No passado dia 19 de Março, realizou-se mais uma abertura da pesca à truta no Rio Minho. Todos os anos esta é uma data muito aguardada pelos pescadores de trutas que frequentam as margens deste grande rio e este ano não foi excepção, especialmente porque o dia 19 calhou em pleno Domingo. Como tal, a azáfama para ser o mais rápido a chegar aos melhores locais foi notória e alguns personagens que nós bem conhecemos, e que não é necessário identificar, começaram a malhar muito antes de se poder ver!!
No meu caso, as coisas correram de forma contrária, pois eu e o Bruno resolvemos ir na descontra e quando demos por ela, já era demasiado tarde para fazer o caminho até Melgaço, e portanto resolvemos atacar um canto perto da foz do Gadanha. Quando chegamos, já estava um carro parado junto da margem, mas de qualquer maneira fizemos o nosso caminho até ao rio e começamos a malhar.
A manhã estava fria e o rio apresentava um caudal moderado, indiciando que a comporta espanhola estaria um pouco entreaberta. Com canas superiores a 2,75 metros e fios com resistência superiores a 5 kg, começamos a malhar com iscos pesados: tangers de 12 gramas, powertails de 12 gramas e também Black Minnows em zonas mais paradas. Desde logo, a primeira coisa que chamou a minha atenção, foram as margens calcadas e limpas pelos pés dos pescadores mesmo em zonas de difícil acesso. Depois, também fiquei surpreendido pela falta de actividade das trutas, dentro e fora de água. Tive que me esfarrapar e mudar para um powertail para conseguir tirar duas trutas pequenas sem a medida durante as primeiras duas horas de pesca (fotos abaixo).
Depois destas capturas que foram rapidamente devolvidas à água, resolvi que era altura de mudar. O Bruno não tinha tirado nada e as dezenas de pescadores que vi a passar nas proximidades também nada tinham feito. Eu pelo menos tinha conseguido safar a grade e portanto, já não estava muito mal.
Pensando em várias opções disponíveis, resolvemos rumar a Monção, à zona das termas. O Torres e o Tiago andavam para Melgaço e já tinham tirado umas trutitas, mas não nos pareceu que valesse a pena entrar na corrida (modo típico de pesca do Torres), pois o que nós queríamos era pescar nas calmas. Assim, paragem nas termas de Monção e toca a malhar. Alguns bons toques no minnow sem cravar, muito pessoal à pesca, alguns a tirar trutas e o Bruno faz um brilharete ao tirar uma boa truta de 36 centímetros numa zona com pouca água e difícil movimentação da colher.
Como não podia deixar de ser, a presença de barcos era constante na zona de Monção e depois de termos visto vários a passar e muitos pescadores a chegar e a sair, resolvemos rumar a uma zona mais calma, perto da foz do Mouro.
Mal chegamos, verificamos que não faltava concorrência. Dois carros parados na margem. Preparamos o material e fizemos caminho até ao rio. Boas correntes e zonas profundas, mas nem sinal de trutas num primeiro momento. Infelizmente, já não éramos os primeiros a passar e não faltavam sinais de pegadas. Sem desanimar, fomos trilhando terreno até chegar a uma boa sequência de poços e correntes. Nesse local, eu e o Bruno tiramos duas trutas cada um. A maior que eu tirei tinha 26 centímetros e tinha umas pintas pretas de grande qualidade.
O Bruno ainda viu uma truta com mais de 50 centímetros a tentar a minha colher, mas arrependeu-se a meio. Já muito perto do final do troço, ouvimos um barulho de motor de rega e o Bruno pára à minha frente. Olho e vejo dois indivíduos a deitar pedras e areia para uma peneira artesanal que pelos vistos servia para a exploração de minério. Pergunto-lhes se eles andavam ao ouro e eles disseram que sim e que dava alguma coisa!! Enfim, fiquei a olhar para eles!! Engenho não lhes faltava!! Ainda pensei em continuar a conversa, mas o barulho da máquina era ensurdecedor. Lá fui comentando com o Bruno que aquilo é que era pesca … Apesar de quase de certeza ser tudo completamente ilegal, ao menos era um tipo de actividade onde se podia retirar algum lucro ao final do dia, ao contrário do que nós andávamos a fazer! Pesca à truta no Minho da margem é prejuízo certo 🙂 🙂
Enfim, com esta peripécia, a pesca praticamente acabou. Ainda batemos mais dois ou três locais, mas sem resultado. À semelhança de anos anteriores, a abertura do Minho ficou marcada por muito furtivismo e condições difíceis da margem. As trutas não eram muitas e as condições não eram as melhores, por vários motivos, incluindo, segundo a maioria das pessoas, a falta de água. Creio que para termos uma abertura digna desse nome no Minho é necessário alterar muito do que se anda a fazer neste rio.
Como nota final, a referir que em conversa com o dono de uma pesqueira, fiquei a saber que no ano passado esse indivíduo tinha tirado dois salmões com peso superior a 10 kilos e que os dois renderam quase 1000 euros em Espanha. Sem comentários … Podiam ter rendido muito mais com pesca desportiva turística devidamente ordenada em Portugal …
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