4 trutas em correntes quase sem água …

4 trutas em correntes quase sem água …




Depois de uma primeira passagem pelo Mondego durante a época da Agosto, a minha ideia não era voltar a pescar este rio durante a temporada. No entanto, a alteração dramática das condições atmosféricas com o aparecimento súbito de uma trovoada no interior, levou a que eu mudasse ideias e resolvesse avançar para mais uma jornada no Mondego. Para evitar voltar a bater a mesma zona, resolvi escolher um troço mais a jusante, com alguns poços de boas dimensões e de maior dificuldade de evolução ao longo da minha margem.

Por várias contingências, cheguei ao local de pesca pelas 9 horas e resolvi optar por uma linha 0,18 e por uma Mepps Aglia nº2. O meu objectivo principal eram as trutas de bom tamanho e queria pescar em zonas onde também havia locais com muito pouca profundidade. Interessava-me portanto uma amostra que não afundasse tão facilmente e que maximizasse as vibrações em zonas de pouca profundidade, mesmo estando a pescar com 0,18.

Os primeiros lançamentos saíram em zonas de boa profundidade, onde existiam poços de boa dimensão. Pesquei intensivamente estes locais, mas nem sinal de truta. Entrei mesmo em locais cheios de silvas e de difícil acesso e as trutas pareciam não existir. Apenas vislumbrei dois cardumes de peixe de pequeno: um de bogas e outro de bordalos. Com a trovoada a ouvir-se ao longe e o vento a intensificar-se, parecia surreal não se ver qualquer movimentação de peixe.

Perante isto, e sem perspectivas de alteração de cenário, resolvi avançar mais para jusante, à procura de uma zona com menor profundidade, mas de acesso ainda mais difícil. Durante uma hora, cobri três poços de boas dimensões, com as respectivas entradas e saídas Nem sinal de truta. Parecia bruxedo!!

Já com o ânimo em baixo, cheguei à cabeça de um poço, onde existia uma leve corrente de muito pouca profundidade. Não parecia que tivesse caudal suficiente para ter uma truta de tamanho pequeno. Lancei e mal, a amostra começou a rodar, sinto um toque e vejo vários sulcos a correr pela superfície da água. Ao mesmo tempo, a amostra salta fora de água e vejo uma grande agitação da água!! Impressionante!!

Voltei a lançar para o mesmo lugar, e mais um toque, com mais um sulco a avançar para jusante. Passa por mim! Aguço os olhos e vejo uma truta de 30 centímetros a cerca de 2 metros dos meus pés, já picada e com destino para jusante.

Com esta primeira resposta positiva, achei por bem apostar nas correntes de pouca profundidade para montante. Logo na primeira, lanço para montante, começo a recuperar e mal a amostra começa a rodar, cravo uma truta, que salta de imediato fora de água e cai em cima das pedras. Foi só tirar foto e libertar! Uma linda truta de 23 centímetros numa zona que me parece totalmente improvável.

Truta 23 cm Rio Mondego corrente Agosto 2016

Corrente seguinte com menor profundidade ainda. Outro lançamento para montante, a amostra começa a rodar e outra truta entra com violência. Tive oportunidade de ver o sulco e depois foi só cravar no ponto de encontro da truta com a amostra. A truta arrancou para jusante, mas de nada lhe valeu. Apenas se aproximou dos meus pés e facilitou a captura. Em poucos segundos, estava outra truta de 25 centímetros nas minhas mãos.

Truta 25 cm Rio Mondego corrente Agosto 2016

Com mais 50 metros de corrente até ao muro do próximo açude, tive oportunidade de tirar mais duas trutas com cerca de 20 centímetros e de ter mais 4 ou 5 toques. Tudo em zonas onde a colher mal conseguia rodar. Era impressionante como é que as trutas estavam todas em correntes quase sem água, e as que lá estavam mordiam com uma força brutal. Não havia colher que passasse indiferente, porque o espaço era demasiado reduzido.

Enfim, este golpe de sorte permitiu 20 minutos de pesca de primeira qualidade com 4 capturas. O problema foi que isto só durou até ao açude seguinte. A partir desse ponto para montante, voltei a trilhar a miséria. Nem toque e nem sinal de truta!!

No global, fiquei relativamente satisfeito com esta pescaria. A trovoada não proporcionou o resultado esperado, mas permitiu 20 minutos de pesca de alta qualidade com clara visualização dos ataques e movimentações das trutas dentro de água. Um excelente espectáculo que tão cedo não esquecerei …

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.