Com as chuvas de Maio a desaparecer, resolvi desafiar o amigo Manuel Pintalhão para uma pescaria às trutas em duo no Rio Vade. Impressionado pela densidade de trutas na última visita ao Vade, achei que valia a pena passar pela chatice de tirar as licenças e ligar duas ou três vezes ao ICNF de Viana de Castelo. Assim, e depois de ter falado com alguém no ICNF de Viana que reservou os lotes em Ponte de Lima, aparecemos à porta deste local numa sexta de manhã para tirar as licenças para os lotes 1 e 2 que iam ser pescados em conjunto.
Depois da típica meia hora de pesca para tirarmos as licenças, começamos a fazer caminho até Ponte da Barca e fomos planeando a forma de atacar o rio. Iríamos pescar de jusante para montante, começando a faina na foz do rio Vade.
Chegamos ao local por volta das 10 horas da manhã. Céu encoberto e ameaça de alguma chuva. Rio com uma ligeira cor e uma corrente qb para trabalhar a a amostra. Resolvi selecionar uma combinação de Tanger e Mepps Aglia nº2 para os primeiros lançamentos, baixando posteriormente para Mepps Aglia nº2 e nº1 mais à frente. Depois dos preparativos da praxe, começamos a malhar na foz do Vade. Logo ali, tive um primeiro toque de uma truta que veio ver a amostra e sentiu o sabor do aço. Não gostou muito, pois não voltou à carga, apesar de mais 7 ou 8 lançamentos no local.
Acabada a parte da foz, sem qualquer novidade, passamos ao primeiro açude. Ali esperava ter uma primeira reacção positiva, mas nada!! Durante 10 a 15 minutos, batemos todos os cantos sem qualquer situação a reportar. Parecia impossível e cheguei mesmo a duvidar que estivesse no mesmo rio de há dois anos atrás. Só mesmo junto à ponte da nacional é que a situação mudou de figura e comecei a ver as primeiras, surgindo inevitávelmente a primeira captura. Uma truta de 16 centímetros que entrou numa colher já contra corrente, mas ainda perto do fundo. Entrou com tal força, que se cravou sozinha. Foi só levantar e libertar. A primeira do Vade para safar a grade!
Depois desta captura, voltei a coar água sem grande novidade. Parecia que as trutas se tinham evaporado. Via-se uma ou outra a mexer no fundo, mas muito longe do que era esperado. O amigo Manuel chegou mesmo a pensar que o Rio poderia estar poluído, mas não me pareceu.
Com este cenário, fomos avançando para montante, até que entramos numa zona com correntes e alguns poços perto de uma ponte romana. Logo ao ínício fiz uma trutita pequena em plena corrente e depois resolvi baixar a um zona íngreme à saída de um poço e de uma linha de água.
Foi a melhor decisão que tomei. Em 40 minutos sempre a malhar no mesmo sítio, tirei 9 trutas, mas tive mais de 30 toques. As trutas pareciam estar acardumadas e era impressionante o espectáculo de picadelas seguidas. Ainda me fugiu uma que levou tudo, mais por culpa da linha podre do que pela sua dimensão. No entanto, nada podia ser melhor do que aquela sequência de lançamentos e picadelas.
Terminada esta bonanza, tive que mudar de sítio e avancei para um açude de boa dimensão. Aí realizei um lançamento para debaixo das árvores e numa deriva lateral da colher, entra uma truta de bom tamanho. Levantei a cana e consegui cravá-la de imediato. Ela, entretanto, arrancou para jusante ainda levou um pouco de fio, pois estava com 0,12, mas sem grande novidade. Fui apertando o carreto e trazendo-a até a mim devagarinho e em poucos menos de 2 minutos, já estava do lado de cá. Uma linda truta de 28 centímetros do Vade para tirar a barriga de misérias.
Já com um bom conjunto de trutas capturadas, avançamos com algum descanso para o lote 2. Com calma, fizemos o lote em duas horas e ainda capturei mais 4 trutas, com duas a apresentar um tamanho razoável. Do lado do Dr. Manuel Pintalhão, ainda saíram duas trutas abaixo da medida.
Com o calor a entrar e a chuva a não aparecer, chegou-se ao final do lote 2. No global, a pescaria não foi muito má, mas eu sinceramente esperava mais do Vade, especialmente nas condições encontradas. Não se viram trutas de grande tamanho e parece-me que a densidade está bastante inferior à de anos anteriores. Se não fosse o poço crítico junto à ponte romana, a pescaria teria sido bastante fraca.
Perante isto, já náo voltarei ao Vade este ano, mas gostaria de saber o que se anda a fazer neste rio. Não sei se há problemas com a pressão de pesca ou se há outro factor a considerar, mas convinha ir monitorizando a saúde deste rio, porque de um momento para o outro podemos arriscar perder mais uma das jóias da coroa da pesca à truta em Portugal.
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