Mais um Agosto e mais umas pequenas férias no interior que tinham que proporcionar pelo menos uma pescaria às trutas. Atendendo às restrições típicas deste mês, que permitem a pesca apenas no Zêzere e no Mondego na zona da Guarda, resolvi optar pelo segundo, devido, não só à sua maior cobertura arbórea, mas também devido à maior profundidade dos seus poços que permite níveis de stress mais reduzidos para as trutas numa altura de calor e pouca água.
Como estava em terras do Mota, ainda lhe liguei para ver se ele se tinha disponibilidade para se juntar à faina, mas compromissos de última hora afastaram qualquer possibilidade de darmos uma volta em conjunto.
Assim, resolvi acordar relativamente cedo e cheguei ao troço a jusante da Ponte da Mizarela por volta das 7 horas da manhã. Preparei o material de light spinning e resolvi começar a atacar numa zona com dois bons poços e correspondentes correntes. Era uma zona conhecida por albergar boas trutas e podia ser que as coisas corressem bem.
Logo no primeiro lançamento tive novidade. Não vi qualquer truta, mas vi um movimento à superfície bastante pronunciado junto à linha no ponto em que ela tocava na água. Peixe grande que tinha vindo ver a linha e deu meia volta. Motivado por este primeiro sinal, voltei a lançar no mesmo sítio, mas também comecei logo a pensar que tinha que mudar de material, porque senão corria sérios riscos de ter uma surpresa desagradável. Assim, e mal acabei uma sequência de 10 lançamentos, mudei para o 0,18 e para uma colher nº3. De nada, adiantou, porque a truta devia estar sozinha e nunca mais tive sinal dela. Bati o poço e a correspondente corrente durante mais de meia hora e nem toque. As margens estavam bem calcadas. O que também podia ser um sinal de pesca intensiva e de peixe bastante furtivo.
Enfim, sem grandes novidades, avancei para o poço seguinte e logo à entrada vi muito movimento à superfície de peixe pequeno. Deviam ser pequenos escalos. Lancei várias vezes para aquele local e nada mexeu. Até parecia mentira. Com tanto alimento potencial, não havia ali uma truta? Lancei e lancei e só mesmo na ponta final é que me pareceu sentir um pequeno toque encostado aos meus pés, mas não consegui ver o que era.
Já sem grande esperança, resolvi então avançar para a corrente. Primeiro lancei na parte mais funda e depois avancei para a menos funda. Na última, vi a primeira truta do dia a seguir a amostra. Lançamento a não mais de 10 metros e uma truta de cerca de 27 cm a olhar para a colher. Resolvi insistir num lançamento curto paralelo à minha margem, numa zona com meio metro de profundidade, e quando a amostra começa a rolar sinto uma pancada bastante forte. Ainda cravei, mas não deu em nada. Tinha sido truta de respeito que deu pancada com a cabeça, mas sem abrir a boca. Enfim, de pouco adiantou a minha insistência no local, pois nada mais aconteceu.
Com os dois poços batidos e com o sol a aquecer a níveis já bastante razoáveis, resolvi mudar de local à procura de um outro poço. Lá passei pelo Restaurante que ainda vende e anuncia peixes do rio em plena Estrada Nacional, numa zona onde não existe pesca profissional, e dirigi-me ao meu novo paradeiro.
Tempo perdido! Cheguei ao local e ainda vi uma truta de 25 cm a dar uma pancada na colher, mas mal saí desse local e quis avançar, deparei-me com um grupo de 3 pescadores com canas longas e baldes com peixe vivo dentro. Ainda lhes perguntei o que andavam a fazer, mas mantiveram-se silenciosos. Da duas uma: ou andavam aos bordalos e mantinham-nos vivos para depois levar para casa, ou então andavam às trutas com peixe vivo. De qualquer forma, e como já vinham da corrente principal do poço, tinham-me estragado o esquema e o final da pescaria, portanto não valia a pena insistir.
No global, esta pescaria foi bastante curta, mas deu para conseguir ver alguma actividade de boas trutas no Mondego. Este é um facto importante e que marca a diferença pela positiva relativamente a uma visita realizada no ano passado, mais ou menos na mesma altura. Em termos negativos, há a denotar a manutenção do negócio dos peixes do rio da zona e a falta de fiscalização para a prevenção da pesca ilegal.
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