Dia de calor no Rio Paiva

Dia de calor no Rio Paiva

Finais de Julho, e com o tempo a aquecer, surgiu convite do amigo Vasconcelos para pescar mais um troço concessionado do Rio Paiva na zona de Parada de Ester. Segundo aquilo que nos contou antes da pescaria, este era um troço afamado pela grande densidade de trutas e presença de bens espécimes, mas com a poluição crescente na zona a jusante de Castro Daire, uma parte importante da mais valia truteira deste rio tem vindo a desaparecer.

De qualquer forma, sempre com alguma esperança, resolvemos atacar a tal concessão do Rio Paiva. A ideia era pescar umas trutas no Paiva, mas caso o plano principal falhasse, havia sempre um plano B que passava por um almoço de carne Arouquesa preparada no forno em restaurante típico regional. Portanto, e com este tipo de proposta, não havia por onde falhar.

Assim, formou-se a equipa; eu, o Vasconcelos, o Dr. Sousa Rodrigues, o Dr. Oliveira Alves e o Carvalho (amigo do Vasconcelos). Depois de dividirmos os lotes por duas equipas; eu e o Dr. Sousa Rodrigues, e o Dr. Oliveira Alves e o Vasconcelos, resolvemos preparar o material para a faina. Atendendo ao calor e à forte luminosidade do dia, mesmo às 6 da manhã, resolvi pegar no material de light spinning. Aliás, o baixo caudal do rio e a falta de poços com profundidade considerável pareciam prognosticar um ambiente de pesca muito difícil, portanto havia que maximizar a possibilidade de contacto com as trutas.

Assim, depois de sermos largados a jusante da ponte onde termina o lote 1, resolvemos pescar para montante. Via-se alguma actividade pouco expressiva no rio e não me parecia que fosse de truta.

O primeiro lançamento saiu num pequeno poço. Lancei várias vezes sem sucesso e até parecia que não existiam ali trutas. Lentamente, fui avançando para montante e no princípio da corrente, cravo o primeiro peixe. Luta com alguma intensidade, mas rapidamente vi a barriga muito virada para cima. Era uma boga que resolveu perseguir a amostra e conseguiu prender o triplo. Uma boga de 12 centímetros e do lado do Dr. Sousa Rodrigues, nem sinal.

Motivado por este primeiro sinal positivo, avancei ainda mais para montante. As correntes eram muito pouco profundas e não tinham grande perfil para abrigar trutas, como tal resolvi batê-las superficialmente até chegar ao primeiro poço de jeito. No final do poço, vejo um leve movimento à superfície. Lançamento para montante do local onde tinha visto acção, começo a recuperar, a amostra passa pelo local pretendido e nada mexe. Olho para o lado e de repente, vejo um movimento brusco de peixe grande à superfície, tento cravar, mas a linha parte como se fosse manteiga. Nem tensão a sério levou! Fiquei sem saber o que era!! Mais à frente ainda vi uns bons barbos a nadar, mas a linha parecia que tinha sido cortada em vez de ter sido estourada com um puxão forte. Bem … é o que dá facilitar com o 0,12. Pesca-se muito em quantidade, mas quando chega à qualidade, a coisa pode-se complicar.

Perante isto, mudei imediatamente para o 0,18, mas já foi tarde. Bem lancei e lancei na zona, mas nem sinal. Só mesmo alguns bons barbos andavam ainda por ali às voltas.

Perante isto, avancei mais para montante e entrei nas zonas com mais corrente. Ali tive dois ou três toques, mas não me pareceram trutas. Enfim, já no fim da paciência, lanço para jusante, começo a recuperar e de repente vejo um peixe a cravar e arrancar com força. Era um barbo! Como não tinha grande tamanho, não tive dificuldade em dominá-lo. Um barbo com 23 centímetros.

Barbo 23 cm Rio Paiva Julho 2015

Afinal, eram os barbos que andavam a brincar com a água quente. Aproveitando esta vontade, resolvi ir mudando de amostra entre poços e correntes, e ainda fiz uma safra razoável. Em pouco menos de 2 horas, tirei mais três barbos e um escalo, o maior deles com 27 centímetros.

Barbo 27 cm Rio Paiva Julho 2015

No final da manhã, e com o tempo a aquecer para níveis elevados, só eu é que tinha tirado peixe. Não se viu truta, nem ninguém tinha mexido mais nada. Com tal cenário, resolvemos desistir rapidamente da pesca e dedicar-mo-nos à boa carne Arouquesa. Ali nada falhou. Quanto a trutas no Paiva, isso vai ter que ficar para o ano quando as condições estiverem melhores, ou então, quando injectarem mais uma dose de ração no rio!

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.