Mortandade de peixes no Ceira.

Mortandade de peixes no Ceira.

Depois dos terríveis incêndios que fustigaram a região centro e que a transformaram num autêntico inferno, surgem agora os efeitos colaterais com as primeiras chuvas e que se devem manter nos próximos tempos. A limpeza e arrastamento de cinzas é um dos aspectos mais dramáticos a este nível, com milhares de peixes a aparecerem mortos em zonas muito concretas da nossa geografia. O alto nível de toxicidade introduzido pela forte concentração de cinzas nos cursos de água tem resultados dramáticos sobre as populações piscícolas e pode levar a quebras brutais das densidades nos troços específicos que são mais afectados. Os seus efeitos são tão maus e impregnam-se de tal maneira nas margens e leito do rio que muitas vezes são necessários vários anos para conseguir recuperar minimamente as zonas afectadas.

A notícia mais recente a que tivemos acesso sobre uma situação deste tipo ocorreu no rio Ceira (rios truteiro muito conhecido pela sua grande densidade de boas trutas) e teve como consequência a morte imediata de cerca de meia tonelada de peixe que se encontrava em putrefacção pelas margens (isto relativamente ao peixe que foi retirado pelas autoridades). É natural que os efeitos tenham sido muito piores, uma vez que o parte significativa do peixe pode ser arrastada para uma zona de difícil acesso ou entrar noutro curso de água.

Para terem uma ideia mais concreta sobre o que se passou, segue notícia do Diário de Coimbra abaixo:


De qualquer forma, esta é uma notícia preocupante e que nos faz pensar sobre o futuro dos nossos recursos piscícolas nas zonas fustigadas pelos incêndios deste verão. Sem uma política de acompanhamento e monitorização apertada aliada a várias sessões de limpeza de leitos e margens acompanhadas por repovoamentos cirúrgicos, vai ser difícil pensar sequer em pescar em algumas das zonas mais afectadas. Não acredito que esta seja a prioridade da maioria das autoridades que estão neste momento no terreno, mas deveria ser claramente a prioridade do ICNF que continuamente tem vindo a deixar os recursos piscícolas para segundo plano.

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Informação sobre o autor

Pescador de trutas desde os 18 anos. Tem uma forte dedicação ao spinning com colher e peixes artificiais, tendo pescado em Portugal, Espanha e no Reino Unido. Actualmente, pesca sobretudo na zona do Minho, Gerês e Centro do país.