Com um ano marcado por níveis bastante razoáveis de pluviosidade, é natural que os rios condicionados por barragens estejam com regimes de débito elevado e muito regular, reduzindo assim de forma significativa o número de dias hábeis para a pesca desportiva da truta. Um desses rios é claramente o Lima, pois das vezes que por lá temos passado, raras são as ocasiões em que podemos efectivamente realizar um ou outro lançamento. Mesmo nessas alturas, estamos sempre na expectativa de ver quando é que a barragem de Touvedo volta a abrir a comporta.
Uma dessas alturas especiais ocorreu no final de Abril, num plano que tinha como primeiro alvo o rio Ázere, mas que rapidamente foi alterado quando, em plena viagem, reparei que o caudal do Lima estava em condições aceitáveis. Sem hesitar, dirigi-me a um local que bem conheço a montante de Ponte de Lima e peguei na cana de 2,7 metros, artilhada com 0,18 e uma amostra Tanger nº3.
Mal parei na margem, verifiquei que, apesar de me ter parecido baixo desde longe, o Lima estava com alguma força de corrente, sinal de que a comporta apenas tinha baixado e não estava totalmente aberta. Mesmo assim, resolvi começar a malhar na zona mais calma. Os lançamentos começaram a sair em poços que considero serem de primeira categoria. Inicialmente, não vi qualquer exemplar e só passado 20 minutos é que vejo uma pequena truta a fugir perto de mim. Atrás da amostra, nem sinal de trutas.
Bati um poço, passei ao segundo e já no final do segundo, notei que a força da água estava a aumentar e o caudal ia subindo ligeiramente. Antecipando uma situação complicada em 10 minutos ou menos, resolvi entrar numa zona com menor profundidade e leito de areia. Lançamento para outra margem e nada. Novo lançamento também para a outra margem, começo a recuperar e quando a amostra dobra para entrar na corrente, sinto uma prisão na linha e cravo com violência. A truta salta fora de água e entra na corrente. Deixo-a fazer a sua corrida na zona em que a corrente era mais forte e procuro encaminhá-la para um local mais calmo, junto da minha margem. Com insistência, o meu intento cumpre-se e quando noto uma quebra na força da truta, deito-lhe a mão. Uma linda truta do Lima com 31 centímetros. A primeira do ano!!
Mal termino a captura, a corrente começa a tornar-se insuportável. Ainda realizei mais dois ou três lançamentos por descargo de consciência, mas não valia a pena. A amostra vinha muito perto da superfície e as trutas estavam em zonas fora do alcance. Em poucos menos de 5 minutos, mudei logo de rumo e avancei para outro lugar.
No global, parece-me que o Lima vai continuar a ser um destino de pesca complicado até o nível das albufeiras baixar substancialmente. As trutas estão por lá, mas na maior parte do tempo, fora do alcance dos pescadores!!

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