Recentemente deparei-me com um artigo publicado pelos “Verdes” sobre a realidade Açoriana em termos de introdução de espécies exóticas. Neste caso concreto, o artigo interessou-me porque focaliza a argumentação sobre a truta arco-íris e como tal tem um impacto directo sobre a pesca à truta e os pescadores de truta que vivem ou visitam o arquipélago.
Antes demais e para evitar estar a tecer considerações em terreno virgem, o melhor é mesmo ler o artigo na íntegra que se encontra abaixo e que penso ser esclarecedor. Quem o subscreve é um biólogo que se afirma como um ecologista;
No essencial até consigo concordar com a perspectiva que é apresentada relativamente às espécies exóticas. Acho que efectivamente a sua introdução é um erro crasso e que tudo deve ser feito para evitar a progressão destas espécies, especialmente em ecossistemas equilibrados apenas com espécies indígenas. Aliás, neste mesmo sentido, sou o primeiro a não compreender porque é que se proíbe a pesca do achigã e da truta arco-íris no Rio Minho numa tentativa de defender estas espécies exóticas. No entanto, acho que todas as regras permitem sempre algumas excepções e neste caso concreto, a argumentação contra a truta arco-íris parece-me bastante exagerada pelo simples facto de as ribeiras dos Açores nunca terem tido nenhuma espécie piscícola fluvial indígena que permita aferir sobre um efeito bastante prejudicial desta introdução. Também não acredito que a população anfíbia ou mesmo de insectos tenha sido irremediavelmente afectada pela introdução desta espécie, pois estas conseguem sempre sobreviver em algumas zonas húmidas de muito pouca profundidade onde as trutas não conseguem entrar.
Assim, e sem a clarividência de um estudo científico, o que me parece estar em causa aqui é mais um ataque deliberado contra toda a intervenção do homem no meio ambiente, independentemente da espécie em causa. Não é por acaso que quando faltam argumentos sobre a truta arco-íris se avança para o coelho e para a perdiz e assim sucessivamente. A verdade, no entanto, é que todas estas espécies já foram introduzidas há várias décadas e os ecossistemas das ilhas já alcançaram um novo equilíbrio com as mesmas. Neste contexto, uma total erradicação, a ser realizada, deveria começar por expulsar toda população humana das ilhas, já que na lista das espécies exóticas invasoras mais prejudiciais, a espécie humana ocupa sem dúvida o primeiro lugar, e depois todos os restantes animais que por ela foram introduzidos.
Como o cenário de desertificação das ilhas não está previsto para já, nem os ambientalistas se ofereceram voluntariamente para tomar a liderança neste processo e serem os primeiros a partir, parece-me que o que há mesmo a fazer é uma gestão sustentável dos ecossistemas das ilhas, incluindo espécies indígenas e exóticas. Acho, neste contexto, que a truta arco-íris deve permanecer nas ribeiras da ilha, no entanto, deve ser gerida de forma mais equilibrada e não na base um produção maciça de exemplares para repovoamentos exagerados de massas de água. Neste sentido, e com uma visão mais ponderada, penso que existe espaço para a coexistência de todos os interesses, permitindo alguma intervenção do homem sobre os habitats sem deixar que essa intervenção desequilibre demasiado esses mesmos habitats. Intervenções radicais como aquelas que são propostas neste artigo não levam a lado nenhum e apenas defendem uma política da terra queimada para criar intervenções radicais desnecessárias e parques nacionais por todo o lado, que obviamente iriam apenas criar mais empregos para ambientalistas!!
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