Com muita curiosidade de conhecer os lotes do Rio Coura e após conversa com o Dr. Sousa Rodrigues, que é um homem já com bastante conhecimento sobre esta concessão de pesca desportiva, sobretudo há mais de 10 anos atrás, resolvi marcar uma pescaria neste local. Para tal, tive que me dirigir à Câmara Municipal de Paredes de Coura com a antecedência de uma semana e tirar as licenças, num sistema que considero bastante inconveniente, especialmente para quem habita longe de Paredes de Coura.
Depois do esclarecimento de algumas dúvidas sobre a localização dos lotes onde pretendíamos pescar, ficamos a saber que afinal era possível agilizar o processo da emissão de licenças, especialmente se já estivessem inseridos os nossos dados no sistema da Câmara Municipal. Enfim, depois desta breve aprendizagem, também ficamos a saber que era possível pescarem várias pessoas simultaneamente num mesmo lote e, portanto, tirei duas licenças para o mesmo lote.
A escolha do dia não foi feita à sorte. A ideia era pescarmos numa altura de chuva, ou pelo menos de ameaça de chuva. Algo que efectivamente se concretizou, pois no dia anterior à nossa pescaria, choveu bem, e no dia seguinte, apanhamos um tempo nublado com ameaça de chuva.
Chegamos ao local por volta das 7 horas da manhã. Equipei o material de heavy spinning e preparei-me para arrancar para o rio. O amigo Sousa Rodrigues, lá demorou um pouco mais, pois tinha o material muito embrulhado, mas não tardou em por tudo em ordem. Aliás, o material que ele utilizava já era bastante velho e pedia reforma, especialmente o carreto, que era mais dirigido para a pesca à minhoca do que ao spinning.
Rapidamente chegamos à margem do rio e começaram a sair os primeiros lançamentos. Ao terceiro ou ao quarto, vi logo a primeira truta de bom tamanho a dar uma volta à amostra e a parar em frente aos meus pés. Um bom sinal!!
Estava eu a pensar na truta, quando ouço um barulho ao meu lado e o amigo Sousa Rodrigues com um ar preocupado. A cana que ele trazia estava partida. Realmente, era uma cana já com vários anos e muito tinha ela durado. Não havia mais nada a fazer. Tivemos que voltar ao carro e ele lá arranjou uma cana de substituição mais pequena.
Assim, e depois de perdermos 10 minutos, voltamos ao assunto. Mesmo local e lançamentos a sair. Numa recuperação de montante para jusante, tenho o primeiro toque substancial. A truta tinha entrado bem, mas não a consegui cravar. Entretanto, o Dr. Sousa Rodrigues tinha disparado em velocidade de cruzeiro para montante. Eu deixei-me ficar para trás e passei para o poiso seguinte. Lançamento largo junto a uma ilhota no centro do rio, começo a recuperar e vejo uma truta a entrar com força. Ela arranca para jusante e eu puxo-a para mim, fazendo com que salte fora de água. Como não se descravou, lá a fui trabalhando no meu sentido e em pouco mais de um minuto estava a meus pés. Uma arco-íris de 21 centímetros. Certamente uma daquelas que tinha fugido do viveiro, mais a montante.
Depois desta captura, voltei a insistir exactamente no mesmo sítio. Tive dois toques, mas não consegui cravar como deve ser. Pelo aspecto, deveriam ser outras trutas arco-íris que estavam em cardume. Como sentiram o ferro do anzol duas vezes, não tardaram em desaparecer.
Dito isto, resolvi avançar para montante para tentar encontrar-me com o meu companheiro de pesca que já tinha feito uns bons metros. Bati um ou dois buracos mais promissores, mas tive que andar depressa para ir ter com o amigo Sousa Rodrigues que já estava a cerca de 500 metros da minha posição. Até lá, nem vi trutas, nem senti nenhum toque.
Encontrei o meu parceiro de pesca à entrada de um açude. Lá me disse que ainda não tirado nada, mas já tinha visto uma truta de dois kilos a brincar com a amostra. Enfim, não deve ter gostado do que viu.
Resolvemos então atacar o açude em dupla. Desde uma linda entrada de água até à zona menos profunda, foi só coar água. Viam-se umas trutas a seguir a amostra desde longe, mas mantendo sempre a distância de segurança. Cheirou-me logo a excesso de pressão de pesca. Como tal, resolvi baixar o tamanho da linha e da amostra para dimensões de light spinning, já no final do açude. Ainda vi uma boa truta a dar duas voltas à colher mesmo no final do açude, mas arrependeu-se à última hora.
Sem qualquer sorte no açude, resolvi passar às correntes superiores. Lançamento para montante paralelo à minha margem, começo a recuperar e sinto o fio a fugir para o centro da corrente. Cravo e vejo uma truta a saltar fora de água e a fugir como uma louca. Lá a seguro e e tento encaminhá-la para mim, mas ela enrolava-se e debatia-se como se não existisse amanhã. Lá me posicionei melhor, puxei-a para uma zona de areia pouco profunda e deitei-lhe a mão. Uma linda truta fario do Coura com 26 centímetros.
Depois de consumar esta captura, entrei numa zona com boa densidade de trutas pequenas. Ainda capturei quatro nas correntes mais fundas, mas foram rapidamente libertadas. Interessava-me sobretudo avançar para locais de maior profundidade. Como tal, avancei para um novo açude, onde comecei a lançar com maior intensidade.
Num buraco mais fundo, lancei para uma zona de areia e comecei a recuperar, a amostra vinha a meia água e de repente, sinto uma prisão na linha. Cravo e vejo a linha a arrancar para jusante e a por o carreto a trabalhar. Levanto a ponta da cana e chego-me mais à margem para ver uma boa truta a enrolar na linha. Puxo-a para montante, ela desenrola-se e começa mais uma nova corrida, desta vez para montante. Tento segurá-la novamente e ela leva mais fio. Durante 5 minutos, não fiz mais nada senão tentar evitar que a truta descravasse ou que partisse o fio. A situação não era fácil, até porque a cobertura vegetal da margem era relativamente densa. Já no limite consegui-a cansar e meti o camaroeiro dentro de água. Após três passagens, lá entrou dentro da rede. Uma linda truta de 30 centímetros do Coura.
Terminada esta captura, cheguei ao final do lote. O Dr. Sousa Rodrigues não tinha tirado nada e já tinha feito o caminho de volta para o carro, enquanto eu fiquei a bater os últimos metros junto ao limite. Também não tardei muito. Passados 10 minutos, já estava a caminho.
Já próximo da zona onde estava o carro, deitei uma última vista de olhos ao açude que não tinha dado nada e vi uma boa truta de kilo a comer à superfície. Não a podia deixar ficar! Foi malhar até que abriu a boca nas condições mais caricatas – situação já relatada noutro post!!!
No final, a pescaria foi um verdadeiro sucesso. Em quatro horas de pesca, realizei boas capturas e de bom tamanho. Foram oito trutas no total contra a grade do amigo Sousa Rodrigues que depois pagou a multa com uma boa lampreia no Rio Minho. O final perfeito para grandes momentos de pesca que deixaram vontade de voltar aos lotes do Coura novamente.
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