Rescaldo da temporada geral 2016

Rescaldo da temporada geral 2016


Mais uma vez chegados a meados de Agosto, e como de costume está na altura de fazer o balanço a mais uma temporada geral de pesca à truta que terminou a 31 de Agosto de 2016.

Este ano, a pesca à truta começou bastante mal do ponto de vista legislativo com a saída de uma nova lei no início do ano que nada veio trazer de novo em termos essenciais, mas que acabou por gerar a confusão total por não ter sido acompanhada pelas respectivas portarias. Assim, acabamos por assistir à infeliz acção de vários agentes da autoridade que, com níveis de formação e informação inferior ao comum dos pescadores, acabaram por causar vários aborrecimentos, ditando à força e de forma prepotente a proibição da pesca em determinadas zonas. Isto acabou por ser especialmente gravoso nalgumas concessões de pesca, onde muitos pescadores pagaram para não pescar!! Noutros casos, pescadores estrangeiros foram privados do seu direito à pesca, tendo efectuado gastos em deslocações e alojamento para nada. Certamente que ficaram com uma óptima imagem do nosso País!! Tudo isto, porque os Senhores Agentes da Autoridade não sabem que até à entrada em vigor das novas portarias, mantêm-se em vigor as portarias antigas!

Neste momento, e depois destes episódios tristes, surgiu mais uma erupção de incompetência, desta vez das entidades reguladoras. O prazo proposto para a entrada em vigor das novas portarias já há muito que foi ultrapassado e não existe qualquer fumo branco da parte do ICNF/Governo. Aliás, basta consultar o site do ICNF para ver que continua com um processo de actualização de legislação que vem desde o início do ano. Neste período, não houve sequer mais nenhum despacho para criação ou renovação de concessões, datando o último despacho de 15 de Janeiro! Uma situação verdadeiramente ridícula e que se não fosse triste demais, só dava mesmo para rir!

Enfim, misérias à parte e depois de um início de temporada atribulado para alguns, foi notório o bom comportamento dos rios e das trutas este ano. Com caudais elevados, conseguiram-se grandes pescarias e alguns troféus de primeira linha, tendo-me sido reportados vários exemplares acima de três kilos capturados na zona centro do País. Mesmo em zonas que no ano passado tiveram uma performance abaixo da média, foi notório um regresso das trutas e das capturas. Uma situação que se manteve até quase a meados de Julho e que permitiu boas pescarias em final de temporada.

Truta-27-cm-Rio-Alva-Abril-2015

Assim, chegados a Agosto e com a temporada finalizada, era de esperar que as trutas tivessem tempo para recuperar e que se começassem a criar condições para uma próxima temporada de bom nível. No entanto, eis que surgem em força os incêndios, sobretudo na zona Norte e Centro, para estragar as nossas contas e mais uma vez pôr em causa aquilo que parecia ser uma significativa melhoria da nossa população truteira.

Neste momento, e com incêndios de larga escala a consumirem grandes superfícies e a serem apagados no limite do esforço, não é de esperar que os rios saiam ilesos. A quantidade de cinzas e produtos químicos que entretanto vão ser acumulados nas terras vão trilhar o seu caminho até às linhas de água, mais tarde ou mais cedo. Algo que vai ser evidente com as primeiras chuvas de Setembro ou Outubro. Se as chuvas vierem bastante fortes, os efeitos podem ser atenuados, no entanto se as chuvas forem fracas e graduais, as trutas vão estar expostas a estes poluentes durante mais tempo, portanto aumenta a sua probabilidade de mortalidade.

Apesar de todo este cenário, resta a esperança de que algum milagre venha trazer alma renovada à nossa paixão. Desde a vertente legislativa até à própria vertente natural, muito pode acontecer até 1 de Março do próximo ano. Esperemos que sejam só coisas boas 🙂 🙂

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.