Posto Aquícola do Torno

Posto Aquícola do Torno

Recentemente, tivemos a oportunidade de visitar o posto aquícola do Torno que se dedica exclusivamente à produção de trutas comuns e arco-íris, destinadas à indústria ou ao repovoamento dos rios. Este posto que começou a dedicar-se à produção de trutas em 1945, está localizado no rio Torno, também chamado de ribeira da Ramalhosa, e aproveita uma curvatura natural deste curso de água para a produção de trutas. O posto dispõe de 7 tanques de reprodução, de uma sala de incubação, 4 tanques de alevinagem e 4 tanques de engorda.

Em termos de infra-estruturas, o posto parece-nos estar na dimensão correcta, atendendo às limitações de espaço existentes no local onde se encontra instalado. A estratégia de produção incide sobretudo sobre ovos e alevins, nomeadamente para os repovoamentos. A produção de exemplares de tamanho mínimo já é mais rara e obriga a condições e custos que muitas vezes não são rentáveis. Ao nível da produção de exemplares de tamanho médio e grande, verifica-se que o posto não tem condições para apostar nesta vertente, não dispondo sequer de uma zona de desmame.

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No que diz respeito a instalações, verifica-se que a grande maioria está em condições bastante más e necessita de intervenção urgente. À excepção da sala de desova, todas as outras instalações têm problemas de humidade e entraram já num nível elevado de deterioração.

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Quanto à utilização deste posto, verifica-se que o mesmo tem como objectivo quase único a produção de trutas. As vertentes turística e educativa não são devidamente trabalhadas, muito por falta de condições, mas sobretudo por falta de investimento nestas vertentes, pois não existe sinalética apropriada e faltam imensos elementos interpretativos que poderiam transformar a visita a este posto numa experiência enriquecedora. Atendendo, à localização privilegiada deste posto em termos de paisagem e enquadramento natural, penso que valeria a pena fazer este investimento.

Finalmente, e no que diz respeito a repovoamentos, o posto funciona em duas vertentes: serviço para águas livres e para as concessões. No último caso, os repovoamentos são pagos e no primeiro são gratuitos. Como devem imaginar, a realização dos repovoamentos é hierarquizada em função da existência ou não de pagamento e depois em função dos pedidos. Assim, os pedidos para repovoamento em águas livres são submetidos a um maior nível de escrutínio e são objecto de aplicação de um método do rateio, com os números de trutas introduzidos a serem sempre inferiores aos pedidos. Os repovoamentos são realizados sobretudo com ovos e alevins para reduzir os problemas de adaptação ao ambiente natural do espécimes a introduzir.

Depois de termos analisado bem a dinâmica do posto, ficamos com a sensação de que esta infra-estrutura está muito aquém das necessidades de repovoamento do Norte do país. A predominância da vertente comercial e a grande ocupação de tanques pela produção de arco-íris, reduz severamente o potencial que esta infra-estrutura tem para conseguir dar resposta às necessidades dos cursos e massas de água. Só mesmo as águas relativamente próximas do posto é que conseguem ser mantidas com a produção que dele vem.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.