Pequenas trutas no Rio Minho

Pequenas trutas no Rio Minho

Depois de um ano de pesca relativamente fraco e com caudais bastante elevados até meados de Maio, não fazia muito sentido estar a visitar o Rio Minho à procura de boas trutas. A abertura foi adiada para o dia 1 de Abril e ainda por cima caiu em cima da abertura das barragens do Gerês, levando a que só os pescadores de barco pudessem desfrutar de uma pescaria razoável. Pelos vistos, as coisas correram bem e acho que não faltou o peixe no primeiro dia. Já nos dias seguintes, parece-me que a coisa voltou ao cenário de sempre.

Bem, num dia de início de Junho, depois de encontrar o Lima fora das margens, resolvi encaminhar-me para o Minho em Monção. Mais do que tirar peixe, o que eu queria era comprovar as condições da população piscícola, nomeadamente das trutas e, se possível, dos salmões e trutas mariscas. Mal cheguei, fiquei logo elucidado quando vi uns artistas de barco a fisgar lampreias à força toda e a bater bem devagarinho tudo o que era zona de desova. No início, era só um barco, mas de repente já eram 3 ou 4, todos ao mesmo … e um gajo da margem a olhar para aquela bandalheira e a pensar que miséria de país é este!!

Bem, depois de engolir em seco algumas vezes e de ter quase perdido a vontade de pescar, lá peguei no material de heavy spinning e resolvi fazer um troço de correntes de seixo com dois poços bastante promissores. Já por ali tinha passado a bandidagem dos barcos, mas podia ser que as trutas não tivessem muito assustados. Também depois de ter feito tantos kilómetros era um pouco irracional virar simplesmente as costas ao rio.

Via-se alguma actividade pontual à superfície e a corrente estava com força média. Ou seja, podia-se pescar sem grandes problemas. A colher lá foi trilhando as zonas que me pareceram mais promissoras e pontualmente sentia uma ligeira alteração de tensão na linha. Fui insistindo e passado meia hora, na sequência de um lançamento longo, cravo a primeira truta do dia. Um exemplar com 21 centímetros que devolvi rapidamente à água.

Depois desta captura, bati um poço, sem qualquer resultado, e avancei para uma zona com mais corrente. Lançamentos para montante a deixar vir com a corrente muito próximo do leito do rio e numa zona com uma pedra saliente tenho contacto novamente. Uma truta de 17 centímetros que foi cravada pela barriga, dando um luta superior ao o que seu tamanho permitia.

Truta 17 cm Rio Minho Junho 2016

Depois de mais esta captura, continuei a malhar para montante. Ainda encontrei um velhote que tinha tirado duas savelhas, mas disse-me que este ano a coisa estava fraca. Quando lhe perguntei pelos salmões e pelas mariscas, riu-se e apontou para os barcos que continuavam a rapinar. Ficou logo tudo dito!!

Nos quinhentos metros que ainda me faltavam pescar, tirei mais 5 trutas, todas elas de pequeno tamanho. Não se via nenhum peixe de tamanho decente. Apenas trutas pequenas, que pelo aspecto deviam ter sido o resultado de alguns repovoamentos realizados do lado de Espanha. Assim, e sem nada para animar, resolvi acabar com a pescaria por volta do meio dia.

Não fiquei muito animado com o Minho. Apesar da abundância de trutas pequenas, não acredito que as coisas tenham melhorado substancialmente relativamente ao ano passado. Enquanto, não se tomar medidas a sério contra o desbaste que se anda fazer de barco ou com artes ilegais, os repovoamentos e as proibições são apenas uma gota no oceano.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.