Já entrado em Julho e com o tempo a aquecer e muito mosquitada no ar, começou a surgir a necessidade de fazer uma ultima visita às trutas do Coura, e sobretudo aos bons exemplares que se congregam em zonas muito específicas. Assim, e aproveitando a manhã de um dia quente, resolvi arrancar para uma zona bem coberta de vegetação, onde eu sei que se escondem alguns bons exemplares de trutas do Coura. A mistura de profundidade com cobertura vegetal é quase sempre sinónimo de água mais fresca e também de uma maior concentração de alimento.
Cheguei ao local previsto eram 7 horas da manhã. Material preparado, cana armadilhada e um Black Minnow como isco para testar as águas. O sol ainda não se fazia sentir com intensidade e apenas havia sombra. Nas margens, nem sinal de passagem de pescadores nos últimos tempos. Um bom presságio, a indicar que as trutas estariam relativamente relaxadas. O único senão era a forte concentração de folhas e outros resíduos vegetais à superfície que reduziam a eficácia dos lançamentos e sobretudo da apresentação do isco às trutas mais desconfiadas.
Já com tudo em ordem, comecei a disparar os primeiros lançamentos e a realizar recuperações lentas, tentando aproveitar ao máximo as capacidades natatórias do minnow. Logo num dos primeiros lançamentos, tenho um toque muito ligeiro com a amostra a chegar à margem. Não tive a noção clara se era truta, mas pareceu-me ser peixe que realizou uma investida muito cautelosa.
Com este primeiro sinal animador, fui insistindo e tentando desviar ao máximo a recuperação da linha de alguns detritos. Durante cerca de 20 minutos, não tive qualquer novidade, até que cheguei a uma zona mais elevada e muito encoberta com silvas e mato. Lançamento para a outra margem, descei afundar e comecei a recuperar lentamente. A amostra desce a meia água e de repente sinto uma pressão na linha e cravo automaticamente. Do outro lado, tenho resposta à medida com uma truta bastante ágil a arrancar rapidamente para jusante e a colocar-se numa situação muito difícil. Respondi com um aumento rápido de tracção no sentido contrário, tentando evitar que ela comprometesse a linha numa série de ramos pendentes sobre a água. Ela sentindo isto, começou a saltar fora de água e eu temi que se soltasse. Felizmente, o triplo estava bem cravado e com alguma calma consegui encostá-la à vegetação da margem. Deixei-a cansar um pouco mais e quando senti que já estava no ponto, deitei-lhe a mão. Uma linda truta do Coura com 33 centímetros!!
Já com a captura do lado de cá e com suspeitas de que a coisa poderia não ficar por ali, dei um jeito à amostra e toca a lançar para o mesmo local. Um lançamento, dois lançamentos e ao terceiro, toque e perda de tensão na linha. Cravo com força e do outro lado vejo uma boa truta a saltar fora de água. Um espectáculo inesquecível!! Ela arranca direita à margem e eu sem espaço para trabalhar, vejo-me mais uma vez obrigado a levar o fio ao limite. Lá a consegui segurar e fui tentando evitar que se metesse nos ramos. Deu a luta dela, e voltou a arrancar para o centro do rio. Entretanto, aproveitando a acalmia, saquei do camaroeiro e pus-me em posição. Devido à cobertura vegetal e à altura da margem, a situação ia estar complicada. Lá fui tentando o meu máximo e depois de me picar bem nas silvas, consegui meter a truta dentro da rede à quinta passagem. Uma linda truta bem alimentada de 40 centímetros!! Um lindo exemplar de grande categoria que deu uma boa luta!!
Depois desta captura, o dia estava ganho. Eu ainda fui tentando bater o resto do troço em questão, mas o sol começou a entrar e a actividade das trutas foi diminuindo de forma gradual. Era notória a redução de actividade à superfície e também no que tocava à evolução das amostras dentro de água. Ainda senti um ligeiro toque na ponta final do troço, mas não consegui avaliar o que era.
Assim, e sem grande novidades nas duas horas seguintes, terminei este troço com a sensação de dever cumprido. O objectivo era tirar algumas boas trutas e para mim isso tinha sido realizado na total plenitude. Agora havia que as deixar descansar e tratar de ir visitar outro local. Possivelmente, só voltarei a este sítio no próximo ano … e certamente com mais bons exemplares …
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