Com o mês de Fevereiro aí, começam a aquecer os ânimos e muitos são os pescadores de trutas que já visitam as lojas de pesca e preparam o seu arsenal para mais uma temporada de pesca às trutas. Como é de esperar, a ansiedade vai crescendo com cada dia que passa e na cabeça dos mais estrategas surgem os primeiros planos para a abertura. Ainda há pouco tempo falei com alguns pescadores de trutas bastante viciados que já sabiam exactamente aonde a abertura ia ser feita, até porque já se tinha calcado alguma margem de rio à procura dos locais com maiores densidades de trutas. Considero que ainda há muitas variáveis a considerar até à última semana de Fevereiro, especialmente do ponto de vista meteorológico, mas também compreendo a enorme vontade de voltar a desfrutar de grandes momentos de qualidade atrás das trutas, portanto, cada cabeça, sua sentença!
Neste momento, os caudais dos rios que observei, quer na zona norte, quer na zona centro, apresentam as condições ideais para um bom início de temporada. A chuva de Janeiro foi providencial para criar as condições necessárias à subida das trutas para os melhores locais de desova e neste momento atinge-se o ponto mais alto deste fenómeno anual. Simultaneamente, os bons níveis dos cursos de água também permitem um maior transporte de nutrientes para as trutas. Assim, e mantendo-se o nível actual, aliás as previsões meteorológicas a 30 dias a que tive acesso permitem apontar nesse sentido, parece-me que vamos ter as condições ideais para uma boa abertura ao spinning, sobretudo em correntes profundas e com iscos relativamente pesados.
Já de um ponto de vista legal, e com a entrada de um novo governo, parece-nos que a coisa continua a ser mais do mesmo, senão para pior. Efectivamente, o site do ICNF está em remodelação já há mais de 3 semanas e a informação disponibilizada é bastante limitada. Os editais das zonas pesca reservada estão ainda por publicar e isto numa situação em que a maioria dos pescadores de trutas já queria começar a planear as suas saídas de pesca. Parece-nos ser um mau prenúncio do que aí vem, já que com a mudança de governo, esperava-se uma maior agilidade nestes processos e sobretudo na passagem de informação ao pescador.
Quanto a densidades de trutas, creio que pouco haverá a dizer neste momento. Recebi várias informações de sessões de repovoamento pontuais realizadas pelo ICNF e não disponíveis para consulta pública, mas não acredito que sejam as necessárias para reverter o processo de declínio de alguns rios, nomeadamente da zona do Minho, onde assisti à maior quebra de densidade dos últimos anos. Acho que deveria ter havido uma acção enérgica das autoridades no sentido de reverter esta situação, mas que nunca chegou a ser seriamente ponderada.
No que diz respeito a fiscalização, parece-me que as novidades também são poucas. Os furtivos continuam a prosperar e continuam-me a chegar relatos de pescarias realizadas no Minho, em Pisões e noutras águas não salmonideas onde existem trutas. Claro que a acção desta gente não fica por aqui e passa também pelas águas salmonideas, portanto não será de estranhar se nalguns locais as trutas já vos parecerem demasiado picadas.
No final, só resta mesmo a esperança e a ilusão do pescador que já sonha com bons momentos passados atrás das trutas nesta temporada de 2016. Quer elas estejam lá ou não, quer a fiscalização actue ou não ou quer a lei funcione ou não, nada vai conseguir apagar aquela vontade de acordar cedo e realizar lançamentos quase impossíveis a grandes exemplares esquivos que dia após dia rejeitam a nossa amostra, até que um dia mordem … 🙂
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