Recentemente, o nosso grupo de pesca foi convidado para um almoço de lampreias em casa de um amigo, mesmo junto à Praia do Vimieiro no Rio Alva. Com saudades de esticar a linha no rio Alva, onde se fizeram boas pescarias no ano passado, resolvi alinhar, apesar de ter a noção clara de que o tempo passado com os pés debaixo da mesa seria muito superior ao que ia ser passado a calcorrear as margens do rio. Mesmo assim, e como resultado de alguma insistência junto dos meus companheiros, consegui chegar à margem do rio por volta das 9h30, o que me dava a possibilidade de pescar durante pelo menos duas horas.
O Alva estava irreconhecível relativamente às condições típicas do ano passado. Com chuvas intensas na semana anterior, a Barragem das Fronhas estava a despejar, e portanto tínhamos uma corrente forte a moderada, com uma cor castanha. As condições não eram más para a pesca, porque a profundidade do rio neste local, não é muito elevada e também porque o mesmo não estava fora das margens.
Atendendo às condições, resolvi meter o material de heavy spinning, apostando no fio 0,18 e na tanger nº3, tudo isto montado numa cana de 1,8 metros. Sem esperar muito, entrei para a margem esquerda e comecei a disparar os primeiros lançamentos junto ao muro do açude. A colher estava a trabalhar bem e era tudo uma questão de lançar para montante e depois ir controlando a deriva da colher. Primeiro, fiz recuperações mais apertadas, com a amostra a evoluir a meia água, e depois reduzi a velocidade de recuperação, deixando a colher tocar no fundo. Numa destas tentativas em modo lento, tive o primeiro toque de uma pequena truta que se conseguiu descravar de imediato. Ainda a consegui ver presa na colher, mas rapidamente desapareceu.
Com este tipo de estratégia, avancei passo a passo para montante. Lançamentos atrás de lançamentos e pouca resposta da parte das trutas. Aliás, passada a primeira hora sem qualquer novidade, comecei a duvidar que pudesse ter alguma sorte. Apesar das condições serem promissoras, havia algo que estava a falhar. Não sei se era a pressão de pesca, pois haviam algumas pegadas de dias anteriores, ou se seria simplesmente a falta de trutas. O que eu sei é que durante duas horas coei água, juntamente com os parceiros de pesca que me acompanhavam.
Já por volta do meio dia, e no regresso para o almoço, resolvi fazer dois ou três lançamentos em zonas mais encobertas e onde eu já tinha passado. Lançamento para a outra margem, começo a recuperar e quando a amostra entra na zona central, sinto uma ferradela e vejo uma boa truta a enrolar. Tento segurá-la, mas sem espaço junto à margem, ela arranca para jusante e mete-se por entre os ramos do meu lado. Foi coisa de 5 segundos. Depois fiz de tudo para a tentar tirar, mas sem resultado. Primeiro, a truta aproveitou os ramos para se descravar e depois, eu perdi a amostra porque ela ficou em zona inacessível. Era uma boa truta e tinha sido má sorte. Algo que o Dr. Manuel Pintalhão teve oportunidade de comprovar, pois viu a cena toda.
Já sem esperança nenhuma, desloquei-me 15 metros para jusante e repito o mesmo tipo de lançamento. Mal a amostra entra no centro da corrente, uma boa cravadela e a truta arranca para jusante. Também colocado numa zona má, tento segurá-la e ela enrola-se nos ramos. A diferença foi que eu tive o discernimento de me deslocar um pouco para jusante e colocar a truta numa zona com menor densidade de ramos. Lá a trabalhei até se cansar e quando notei que estava relativamente parada, lá a fui içando de forma lenta. Passados 30 segundos de tentativas e alguma ansiedade, consegui colocá-la na minha mão. Uma linda truta do Alva com 34 centímetros que safou a pescaria.
Com esta captura, e porque já estava atrasado, fechei a pescaria. Deu-me a impressão de que as trutas poderiam ter aumentado a actividade com o aumento da intensidade do sol sobre a água, porque tive duas boas picadelas quase seguidas, mas foi um facto que não consegui comprovar.
De qualquer forma, foi bom voltar ao Alva para matar saudades, apesar de não ter tido tempo para fazer uma pescaria a sério. A ver se até ao final da época ainda passo por lá …

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