, mas achamos que merece uma análise mais cuidada.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.